Nos estudos da Psicologia, encontramos uma gama de fenômenos que vem merecendo estudos bastante interessantes por parte dessa ciência. São os fenômenos da obsessão.
Quando a Psicologia trabalha a questão obsessiva, procura nos mostrar que o indivíduo estará vivenciando essa experiência todas as vezes que nele se manifestar alguma ideia fixa.
A característica basal da obsessão é uma ideia que não cessa, que obsessa, que obsessiona, que perturba o indivíduo e não o abandona. Esteja fazendo o que for, ele está pensando naquilo. Esteja vivenciando o que for, onde estiver, é aquela ideia matriz, chumbada na sua estrutura mental. Então, isso caracteriza um fenômeno obsessivo.
Imaginemos uma pessoa ciumenta, tem uma fixação naquele objeto idolatrado, amado, querido, gostado, desejado, e esse objeto se torna algo perturbador, a tal ponto que pode se tornar uma ideia obsessiva, um fenômeno obsessivo. Costumeiramente, as criaturas com quadros de neurose, apresentam certas repetições obsessivas.
Natural é pensar então, que a Psicologia vem tratando dessas questões com relativo êxito, porque vai buscando onde e como esse estado de coisas teve começo na alma do indivíduo ou na mente do indivíduo, para sermos mais psicológicos.
E, desse modo, começamos a pensar em tantos outros fatores que deverão desencadear, sobre a criatura humana, esse tipo de fenômeno obsessivo.
Há criaturas que são, por si mesmas, do contra. Para elas, nada vai dar certo. Para elas ninguém presta, nada presta, são pessimistas, são negativas.
Óbvio que, ao alimentar esse estilo de vida mental, ao alimentar esse modo de pensar e de ser, ela vai se caracterizando por uma fixidez mental, uma fixação de ideias em torno de pessoas, de casos.
Ela tem a mesma ideia sempre sobre determinada coisa, disparatada quase sempre. Costumam ser pessoas fanáticas, obsessivas, se agarram a pessoas, a coisas, a objetos, a ideias e passam a se nutrir dessa tormenta.
É a obsessão psicologicamente considerada. E essas criaturas, naturalmente, vivem muito mal, sua qualidade de vida é terrível, e todas aquelas outras que têm que conviver com elas ou a sua volta, também estarão sendo bombardeadas pelas consequências dessas atitudes, dessas posturas, dessa obsessão.
Acontece que quando nós pensamos numa criatura humana com todos esses encaixes mentais negativos, pessimistas, do contra, não podemos olvidar que ela será facilmente alvo de mentes que, desprendidas do corpo físico, mentes espirituais, ou se quisermos, seres espirituais, que também compartilham dessas propostas do pessimismo, do negativismo, do contra.
E, como somos nós os chamarizes daquelas criaturas espirituais que nos acompanharão, positivas ou negativas, começará então um processo obsessivo diferenciado.
Todas aquelas características do negativismo, do pessimismo, todas aquelas neuras, engendradas na intimidade do ser, nós poderemos chamar de uma auto-obsessão.
É um processo obsessivo que a criatura se impõe, é um processo de fixação ao qual a criatura se ajustou. Mas, quando entram elementos espirituais no contexto, quando entram mentes desencarnadas, se aproveitando desse material mental que é exalado, aí nós teremos a hetero-obsessão. A obsessão provocada por seres fora do indivíduo perturbado.
Claro que serão também seres espirituais perturbados se valendo da perturbação da criatura humana. Da mesma maneira que as moscas se valem das feridas abertas ou dos produtos expostos, que exalam aquelas substâncias por elas buscadas, naturalmente no campo mental, no campo do psiquismo, da mente espiritual, passa-se o mesmo.
A cada um, afirmou Jesus, é dado conforme suas obras. Se nós nos atiramos à obra do negativismo, do pessimismo, teremos criaturas do mesmo naipe, do mesmo teor, que do outro lado da vida nos inspirarão negativamente.
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Todas as vezes que abrirmos as portas da nossa mente para que outros indivíduos nelas penetrem, certamente que estaremos correndo um perigo muito maior.
