A pedra no caminho

Era uma vez um rei. Um rei, um castelo, uma coroa e um bobo da corte. E existia também um reino, um povo e tudo mais que tem nessas histórias de rei.

Bobo
Atenção! A todos os reais súditos, Vossa Real Majestade, magnânimo, magnífico... o rei!

E o rei entrava com toda aquela pompa. E todos se curvavam diante dele em sinal de respeito, pois o rei era um homem muito bom e sábio.

Bobo
É...nosso rei é um rei muito sábio. Ele não poupa esforços para ensinar bons hábitos a seu povo.

Freqüentemente, o rei, fazia coisas que pareciam estranhas e inúteis.

Bobo
Mas tudo que ele faz é para ensinar o povo a ser trabalhador e cauteloso.

Rei
Nada de bom pode vir a uma nação, cujo povo reclama e espera que outros resolvam seus problemas.

Uma noite, enquanto todos dormiam, o rei pôs uma enorme pedra na estrada que passava pelo palácio. O rei, com a ajuda do seu conselheiro é claro.

Rei
Aquela. Não, aquela é maior. Temos que fazer isso rápido antes que alguém nos veja.

Bobo
Tá bom, tá bom. Só não entendo porque temos que colocar essa pedra no meio do caminho.

Depois que colocaram a pedra, foram se esconder atrás de uma cerca e esperaram para ver o que acontecia.

Bobo
Mas Vossa Majestade, com todo respeito é claro, à vossa real figura, vossa sapiência não acha que alguém pode tropeçar nessa pedra enorme no caminho?

Rei
Psiu!! Silêncio, tem alguém vindo aí.

Primeiro veio um fazendeiro com uma carroça carregada de sementes que levava para moagem na usina.

Fazendeiro
Quem já viu tamanho descuido! Por que esses preguiçosos não mandam tirar essa pedra da estrada?

E continuou reclamando da inutilidade dos outros, mas sem ao menos tocar ele mesmo na pedra. Logo depois, um jovem soldado veio pela estrada. Ele pensava na maravilhosa coragem que mostraria na guerra. O soldado não viu a pedra e se estatelou no chão poeirento.

Soldado
Minha roupa. Está toda imunda. Porcaria. Eu, um soldado real, todo emporcalhado. Culpa dessa pedra maldita. Quem foi que deixou essa pedra no caminho? Ora, eu poderia ter me machucado.

Então, ele também se afastou, sem pensar uma única vez que ele próprio poderia retirar a pedra. Assim correu o dia. Todos que por ali passavam... Reclamavam e resmungavam pedra colocada no caminho. Finalmente, ao cair da noite, a filha do moleiro por lá passou. Estava cansada, pois desde cedo andava ocupada no moinho. Mas disse a si mesma:

Filha do moleiro
Já está quase escurecendo. Alguém pode tropeçar nesta pedra e se machucar. Vou tirá-la do caminho.

E tentou arrastar dali a pedra. Era muito pesada, mas a moça empurrou e empurrou. E puxou e inclinou, até que conseguiu tirar do lugar. Para sua surpresa, encontrou uma caixa debaixo da pedra. Ergueu a caixa. Era pesada, pois estava cheia de alguma coisa. Havia na tampa os seguintes dizeres: “Esta caixa pertence a quem retirar a pedra”. Ela abriu a caixa e descobriu que estava cheia de ouro.

Filha do moleiro
Ouro?!

A filha do moleiro foi para casa com o coração feliz. Atrás da cerca, o bobo da corte, ainda boquiaberto, mas conformado dizia:

Bobo
Ah! Agora eu entendi aquela caixa que Vossa Realeza pediu para eu colocar debaixo da pedra. E o pessoal que reclamava da pedra... O senhor, hein, Vossa Majestade!? Não dá ponto sem nó.

Rei
É, meu amigo... Muitas vezes encontramos pedras no caminho, podemos sentar e reclamar, mas se retirarmos as pedras e olharmos bem de pertinho, poderemos encontrar ali um grande tesouro.

Então, o sábio rei, montou em seu cavalo e, na companhia do seu real e leal bobo da corte, voltaram para o castelo.

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© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014