Necessidade de estudo

Através da pergunta 780 d’ “O livro dos Espíritos”, o esclarecido Codificador da Doutrina Espírita interrogou os Embaixadores Divinos:

“O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?”

E as Vozes Celestiais responderam:

“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.”

O ínclito pesquisador das Verdades Eternas voltou a interrogar:

a) ”Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?”

A resposta foi clara:

“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”

Depreende-se que o Espiritismo, ao inverso das outras Doutrinas, cultiva o estudo, favorecendo o discernimento com largueza de vistas em relação aos problemas intrincados da alma encarnada.

Anteriormente as religiões majoritárias prescreviam diretrizes salvacionistas de fácil acondicionamento, que facultavam aos crentes o ingresso no Paraíso com a humilde contribuição de alguma penitência embora nem sempre de caráter legítimo.

Arquitetaram um Céu como um Inferno indefiníveis nas suas expressões reais, padronizando as leis eternas e imutáveis por meio de decretos ousados, longe da ética cristã e da razão.

“O Sacerdote disse”, e simplificavam-se os destinos imortais que se emparedavam em cânones estreitos e atentatórios à dignidade da vida.

Mais tarde a Ciência, libertando-se dos freios dogmáticos, criou também o seu “O mestre disse” sem qualquer expressão científica.

À Doutrina Espírita coube, porém, o indeclinável dever de penetrar em todos os ramos do Conhecimento para interpretar os enigmas da vida espiritual elucidando os graves conflitos da psiquê humana.

“O homem é o que pensa” – eis a nova fórmula. Nem o que demonstra nem o que dele se pensa.

A vida íntima, a de natureza mental, significa o ser no seu estado real.

Esclarecido, disciplina-se e, disciplinado, dignifica-se.

Por isso, “o progresso completo constitui o objetivo”,  como também afirmaram os Espíritos, porquanto são os atos que definem o caráter, oferecendo a contribuição para o mérito ou desmerecimento do indivíduo.

“Em sua origem, esclarece o Espírito de Lázaro, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos.”

Todavia, para que o espírito se liberte dos instintos, faz-se mister freiá-los, e para que se desprenda das sensações é indispensável que se esclareça.

Não se acredite, porém, que a evolução seja um impositivo da intelectualidade apenas. Se assim fosse, aqueles que se demoram distantes dos centros de cultura e estivessem limitados nos recursos financeiros e sociais, dificilmente poderiam atingir o estado de libertação desejada.

Temos o exemplo, a se repetir em mil fatos, de que o progresso moral não depende exclusivamente do progresso intelectual. No entanto, mesmo quando o Espírito se reencarna limitado num quadro de valores subalternos e progride, traz em si mesmo, em gérmen, os fatores intelectuais que constituem elementos essenciais à superação dos impositivos materiais.

Jesus escolheu homens rudes e ignorantes, não, entretanto, espíritos ignorantes e rudes.

O Espírito, sabemos, é o ser.

Nele estão os elementos eternos que mantêm o transitório equilíbrio da organização celular.

Desenvolver as possibilidades intelectuais, iluminando a mente e libertando o coração, eis os objetivos da reencarnação para lobrigar o êxito a que se propõe.

Não se pode, portanto, em matéria de fé, desdenhar os conhecimentos científicos nem as lições filosóficas, como se proviessem de mentes satânicas em competições de aniquilamento.

A paz depende sobretudo da razão.

Quando a razão se ilumina o coração se eleva, santificando os impulsos e revigorando os sentimentos, o bem e o mal perdem o aspecto dualista para surgirem na feição do Eterno Bem, presente ou ausente.

Todas as coisas, mesmo as lamentáveis, não raro apresentam a “boa parte”, ensejando, quando lastimáveis, lições e convites à vigilância e ao equilíbrio.

Por isso mesmo crê mais aquele que compreende e não o que vê, ouve, ou que simplesmente foi  informado.

A auto-iluminação é filha do esclarecimento intelectual.

O convite ao estudo, em Espiritismo, não pode, desse modo, ser desconsiderado.

Elaboremos programas para todos os momentos da vida e reservemos ao estudo um tempo necessário à manutenção ativa da nossa elaboração espiritual que edifique e felicite.

Penetremos a mente nas linhas da cultura e do esclarecimento e, ligados às exigências do Decálogo, inderrocável, sigamos a trilha do amor, nas bases em que o postulou e viveu Jesus Cristo, continuando firmes e resolutos até o Fim dos Tempos, rompendo as cidades de luz da nossa glorificação imortal, nas densas trevas morais da atualidade.




Lins de Vasconcellos
Mensagem extraída da obra Crestomatia da Imortalidade,
psicografia de Divaldo Pereira Franco.

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© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014