É como alguém que tivesse deixado aberta a porta de sua própria casa. Dentro de sua casa é o seu domínio, o seu domicílio, mas se entrarem pessoas estranhas, desejosas de controlar sua vida, tudo será negativo a partir de então, muito mais do que já o era antes.
É nesse quesito que, quando abrimos o Evangelho de Mateus, e Jesus Cristo se refere aos Espíritos que são expulsos das criaturas, Ele propõe que essas criaturas que se viram liberadas dessa pressão demoníaca, diabólica, espiritual, a palavra pouco importa, trate de se reformar, ou seja, feche a sua porta íntima, vigie as entradas de sua emoção, de seu coração, de seu sentimento.
Então Cristo diz no Evangelho de Mateus, que quando isso não ocorre, o perturbador volta com sete espíritos. É um número cabalístico, é um número judaico, que tem uma certa magia, tanto que Ele orientou a Simão, para que perdoasse setenta vezes sete. O candelabro, símbolo judaico, tem sete braços, então o sete é um número místico entre os judeus.
Naturalmente, quando o Cristo estabeleceu que o perturbador voltaria com mais sete espíritos, voltaria com um grupo de entidades. É como qualquer doença na sua recidiva. A recidiva é costumeiramente mais grave do que a doença em si, porque ela já apanha o organismo fragilizado.
Daí, então os processos obsessivos que não foram tratados devidamente enquanto era auto-obsessão, quando se convertem em hetero-obsessão, quando agora existem outras mentes encarnadas ou desencarnadas propiciando a gravidade do processo, quando essas coisas passam a se dar com a ajuda de seres externos ao perturbado, tudo fica mais difícil.
Agora, haverá necessidade de uma ajuda de terceiros, já que houve uma intervenção de terceiros no processo da tormenta obsessiva do indivíduo.
Se ele abriu de tal forma a sua casa mental, a sua casa íntima, permitindo que terceiros adentrassem e ali estabelecessem balbúrdia, tumulto, dificuldades, agora haverá necessidade de que outras pessoas ajudem a desfazer o problema ou a minorar o problema.
É então que, os indivíduos que já apelaram para a psiquiatria, para a psicologia, para vários tratamentos terapêuticos, diversos, vão buscar a ação da fé. É nessa hora que nós nos recordamos da oração.
Como é importante colocar a mente em sintonia com o mundo mais alto, com Deus, através dos bons anjos, através dos bons Espíritos, através dos seres imortais que respondem na Terra em Seu nome, junto às nossas necessidades.
Temos que apelar para a oração e, naturalmente, essa oração tem que partir de dentro, não poderá ser apenas uma repetição de palavras ou de fórmulas mágicas.
Para que haja sentido, a prece tem que brotar do cerne, do íntimo, da alma da criatura. Esse é um aspecto. Depois, colocar esse indivíduo perturbado para fazer alguma coisa boa, aprender a lidar no bem. Levar uma comida a um pobre, ajudar a uma criança que precise de material escolar, visitar uma obra de assistência para dar banho em uma criança, num idoso, fazer um curativo, cortar cabelo, cortar as unhas.
Quantos servicinhos pequenos e úteis nós poderemos fazer, e aqueles que estão vivendo o processo para sair da tormenta obsessiva poderão realizar.
Mudar a vida interior é a grande necessidade. Se não mudarmos a nossa composição íntima, será muito difícil nos libertarmos da perturbação obsessiva, da hetero-obsessão, porque os vampirizadores, as entidades negativas se aferram a nós pelas portas que nós lhes oferecemos.
Daí, todo processo obsessivo tem origem na nossa intimidade, tem origem na nossa auto-obsessão, nessa perturbação que nos consentimos e que, depois, costuma ser muito difícil rechaçá-la, transformando a nossa vida para melhor.
Mas, enquando tivermos essa consciência, essa busca de Deus, essa vontade de sarar, a oração e todos os seus componentes nos ajudarão bastante a resolver o problema.
Em 8.12.2022
© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014