Antônio Savaris
Ele aguardou a madrugada, para partir. 6 de novembro de 2019. Os jornais de Foz do Iguaçu, onde ele chegou no ano de 1952, lhe noticiaram a morte, recordando-o como o pioneiro e empresário respeitado e admirado.

Fundador da Rádio Itaipu, em 1979, da Loja Maçônica Manoel Ribas e do Centro Espírita Paz, Amor e Caridade, o gaúcho de Veranópolis, foi também empreendedor imobiliário e dono de hotel.

Foi o primeiro radioamador de Foz do Iguaçu e tinha muito orgulho disso, exibindo seus equipamentos. Por meio deles, conversava com pessoas do Brasil e do Exterior. Sempre foi um homem muito bem informado.

Em 2017, ao conceder entrevista à revista 100 Fronteiras, escreveu a repórter: Sentado atrás de sua mesa, Antônio Savaris é exemplo de determinação e prova de que quando amamos o que fazemos os sonhos se realizam.

Teve quatro filhos com a amada esposa Alice Belmira Pietch e sua partida para a Espiritualidade lhe feriu profundamente a alma.

Visitá-lo, em seu apartamento, era sempre um momento especial, que desfrutávamos toda vez que íamos a Foz do Iguaçu. Ouvi-lo era tomar conhecimento de realidades de quando a cidade tinha somente trinta mil habitantes, dos anos passados, quando conhecera meu pai e firmara laços de amizade.

Espírita fiel aos ensinos kardequianos, sabia falar do que era certo e do que era errado. Mereceu da Redação do Momento Espírita especial homenagem, em texto que consta do CD Momento Espírita, v. 13:  A sabedoria de envelhecer:

Simples, embora detentor de considerável patrimônio e posses, abraça com vigor os amigos.

Faz questão de um bom papo, embora a dificuldade, por vezes, para ouvir. Mas, ele ajusta o seu aparelho para a surdez e participa.

Não tem vergonha de tornar a perguntar, quando não entende.

Sábio, não fala se não tem certeza de ter bem entendido a pergunta.

Sabe calar-se quando muitos falam ao mesmo tempo, dificultando-lhe a captação das palavras.

Ainda guarda um ar de maroto, por vezes, mostrando que o viço infantil não morreu em sua intimidade.

Assim, outro dia, em pleno café da manhã com amigos, quando todos já haviam terminado a refeição e se entretinham à mesa, conversando, ele tomou de uma faca e a introduziu no pote de doce de leite.

Trouxe-a com a ponta carregada do precioso doce. Olhou para a esposa, exatamente
como criança que sabe que o que vai fazer está errado, e lambeu-a, com prazer.

Todos riram. Ele também. Havia acabado de fazer uma peraltice bem própria de criança.

Mas, afinal, quando envelhecemos com sabedoria, somos assim.

Maduros no agir, jovens no pensar, crianças para o prazer de viver intensamente cada dia.


Na mensagem que a FEP dirigiu aos familiares, ao ensejo da sua desencarnação, constou:

Honramos-lhe a memória, lembrando de tantos feitos, ao longo dos anos, em nome da Doutrina Espírita, da qual sempre se mostrou fiel seguidor.

Guardamos a certeza de que os Bons Espíritos lhe fizeram excelente recepção, após tantas fadigas e dores suportadas, sobretudo nos últimos anos, quando seu coração de pai e esposo foi dilacerado pelas partidas que aconteceram, roubando-lhe as presenças físicas de amores sempre amados e lembrados.

Se aqui as lágrimas nos umedecem os olhos e o coração parece apertado, pela antecipada saudade que nos toma pela sua ausência física, a festa dos corações deve ser grande do outro lado.

Amores o abraçam, companheiros dantanho lhe vêm oferecer os louros da vitória por uma vida de tantas realizações e serviços ao próximo.


Até breve, querido e especial amigo!
Maria Helena Marcon
Em 28.1.2020.



