Hélio Romano
(1930- )
No ano de 1930, chegava ao lar de Maria Anunciata Síndice Romano, que ficaria conhecida na cidade de Cambará, como Lúcia, e de Henrique Romano, o segundo filho do casal, Hélio Romano.
Lúcia, italiana, espiritista, além de criar quatro filhos biológicos, recebeu em sua casa várias meninas órfãs, ou abandonadas pela família, o que inspirou Hélio Romano a sempre trabalhar com os desvalidos.
Ainda na adolescência, tornou-se gráfico, e próximo à empresa gráfica que trabalhava, conheceu a futura esposa, Zinair Pinheiro, cuja mãe Nair Trautwein Pinheiro, espírita de berço, seria fundamental na decisão de Hélio Romano, em mergulhar na Doutrina Espírita.
Hélio tinha dezoito anos de idade, e Zinair treze. Tudo começou apenas como bons amigos. Foi quando Nair Pinheiro, iniciou a formação de uma mocidade de jovens espíritas, no Centro Espírita Camille Flammarion, de Cambará, que recebeu o nome de Cairbar Schutel, uma homenagem ao trabalhador da Doutrina na cidade de Matão/SP, e amigo pessoal de Pedro Trautwein, pai de Nair.
A mocidade cambaraense tinha vinte e poucos jovens, e influenciou a criação de mocidades em Santo Antonio da Platina, Jacarezinho e Joaquim Távora.
Pouco tempo depois, Hélio Romano tornou-se proprietário da sua própria gráfica, e com a aquisição, surgiu a ideia da criação de um jornal para a divulgação das atividades das mocidades dos quatro municípios. Aldrovando Goes, da mocidade de Santo Antonio da Platina, sugeriu o nome do periódico mensal: O Moço, que circulou até o ano de 1965.
Em 1957, Hélio e Zinair contraíram matrimônio, e da união nasceram os filhos Telma, Walter e Rodrigo. Juntos, o casal, mais os integrantes das mocidades da região, selecionavam mensagens de livros espíritas, além das atividades realizadas pelos grupos, e publicavam no periódico, que era voltado exclusivamente para espíritas.
A partir de 1965, outra ideia surgiu na mocidade cambaraense: passariam a imprimir mensagens das obras espíritas, e se distribuiria para todos que a aceitassem, e não somente entre espíritas.
Foi um sucesso. A cada lote de mensagens impressas, saíam os jovens dos quatro municípios a distribuir em outras cidades da região, especialmente cidades do Estado de São Paulo, como Ourinhos, Chavantes, Bernardino de Campos, entre outras. De acordo com Hélio Romano, um dos endereços eram as estações ferroviária e rodoviária dessas cidades, devido ao grande número de pessoas que circulavam pelos locais.
Entregávamos as mensagens aos passageiros pela janela. Até que apareceram os trens blindados, em que as janelas não abriam. Colocávamos os jovens dentro dos trens, se tivesse que pagar passagem, pagávamos, e íamos de carro esperá-los nas próximas cidades, recorda.
Segundo Romano, poucas pessoas mostravam desagrado ao receber as mensagens. A maioria pedia mais material, para repassar a outras pessoas. Além desse tipo de distribuição, as mensagens eram enviadas pelos Correios, a pessoas e Centros Espíritas de quase todos os Estados brasileiros. E foi assim, que elas chegaram ao conhecimento de Francisco Cândido Xavier. Uma moradora de uma cidade próxima a Cambará foi até Uberaba, e disse a Chico que residia próximo à cidade. Ouviu dele: Conhece em Cambará, a Gráfica Romano?
A mulher, ao voltar da viagem, procurou Romano e o informou do diálogo mantido com o Chico. Quando soubemos disso, eu e Zinair decidimos procurar o Chico. O trabalho de atendimento era realizado na sexta-feira. No sábado, fomos convidados a almoçar na casa dele. Desde então, desenvolvemos uma amizade profunda, que o tempo não irá apagar, afirma.
A partir dessa viagem, Chico Xavier passou a enviar mensagens para impressão, mesmo antes dos livros serem publicados. Também, próximo a finados, mensagens psicografadas abordando a morte, eram enviadas especialmente para a impressão e distribuição.
Chegamos a imprimir seiscentas mil mensagens na época de finados, para distribuição nas portas de cemitérios. A mensagem “Eles Vivem”, foi psicografada especialmente para imprimirmos em Cambará”, recorda Romano.
Diz ainda que, mensalmente, ia até Uberaba, levar novas mensagens impressas para Chico Xavier.
