Cada criatura humana é um magneto que caminha pela Terra.
A Terra em si mesma é um grande corpo magnético. Mas, cada criatura humana é um corpo magnético sobre outro corpo magnético.
Cada qual de nós carrega a sua capacidade magnética, e essa capacidade magnética é assim chamada pelo poder de atrair que cada um de nós detém.
Essa experiência o ser humano alcançou, graças a essas experiências remotas que vimos trazendo ao longo da evolução dos seres, dos mundos, dos planetas, desde quando o átomo é dotado de uma capacidade de atrair as partículas à sua volta, desde que o núcleo atômico se tornou responsável por atrair à sua volta a nuvem de elétrons, até a criatura que atrai para sua volta um conjunto de pessoas.
Ao longo da História da Humanidade, encontramos, em toda e qualquer sociedade, desde que os grupos humanos deixaram de ser grupos anômicos, sem coordenação, sem regulação, para se tornar grupos sociais, nunca mais encontramos um qualquer desses grupos que não tivesse uma liderança.
As criaturas humanas, de uma maneira ou de outra, exigem alguém que as conduza, um líder, e nunca houve falta desses líderes em toda e qualquer sociedade da Terra.
Chegamos a entender que houve um período em que as comunidades planetárias, as comunidades humanas entendiam que a virtude do conhecimento, a virtude da moralidade, a virtude da sabedoria estariam com os idosos, os anciães. E surgiu na Terra a chamada aristocracia dos patriarcas, dos anciães.
Acreditava a criatura humana que, quanto mais velha fosse a pessoa, maior a soma de suas experiências, maior a gama de suas experiências, melhor o poder de dirigir outras criaturas.
De certo modo é verdade. Quanto mais vivida seja a pessoa, mais experiências ela carrega e, com essas experiências, terá mais chance de abordar os outros, de orientar os outros, uma vez que se orienta a si mesma.
No entanto, na medida em que o tempo foi passando, essas aristocracias e, particularmente, essa aristocracia dos patriarcas ou do patriarcado, foi cedendo lugar a outras porque se os anciães tinham experiência, maturidade, não tinham força física. E as comunidades precisavam de alguém que tivesse força física para as defender.
E daí surgiu a aristocracia da força bruta. E, nessa aristocracia da força bruta, os líderes que, a princípio, defendiam as comunidades que os houveram convidado, atraído e solicitado sua ajuda e seu socorro, eles passaram a dominar essas comunidades, a se atribuir poderes que não lhes haviam sido dados e depois a transferi-los para os seus herdeiros, filhos, irmãos, sobrinhos etc.
Naturalmente, a aristocracia da força bruta, que foi mais uma liderança pela Terra, foi cedendo lugar à aristocracia do nascimento, o nome que a pessoa detinha; a aristocracia do poder econômico, o dinheiro que a pessoa detinha; à aristocracia do intelecto: quanto mais o indivíduo soubesse, maiores poderes teria, até chegarmos à necessidade de uma aristocracia que, de fato, conduzisse bem os homens pela Terra.
Já que nós precisamos instintivamente, pela nossa natureza social, de uma liderança, por que não uma liderança que pudesse nos orientar intelectualmente? Uma liderança que, ao mesmo tempo, nos pudesse conduzir em níveis morais?
Sentimos, por isso, a importância de que, ao longo dos tempos da Terra, possamos encontrar, possamos desenvolver, possamos ter uma aristocracia de poder intelectual e de poder moral. Uma aristocracia intelecto-moral.
Essa, certamente, nos dará possibilidades de desenvolver os campos mais diversos de nossa vida.
Essa liderança, essa aristocracia nos permitirá desenvolver nosso potencial intelectual, nosso saber, nosso conhecimento, mas também nos ensinará a dar boa vazão a esse saber, a esse conhecimento; nos ensinará a trabalhar tais conhecimentos que tenhamos para o bem. E a nossa aristocracia intelecto-moral, a nossa liderança intelecto-moral nos endereçará para a felicidade.
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Essa felicidade naturalmente terá muito a ver com o esforço que tenhamos feito por conquistá-la.
