Bicentenário de Nascimento de Allan Kardec VII

7ª matéria publicada no Jornal Mundo Espírita :: setembro/2004

 

Ele sabia que a responsabilidade de sua missão estava na razão direta da importância da Nova Revelação com que Jesus brindaria a população sofrida, e ao mesmo tempo esperançosa, da Terra.

 

Espírito firme e lúcido, trazia nas mãos a luz da ciência nova que revolucionaria as estruturas filosófico-científicas daqueles tempos.

 

Como sói acontecer com almas portadoras de grandezas intelecto-morais, Kardec enfrentou ásperas situações para legar à humanidade o Cristianismo limpo de preconceitos e despido dos véus intencionalmente lançados sobre os ensinos do Mestre de Nazaré, ao longo dos tempos.

 

Com a abnegação que lhe era peculiar, enfrentou o escárnio dos materialistas, viu suas obras consumidas pelas chamas da prepotência do Clero, suportou a baba nefasta dos detratores do Espiritismo nascente, mas conseguiu passar aos companheiros da boa luta o bastão da Terceira Revelação, intacto.

 

Com sabedoria, previu os obstáculos que o Espiritismo enfrentaria para chegar aos objetivos estabelecidos pelo Espírito de Verdade. Sabia, de antemão, que, embora a Doutrina fosse muito clara, a sua propagação dependeria dos espíritas, e por isso nos alertou sobre os perigos e escolhos que teríamos que enfrentar.

 

Íntegro, lutou contra as investidas dos inimigos do Bem que, sorrateiros, tentaram jogar lama sobre sua alva conduta.

 

Digno, permaneceu fiel ao Cristo em detrimento das facilidades oferecidas por César.

 

Resoluto, diante das situações difíceis que enfrentou, não titubeou entre Deus e Mamon, entre a luz e as trevas, entre a verdade e o engodo.

 

Fiel, buscou aliar os atos ao discurso, não permitindo, na sua ação cotidiana, o meio-termo da acomodação, nem se deixou enredar pelas falcatruas da mentira.

 

Cantador da esperança, não usou a vestimenta da lamúria, da lamentação, nem se deixou cair no leito modorrento da acomodacão, demonstrando que compreendia muito bem a essência da Boa Nova do Sublime Crucificado.

 

Hoje, passados 200 anos, ao abrir suas obras, sentimos, mais vivo do que nunca, o suave perfume daquele homem singular, de caráter firme, que exalava amor e sabedoria por toda sua alma.

 

Desde seu renascimento até hoje, já se escoaram quase dois séculos... mas a chama que Kardec acendeu naqueles dias continua viva nos corações daqueles que buscam seguir-lhe os exemplos.

 

Por tudo isso, com os corações repletos de alegria, rogamos a Deus que abençoe o Mestre Lionês, onde quer que ele esteja, e que possa ele receber, de nossas almas profundamente reconhecidas, as flores da nossa mais sincera gratidão.


Jornal Mundo Espírita, outubro, 1997

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