Complexidade das Obsessões - Manoel Philomeno de Miranda
O processo de evolução do Espírito é um quase infinito desenvolvimento das aptidões e tendências adormecidas em germe no âmago do ser.

Procedente das experiências anteriores, cada qual conduz os valores armazenados no inconsciente profundo, tornando-os recursos e instrumentos de altíssimo significado para aplicação e incorporação ao projeto iluminativo.

Partindo-se da premissa de ser o mundo espiritual o local de origem da vida, tudo quanto sucede na vilegiatura corporal de breve temporalidade é efeito das ações além do cérebro.

Ante, porém, a certeza dessa assertiva, mais poderosas pela sua complexidade são as heranças ínsitas nos tecidos espirituais de cada indivíduo, tralhando pela sua conquista de plenitude.

A inevitável comunhão social, face ao instinto gregário – fatores mesológicos, por incluírem também o ambiente – exerce uma influência modeladora, mais poderosa do que a mais rica imaginação pode penetrar.

Todos somos o somatório dos nossos pensamentos, por sua vez, responsáveis pelas ações realizadas e a realizar-se, e como consequência, não podemos descartar-nos uns dos outros com a facilidade que pode parecer conforme o fato do esquecimento da ocorrência malsã.

A cultura política e social de hoje é uma perturbadora herança de equivalente quando a predominância dos instintos asselvajados subjugavam-nos de maneira lamentável.

O monstro da guerra sempre presente na História do planeta a partir do momento em que passou a ser habitado, que ainda governa os sentimentos de multidões animalizadas, é o responsável pela dominadora força do egoísmo, que prossegue impondo tudo para sua glória, em detrimento do mínimo para os demais.

Ao seu lado, a beligerância interior não administrada conforme devera, responde pelos crimes hediondos e vergonhosos de ontem, e, quase sem a significativa diferença da atualidade.

Países e reinos que padeceram incríveis desgraças impostas aos seus povos, sofrem hoje nos seus habitantes, aqueles mesmos que os infelicitaram, tormentos incríveis, apresentando dramas incomuns de miséria e desolação.

Os exércitos que marcharam em triunfo e glória pelas batalhas vencidas carregando nos seus estandartes e bandeiras triunfantes pelas mortes, aberrações, ressurgem hoje alucinados pela fome e pelas doenças impiedosas constituindo os milhões de vidas em decomposição antes da desencarnação.

Em muitos deles, enquanto a necrofagia, naquele passado infeliz, eram obrigados a alimentar-se, hoje perderam as faustosas condecorações e enxameiam em antros indescritíveis, convivendo com as ratazanas e os dejetos, aterrados também pela desnutrição e pelo esquecimento da sociedade.

Enquanto isso, nos cárceres dos castelos em festas absurdas, atirados sobre a rala palha úmida e apodrecida das prisões infectas aguardavam a morte os vencidos, os traídos, os desafortunados e em cima, no piso superior, as taças de cristal adornadas de ouro, os acepipes exóticos e a baixa conduta moral dos vencedores em orgias estúpidas banqueteavam-se, e na luxúria também apodreciam consumidos pelo fogo dos instintos asselvajados.

Transferindo no tempo a triste e alucinada paisagem apresenta-se hoje na forma de cracolândias, nas quais, vampirizados pelas suas vítimas de então, são consumidos em deplorável condição.

Crimes nefastos fantasiados de esportes radicais são estimulados e aplaudidos ao tempo em que a glória do corpo, da ilusão e do luxo degradante os aniquilam...

Como ficam as lições de Jesus, nesse báratro de desajuste moral!? Que se tem feito em religiosidade espiritual, neste período de vassalagem ao gozo momentâneo e alucinado?!

Inegavelmente, as obsessões ocorrem naturais e vampirizadoras, utilizando-se das emoções e dos pensamentos das criaturas humanas insaciáveis nos seus prazeres doentios.

As enfermidades morais decorrem dos comportamentos íntimos, assim como muitas condutas condenáveis são frutos dessas fixações mentais degeneradas.

Tecnicamente, no Mais Além têm início todos e quaisquer distúrbios que infelicitam o ser humano, especialmente os de dependência parasitária de Espíritos usurpadores de energia, causadores de obsessão.

A morte não separou os litigantes, não libertou as vítimas dos seus algozes durante a caminhada terrestre, pelo contrário, realmente os uniu mais em face dos vínculos do ódio, da sede de vingança.

Fixadas as lembranças, o perispírito assimilou as ondas de horrores recíprocos e modelou aparelhagem sutil que a matéria condensaria no futuro, própria para hospedar as enfermidades cruéis, genéticas, mutilando corpos e almas desde o berço, prolongando o intercâmbio da perversidade sem vista a uma cessação próxima.

Incluem-se aqueles que se atribuem recursos para aliviá-los, a uns, os perseguidos e a outros, os perseguidores.

Males de difícil significado são recuperados em breves comportamentos de renovação, especialmente quando há uma real mudança na maneira de pensar e de agir, transformando sombras espirituais em claridades divinas no próprio sentimento.

Às vezes, uma reencarnação é insuficiente para a alteração interior a fim de melhorar-se com o objetivo de conquistar a paz.

Após atender o jovem obsidiado, ao descer do Monte Tabor, interrogado pelos discípulos sobre a razão pela qual pôde libertá-lo da ação nefasta do seu cruel perseguidor, respondeu Jesus com severidade: Para esta classe de Espíritos são necessários jejum e oração.

É claro que não se tratavam da ausência de alimentos e repetição de palavras, porém, de conduta moral saudável, produtora de energias fortes e curadoras, assim como de ações do bem, porquanto, orar é arar. Toda ação dignificante é uma canção oracional, transformando palavras em atos de misericórdia e benevolência.

Os Espíritos inferiores não respeitam nem temem lábios que murmuram palavras, mas sim, emanações psíquicas decorrentes do comportamento dignificador.

Diante da onda terrorista de obsessões que lavram no planeta neste momento, unamo-nos em pensamento e em ação de solidariedade que gerem uma psicosfera superior à que agora se absorve, respirando e vivendo o amor e a caridade fraternal.

A obsessão é uma problemática desafiadora em forma de enfermidade do Espírito, que deve ser encarada com gravidade e tratada preventivamente mediante os comportamentos morais dos indivíduos e através dos especiais recursos da oração, da paciência, das ações fluídicas pelos passes e pela água magnetizada, ao tempo em que seja orientado o agente do distúrbio nas sessões especializadas de doutrinação.

De complexidade muito profunda e trabalhada pelas mentes lúcidas dos Espíritos infelizes que se autodefinem como inimigos do progresso e do bem da Humanidade.

Recomendado pelo Mestre Jesus, o Sublime Terapeuta, vigiar e orar, mantenhamo-nos em plena harmonia íntima ajudando-nos reciprocamente e vivendo em paz.

Manoel Philomeno de Miranda
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica
de 19.10.2022, no Centro Espírita Caminho da Redenção,
em Salvador Bahia.
Em 5.1.2023.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014