O trabalho da impressão das mensagens espíritas abriu campo para a amizade com outro grande trabalhador da Doutrina: Divaldo Pereira Franco. Por ocasião da inauguração da Creche Lar Anália Franco, em 1974, Chico Xavier não pôde comparecer ao evento, e Divaldo o substituiu, ficando hospedado na casa do promotor de justiça da época, Jorge Derbis, que tornou-se espírita em Cambará, e muito colaborou para a organização de entidades sociais do município.
O início da União Regional Espírita
Hélio Romano, Zinair Pinheiro Romano, Nair Trautwein Pinheiro, e outros trabalhadores do Centro Espírita Camille Flammarion e das mocidades espíritas da região, ajudaram ainda na constituição da URE, que hoje representa a Federação Espírita do Paraná em termos regionais.
Ocorreu uma reorganização dos Centros Espíritas do Norte do Paraná, no eixo Maringá, Londrina e Cambará. Primeiramente ficaríamos agrupados com os municípios já citados, mas depois foram inclusos na nossa regional, Andirá, Bandeirantes, Jaguariaíva, Wenceslau Braz, e os outros municípios que a integram até hoje. O primeiro presidente dessa URE foi Haroldo Bastos, e eu assumi a vice-presidência, sendo depois presidente, conta.
Após mais de cinquenta anos como distribuidor de mensagens espíritas, Romano diz que o volume atual da confecção das mensagens diminuiu muito, devido à desencarnação de muitos colaboradores do projeto, entre outros motivos. Continua, em escala menor, a impressão e distribuição para todo o país, e também para países de língua latina, como Argentina, Paraguai e Uruguai.
Questionado se pensa ser um missionário, respondeu: Não sei se é uma missão. Nunca me disseram, mas sinto uma força dentro de mim que me impulsiona na impressão dessas mensagens, que só deverá acabar quando desencarnar.
Diz também, sentir-se feliz por ter participado e ajudado a impulsionar o Espiritismo no Brasil, nos anos 1960, 1970 e 1980, quando ainda a Doutrina não tinha ganho o status que possui nos dias atuais.
Zinair Pinheiro Romano desencarnou em 1996, deixando profundas marcas no coração do companheiro, e em todas as pessoas que conviveram com ela, devido a sua postura e vivência espírita.
No ano de 1930, chegava ao lar de Maria Anunciata Síndice Romano, que ficaria conhecida na cidade de Cambará, como Lúcia, e de Henrique Romano, o segundo filho do casal, Hélio Romano.
Lúcia, italiana, espiritista, além de criar quatro filhos biológicos, recebeu em sua casa várias meninas órfãs, ou abandonadas pela família, o que inspirou Hélio Romano a sempre trabalhar com os desvalidos.
Ainda na adolescência, tornou-se gráfico, e próximo à empresa gráfica que trabalhava, conheceu a futura esposa, Zinair Pinheiro, cuja mãe Nair Trautwein Pinheiro, espírita de berço, seria fundamental na decisão de Hélio Romano, em mergulhar na Doutrina Espírita.
Hélio tinha dezoito anos de idade, e Zinair treze. Tudo começou apenas como bons amigos. Foi quando Nair Pinheiro, iniciou a formação de uma mocidade de jovens espíritas, no Centro Espírita Camille Flammarion, de Cambará, que recebeu o nome de Cairbar Schutel, uma homenagem ao trabalhador da Doutrina na cidade de Matão/SP, e amigo pessoal de Pedro Trautwein, pai de Nair.
A mocidade cambaraense tinha vinte e poucos jovens, e influenciou a criação de mocidades em Santo Antonio da Platina, Jacarezinho e Joaquim Távora.
Pouco tempo depois, Hélio Romano tornou-se proprietário da sua própria gráfica, e com a aquisição, surgiu a ideia da criação de um jornal para a divulgação das atividades das mocidades dos quatro municípios. Aldrovando Goes, da mocidade de Santo Antonio da Platina, sugeriu o nome do periódico mensal: O Moço, que circulou até o ano de 1965.
Em 1957, Hélio e Zinair contraíram matrimônio, e da união nasceram os filhos Telma, Walter e Rodrigo. Juntos, o casal, mais os integrantes das mocidades da região, selecionavam mensagens de livros espíritas, além das atividades realizadas pelos grupos, e publicavam no periódico, que era voltado exclusivamente para espíritas.
A partir de 1965, outra ideia surgiu na mocidade cambaraense: passariam a imprimir mensagens das obras espíritas, e se distribuiria para todos que a aceitassem, e não somente entre espíritas.