Antônio Savaris – Cidadão Honorário de Foz do Iguaçu

A Câmara dos Vereadores de Foz do Iguaçu entrega nesta sexta-feira (5.5.2006) ao empresário Antônio Savaris, o título de Cidadão Honorário do Município, espécie de reconhecimento aos serviços prestados por ele em favor do desenvolvimento local. A homenagem, prevista para as 19h, acontece no plenário da Casa de Leis, em sessão solene. O projeto de Decreto Legislativo n° 1/2006 é de autoria do presidente da Câmara, Carlos Juliano Budel.

Entre os argumentos do vereador para a honraria está a longa trajetória de ações empreendedoras do empresário em Foz e sua forte história de influência dentro da comunidade iguaçuense. Segundo o presidente, o título é um reconhecimento pelas atividades desenvolvidas por Savaris em Foz ao longo dos anos. Esta é a oportunidade de fazermos justa homenagem a alguém que adotou Foz do Iguaçu, para se desenvolver profissionalmente e criar sua família, sendo que através de suas atividades tanto na área comercial, como na área social contribuiu sobremaneira para o crescimento da comunidade iguaçuense, alegou Budel, no texto aprovado pela Câmara.

Savaris, hoje com 83 anos, natural de Veranópolis, Rio Grande do Sul, disse sentir-se satisfeito por residir em Foz, e ter tido a oportunidade de fazer negócios e amigos na cidade. Após todos esses anos posso dizer que não sou um homem mais feliz pelo que fiz ou deixei de fazer, mas pela forma como cheguei até aqui: inteiro, íntegro, leal aos valores que meus pais me ensinaram, disse. Foz me acolheu, é aqui que fiz amizades e é onde deixarei um pouco de mim, do que fui, do que sonhei ser, destacou.

O pioneiro também lembrou da importância dos negócios efetivados no município, do trabalho árduo e da firmação de seus sonhos. Tenho orgulho de tudo o que fiz nesta cidade. Orgulho da Savaris Joalheiros, da Rádio Itaipu FM, do Savaris Apart Hotel, da minha breve participação na vida política desta cidade, disse.

História
Nascido na década de 20, Antônio Savaris chegou a Foz há 53 anos. Filho de Máximo Savaris e Estela Cortelini Savaris, casou com Alice Belmira Pietch, com quem teve quatro filhos: Antoninha Savaris Venson, Inelsi Savaris, Inaudi Savaris e Vera Alice Savaris.

Foi em Foz que Savaris tornou-se um grande empresário do ramo de joalheria — fundando a Relojoaria Savaris. Atualmente toda a parte de seu capital está investida na cidade. Além da relojoaria, ele é proprietário ainda do Savaris Apart Hotel, Urbanizadora Iguaçu (Parque Presidente), jardins Alice I e II e sócio da Rádio Itaipu FM. Portanto, tem prestado relevantes serviços à comunidade iguaçuense, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do município, gerando empregos e aplicando aqui todo o seu capital, diz o texto de Budel. São mais de 50 anos de serviços prestados, sendo que (Savaris) sempre compartilhou seus projetos empresariais e sociais com a comunidade iguaçuense, continua.

Valor
Segundo também o texto, Savaris teve destaque na área social, com a participação no Lions Clube Cataratas, no cargo de presidente e tesoureiro da governadoria. Como sócio proprietário do Country Clube fez parte da diretoria; também foi membro da diretoria do Oeste Paraná Clube e presidente, por várias gestões, da Sociedade Espírita Paz, Amor e Caridade.

Atuou como conselheiro da Irmandade Santa Casa Monsenhor Guilherme, foi membro do Tribunal de Júri e tornou-se o primeiro rádio amador de Foz. Nesse sentido, teve importantes participações na comunidade por meio da prestação de utilidade pública, e ainda, na realização de dois congressos da associação na cidade. Participou ainda ativamente na vida política do município, onde chegou a assumir a Câmara de Vereadores na qualidade de suplente, por um ano, em 1964.
Bruno Andrion/A Gazeta do Iguaçu/5.5.2006.
Em 17.2.2020.