Como vimos, como falamos, cada qual de nós é um magneto que se desenvolve, que se move na Terra, sobre o planeta, que também é um gigantesco corpo magnético.
É por isso que os analistas e psicanalistas de várias idades do mundo, desde o século XIX, para cá, vêm nos trazendo com Freud, com Adler, com Gustav Jung, essas noções de que cada qual de nós carrega em si o chamado it, ou se quisermos, um magnetismo pessoal.
Não é à toa que vemos pessoas capazes de atrair para o seu derredor um contingente imenso de outros indivíduos, que se sente bem junto delas, que acata as suas determinações.
Encontramos diversos indivíduos espalhados mundo afora, que afugentam as pessoas do seu derredor, que ninguém suporta estar ao seu lado, mesmo a sua família, mesmo as pessoas que lhes deveriam ser mais próximas. E a que se deve isso?
A princípio, nós podemos cogitar desse nosso magnetismo pessoal. Nós liberamos determinadas energias, se quisermos dizer assim, liberamos de nós determinados fluidos, que fazem com que as criaturas sintonizadas com os mesmos ideais nossos tenham vontade de se aproximar. Elas não sabem porque, mas sabem que alguma coisa em nós as atrai.
Por outro lado, liberamos de nós determinadas substâncias psíquicas que impõem aos outros um afastamento de nós. Criaturas que até gostariam de estar ao nosso lado, não sabem explicar bem porque mas, alguma coisa lhes impõe fugir de nós: nosso magnetismo pessoal.
Quanto mais sejamos nós criaturas egoístas, personalistas, individualistas, a tendência é que se aproximem de nós as pessoas de mesmo matiz psicológico, de mesmo teor idealístico, e passamos a compor os grupos, os bandos, passamos a compor as falanges.
De acordo com a inclinação dos nossos sentimentos, atraímos indivíduos com inclinações similares.
O mundo fala, por exemplo, que Hitler matou a seis milhões de judeus, que Hitler fomentou isso, fomentou aquilo. Não discutimos a tragédia que o caráter de Adolf Hitler impôs ao mundo ocidental.
No entanto, ele não fez isso sozinho. Ele fez isso com dezenas e centenas de oficiais, de homens comuns, mulheres comuns da sociedade que, com ele, com suas ideias compactuavam.
Vejamos o magnetismo de Hitler, capaz de reunir, depois daquele célebre encontro na cervejaria de Munique, aquele contingente enorme de criaturas que o aplaudiu, até deparar-se com a tragédia que ele fomentou no solo europeu e no mundo.
Mas, ao mesmo tempo, notamos indivíduos como Gandhi, com a sua fala mansa e firme, com o seu caráter de não querer fazer uma guerra contra a violência, porque ele afirmava que qualquer movimento contra a violência teria que ser violento também.
Mas, ele promoveu um movimento pela não violência de qualquer teor. Reuniu ao seu redor toda a Índia. Os seus jejuns se tornaram famosos, porque com esses jejuns ele promovia a religação dos seus irmãos, da Índia, do Paquistão, que surgiu depois.
Gandhi foi esse líder excepcional, com sua energia, e até hoje, depois da sua morte em 1946, Gandhi é para nós esse ícone da liberdade, atraindo, até hoje, em torno do seu nome legiões de criaturas de boa vontade, de homens e mulheres que prezam a liberdade.
Mas, de todos os seres que passaram pela Terra, o magnetismo pessoal mais atraente foi o de Jesus de Nazaré. Nada obstante, nós não conseguimos entendê-lo.
Ele era tão especial que não conseguimos compreendê-lo. Mas Ele, pacientíssimo, nos disse:
Quando Eu for erguido no madeiro atrairei todos os homens a Mim.
E foi somente depois da Sua crucificação que passamos a nos interessar por Ele.
No entanto, quando na Terra, onde estava? Estava cercado pelas multidões de famintos, famintos de comida, famintos de amor, famintos de paz, famintos de esperança, famintos de Deus.
Esse Deus que Jesus Cristo exprimiu tão bem com a Sua vivência, e espalhou tão bem entre nós, com o Seu luminoso e formidável magnetismo pessoal.
Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Curitiba, no dia 8 de março de 2009.
Em 18.2.2022
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