Quero valer-me dessa agenda profana,
a fim de evocar a figura de um amigo
que em seus passos se fez meu irmão, meu abrigo,
desenvolvendo em mim a indispensável sensibilidade humana.
Forjou-me o caráter, temperando meus melhores sentimentos.
Esse amigo ensinou-me em todo tempo a ser nobre, verdadeiro,
a ser benigno com o próximo, amando a Deus primeiro,
acima de tudo, de modo a tornar-me sempre útil, de maneira a ser feliz.
Levou-me a dar valor às coisas realmente valorosas,
a relegar os vícios, quaisquer que eles sejam,
como a nunca ajustar-me à loucura, à torpeza,
mantendo sempre a luz de que careço
na assimilação dos ensinos do Evangelho,
cheios de intensa beleza.
Esse amigo tão caro ensinou-me a desenvolver o mais alto fervor,
a respeitar a vida e a enaltecer o amor.
Com ele, então, aprendi a ser adulto,
a prezar boa leitura, o estudo, o livro, e a tornar-me mais culto.
Demonstrou, p’ra que eu visse, o cuidado com as plantas,
o trato simples com os animais,
e a fidelidade aos amigos como virtudes santas.
Esse amigo abençoado a quem tanta vida devo,
é que me impulsionou à ação na qual me atrevo:
trabalhar com disposição por um tempo melhor,
renunciando às vantagens que aos outros prejudiquem.
Esse homem que prezo, que amo muito, realmente,
muda a vida do lar, muda a vida da gente,
e por ele oro, então, afervorado.
Peço a Deus que permita esteja sempre ao meu lado
a ensinar-me, sem termo, na senda aonde ele vai,
cheia de luz, de calor, de verdade e de fé.
Que figura de escol! Esse homem é o meu pai.
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