Ser Espírita - Lins de Vasconcellos
Ante as perspectivas das lutas e sofrimentos que se organizam na psicosfera terrestre, as bênçãos do Espiritismo constituem forças morais e recursos outros espirituais para o inevitável enfrentamento que se aproxima.

Aos danosos efeitos psicológicos da pandemia devastadora, que vem amainando, somam-se os pavores da guerra insana que devora a paz na sociedade, gerando ódios lamentáveis e sofrimentos inimaginários.

A criatura humana, que alcança as benesses da alta tecnologia e apreende os enigmas da Criação, apesar dos incontáveis benefícios que esparzem, não conseguiram harmonizar o ser humano, demonstrando-lhe a grandeza de Deus e a sublime dádiva da imortalidade.

As heranças do primitivismo da sua evolução destacam-se no esquema de crescimento moral, mantendo-o primário e infeliz, quando tudo constitui estímulo para a conquista dos tesouros divinos que lhe jazem em latência.

As lições decorrentes do barbarismo do passado, destruindo culturas valiosas e civilizações nobres, não lograram convencer o ser humano que a cólera, essa terrível mácula do caráter, somente resulta em multiplicadas dores e desencantos que lhe aturdem a atualidade e o torna frágil diante dos desastres que se permite.

As mágicas lições do amor, que enfloresceu vidas nas paisagens do pretérito, são a única solução para tudo que o desafiou na caminhada evolucionista.

A Doutrina de Jesus que revolucionou a História da Humanidade e dulcificou vidas incontáveis, não resistiu às ambições viciosas do tempo e transformou-se na vilã perversa do próprio ser humano.

Depois do período incomparável do holocausto por amor, a partir do terceiro século passou a sofrer os tormentos estabelecidos, convidando os seus membros ao isolamento, à distância do seu irmão, e surgiram as fugas do serviço, buscando a solidão e a distância dos pecadores, deixando-os à borda dos precipícios em que se atiraram.

Logo depois, veio a loucura do poder e a perseguição sistemática das ambições alucinadas, sendo cometidos crimes hediondos que nos envergonham como seres humanos...

Surgiram os tribunais da fé e da maldade, aumentou o orgulho e o poder temporal, enquanto se apagavam as luzes sublimes do amor e da humildade, descaracterizando o Reino prometido por Jesus.
A mensagem dúlcida da misericórdia ficou submissa ao absurdo dos maus, desaparecendo a luminosa claridade do Evangelho, sob os rios de sangue e labaredas do horror.

Quando a noite se abateu tempestuosa sobre a sociedade, inerme e vítima da crueldade religiosa vigente, a ciência desafiou a fé cega e acendeu novas luzes nas paisagens ermas e à mercê do poder temporal da Igreja.

Quase concomitantemente o Senhor liberou os Seus ministros e cooperadores mais diretos, permitindo que um exército de paz e solidariedade descesse ao planeta anunciando a chegada do Consolador que Ele prometera, a fim de repetir Suas lições e ficar para sempre no mundo.

O deserto cultural refloriu e a Terra adornou-se com as belezas que haviam diminuído.

Jesus voltou com as Suas legiões sábias, amorosas e venerandas.

O Espiritismo propiciou a união do conhecimento intelectual com a fé racional, mediante as conquistas dos seres abnegados da Espiritualidade e inaugurou a era do Espírito imortal e da caridade libertadora.

A Humanidade abrasada pelas conquistas da inteligência entregou-se ao prazer e. desarvorada, vem tentando sufocar o Bem nas suas malhas apertadas da ilusão.

A pretexto de compreender e participar da diversidade existente em tudo, ergue a bandeira da promiscuidade sexual com relaxamento e abandono dos deveres morais que devem viger em toda parte.

O ser humano não é apenas o amontoado material que se decompõe com facilidade, mas são a sua realidade espiritual, o raciocínio lógico, o respeito à vida em todas as suas expressões.

Eis porque ser espírita, neste período, é um grave desafio que não pode ser desconsiderado, empenhando-se as resistências morais e as recomendações doutrinárias ao seu comportamento.

Infelizmente, porém, vem-se usando métodos acomodatícios e alguns levianos com justificativas e escusas para a conduta pessoal irregular.

O abandono do Centro Espírita, trocando-o pelas comodidades domésticas, alija-o do próximo, a fim de fruir os benefícios da Internet, constituindo uma forma de abandono da fraternidade e, por consequente, da caridade.
Elucida-se que é resultado da escassez de tempo, das distâncias entre a residência e as Instituições ativas de amor e de estudo, aglomerações, assaltos e crimes hórridos, recolhendo-se às paredes domésticas, sem pensar naqueles que não as têm...

As obrigações relativas à Casa Espírita vão ficando ameaçadas por falta de servidores devotados ao trabalho do bem.

O Centro Espírita, não olvidemos, é a célula mater do Espiritismo, onde se pratica a meditação, o estudo, a convivência com a dor do próximo, a vivência do Evangelho...

Ser espírita, neste momento de perturbações e calamidades, é um convite à ação do bem de qualquer jaez.

Os cristãos primitivos davam a vida a Jesus.

Não O buscavam para servir-se, mas para servi-lO, na construção do Reino de Deus na Terra.

Indispensável definir-se que ser espírita é manter-se atos dignos e correspondentes aos ensinamentos estabelecidos pela Codificação Kardequiana que mantém a doutrina dos imortais…

Saudamos, neste sentido, a Federação Espírita do Paraná, por ter suas portas abertas ao amor, à caridade, à iluminação do Espírito e à divulgação do Espiritismo, conforme herdamos de Allan Kardec e dos seus colaboradores, servindo Jesus há 120 anos.

Lins de Vasconcellos
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão de 16 de
maio de 2022, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia
Mensagem especialmente dedicada à FEP, pelos seus 120 anos, em 24.8.2022.
Em 6.1.2023.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014