A sabedoria de envelhecer

Ele é um homem com mais de oitenta anos. Forte. Daqueles bons italianos.
Um exemplo de saber envelhecer. Ele já se deu conta, há muito tempo, que o vigor da juventude o deixou.
Mas, isso não quer dizer que se acomodou. Faz tudo o que o corpo ainda lhe permite.
Até há pouco tempo, dirigia seu carro e, em determinadas épocas, tomava da esposa, dizia Inté para os filhos e netos e saía a viajar.
De cada vez, um local diferente.
Vamos conhecer tal lugar? - Perguntava para a esposa, cuja idade beira a dele.
Quer dizer, perguntava por perguntar, porque a senhora, também disposta, sempre concordava.
Fechavam o apartamento e lá iam para uma estância, uma estação de águas, um hotel fazenda.
Há pouco, completaram suas bodas de ouro e os filhos promoveram uma grande festa.
Ele compareceu no mais belo e alinhado terno, bigodes aparados, cabelo branco bem penteado e a seriedade, disfarçando a emoção.
Ela, num lindo vestido longo, azul turquesa, encantando os olhos dele, como se fossem os anos primeiros de convivência.
Recentemente, amigos de Ideal Espírita decidiram por prestar-lhe homenagem, pelos anos de dedicação à causa. Pelo seu pioneirismo, alçando a bandeira da Doutrina Espírita em terras onde apenas despontava, tímida.
De imediato, sua memória e sua ética foram ativadas.
Por que eu? Antes de mim, houve quem fizesse muito mais do que eu. E melhor.
E recordou do amigo, por cujas mãos conheceu a Doutrina Espírita. E esteve presente para a entrega da homenagem. Naturalmente, ele também foi homenageado.
Emocionado, agradeceu, dizendo não merecer porque, dizia, da Doutrina Espírita recebera o melhor. Ele era, portanto, um devedor.
E, incentivou à juventude, aos atuais trabalhadores a continuarem no bendito labor da divulgação, espalhando luzes, aclarando mentes e corações.
Comoveu a todos.
Simples, embora detentor de considerável patrimônio e posses, abraça com vigor os amigos.
Faz questão de um bom papo, embora a dificuldade, por vezes, para ouvir. Mas, ele ajusta o seu aparelho para a surdez e participa.
Não tem vergonha de tornar a perguntar, quando não entende.
Sábio, não fala se não tem certeza de ter bem entendido a pergunta.
Sabe calar-se quando muitos falam ao mesmo tempo, dificultando-lhe a captação das palavras.
Ainda guarda um ar de maroto, por vezes, mostrando que o viço infantil não morreu em sua intimidade.
Assim, outro dia, em pleno café da manhã com amigos, quando todos já haviam terminado a refeição e se entretinham à mesa, conversando, ele tomou de uma faca e a introduziu no pote de doce de leite.
Trouxe-a com a ponta carregada do precioso doce. Olhou para a esposa, exatamente como criança que sabe que o que vai fazer está errado, e lambeu-a, com prazer.
Todos riram. Ele também. Havia acabado de fazer uma peraltice bem própria de criança.
Mas, afinal, quando envelhecemos com sabedoria, somos assim.
Maduros no agir, jovens no pensar, crianças para o prazer de viver intensamente cada dia.
*   *   *
Pessoas frívolas, que somente valorizam o exterior, temem envelhecer.
Pessoas ponderadas envelhecem sorrindo. Sabem que o vigor da juventude é passageiro e aproveitam a madureza dos anos para semear sabedoria e colher venturas.
Venturas por ter educado filhos para o bem e para o amor. Por ter cultivado o afeto no matrimônio. Por ter construído amizades sólidas, independentes de idade, raça, cor, nível social.
Aprendamos com quem sabe envelhecer!



Redação do Momento Espírita, em homenagem a Antônio Savaris.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 13 e no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP.
Em 17.2.2020.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014