O burro de carga

Era uma vez um burro de carga que vivia na cocheira de um famoso palácio real.

Cavalo Árabe: Ora! Veja só se pode uma coisa dessas. Eu, que já ganhei vários prêmios, um velocista da melhor estirpe, qui, dividindo a mesma cocheira com esse burro. Olhe só para ele! Cheio de cicatrizes no lombo. E esse pêlo maltratado. Mas que triste sina a sua hein? Não tem inveja da minha posição?

E o burro ficava quietinho no seu canto, nem resmungava.

Potro inglês: Pudera! Como conseguirá um burro entender o brilho das apostas e o gosto da caça?

Cavalo alemão: Há dez anos vi esse burro sendo amansado por um homem muito rude. Esse miserável é tão covarde que nem reagia, nem mesmo com um coice. Nasceu só para cargas e pancadas. É vergonhoso suportar-lhe a companhia.

Jumento espanhol: Lastimo que esse burro seja um parente próximo...É um animal fraco e inútil. Não sabe reagir aos insultos. Obedece a tudo que lhe mandam fazer. Que vergonha!

Mas, um dia, na cocheira do famoso palácio real, o Rei, na companhia do chefe das cavalariças apareceu e falou...

Rei: Preciso de um animal para um serviço de grande responsabilidade. Que seja dócil, educado e que mereça absoluta confiança...

Chefe das cavalariças: Temos esse belo Cavalo Árabe.

Rei: Não, não. É muito altivo e só serve para corridas em festejos oficiais sem maior importância.

Chefe das cavalariças: Não quer o potro inglês?

Rei: De modo algum? É muito irrequieto e não vai além das extravagâncias da caça.

Chefe das cavalariças: E o Alemão??

Rei: Não, não. É muito bravo, sem qualquer educação. É apenas um pastor de rebanhos.

Chefe das cavalariças: Já sei, então, vossa majestade. O Jumento Espanhol.

Rei: De maneira nenhuma. É manhoso e não merece confiança.

Depois de alguns instantes pensando o soberano perguntou.

Rei: Onde está o meu Burro de Carga?

Para decepção de todos, o próprio Rei puxou carinhosamente o Burro de Carga. Mandou que lhe colocassem as mais belas mantas com o brasão do Reino e confiou a ele o filho, ainda criança, para longa viagem.

 



Baseado no livro Alvorada Cristã, do Espírito Neio Lúcio, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.

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© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014