Foi um sucesso. A cada lote de mensagens impressas, saíam os jovens dos quatro municípios a distribuir em outras cidades da região, especialmente cidades do Estado de São Paulo, como Ourinhos, Chavantes, Bernardino de Campos, entre outras. De acordo com Hélio Romano, um dos endereços eram as estações ferroviária e rodoviária dessas cidades, devido ao grande número de pessoas que circulavam pelos locais.
Entregávamos as mensagens aos passageiros pela janela. Até que apareceram os trens blindados, em que as janelas não abriam. Colocávamos os jovens dentro dos trens, se tivesse que pagar passagem, pagávamos, e íamos de carro esperá-los nas próximas cidades, recorda.
A amizade com Chico Xavier
Segundo Romano, poucas pessoas mostravam desagrado ao receber as mensagens. A maioria pedia mais material, para repassar a outras pessoas. Além desse tipo de distribuição, as mensagens eram enviadas pelos Correios, a pessoas e Centros Espíritas de quase todos os Estados brasileiros. E foi assim, que elas chegaram ao conhecimento de Francisco Cândido Xavier. Uma moradora de uma cidade próxima a Cambará foi até Uberaba, e disse a Chico que residia próximo à cidade. Ouviu dele: Conhece em Cambará, a Gráfica Romano?
A mulher, ao voltar da viagem, procurou Romano e o informou do diálogo mantido com o Chico. Quando soubemos disso, eu e Zinair decidimos procurar o Chico. O trabalho de atendimento era realizado na sexta-feira. No sábado, fomos convidados a almoçar na casa dele. Desde então, desenvolvemos uma amizade profunda, que o tempo não irá apagar, afirma.
A partir dessa viagem, Chico Xavier passou a enviar mensagens para impressão, mesmo antes dos livros serem publicados. Também, próximo a finados, mensagens psicografadas abordando a morte, eram enviadas especialmente para a impressão e distribuição.
Chegamos a imprimir seiscentas mil mensagens na época de finados, para distribuição nas portas de cemitérios. A mensagem “Eles Vivem”, foi psicografada especialmente para imprimirmos em Cambará”, recorda Romano.
Diz ainda que, mensalmente, ia até Uberaba, levar novas mensagens impressas para Chico Xavier.
A amizade com Divaldo Pereira Franco
O trabalho da impressão das mensagens espíritas abriu campo para a amizade com outro grande trabalhador da Doutrina: Divaldo Pereira Franco. Por ocasião da inauguração da Creche Lar Anália Franco, em 1974, Chico Xavier não pôde comparecer ao evento, e Divaldo o substituiu, ficando hospedado na casa do promotor de justiça da época, Jorge Derbis, que tornou-se espírita em Cambará, e muito colaborou para a organização de entidades sociais do município.
O início da União Regional Espírita
Hélio Romano, Zinair Pinheiro Romano, Nair Trautwein Pinheiro, e outros trabalhadores do Centro Espírita Camille Flammarion e das mocidades espíritas da região, ajudaram ainda na constituição da URE, que hoje representa a Federação Espírita do Paraná em termos regionais.
Ocorreu uma reorganização dos Centros Espíritas do Norte do Paraná, no eixo Maringá, Londrina e Cambará. Primeiramente ficaríamos agrupados com os municípios já citados, mas depois foram inclusos na nossa regional, Andirá, Bandeirantes, Jaguariaíva, Wenceslau Braz, e os outros municípios que a integram até hoje. O primeiro presidente dessa URE foi Haroldo Bastos, e eu assumi a vice-presidência, sendo depois presidente, conta.
Após mais de cinquenta anos como distribuidor de mensagens espíritas, Romano diz que o volume atual da confecção das mensagens diminuiu muito, devido à desencarnação de muitos colaboradores do projeto, entre outros motivos. Continua, em escala menor, a impressão e distribuição para todo o país, e também para países de língua latina, como Argentina, Paraguai e Uruguai.
Questionado se pensa ser um missionário, respondeu: Não sei se é uma missão. Nunca me disseram, mas sinto uma força dentro de mim que me impulsiona na impressão dessas mensagens, que só deverá acabar quando desencarnar.
Diz também, sentir-se feliz por ter participado e ajudado a impulsionar o Espiritismo no Brasil, nos anos 1960, 1970 e 1980, quando ainda a Doutrina não tinha ganho o status que possui nos dias atuais.
Zinair Pinheiro Romano desencarnou em 1996, deixando profundas marcas no coração do companheiro, e em todas as pessoas que conviveram com ela, devido a sua postura e vivência espírita.
Graça Maria Cruz.
Em 29.6.2015.
Em 29.6.2015.
© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014