Período de transe - Joanna de Ângelis
As densas névoas de natureza vibratória que pairam sobre a sociedade atual produzem um tóxico de natureza entorpecente que a quase todos os indivíduos coloca em semitranse.

Parecendo fantasmas que deambulam sem destino, as massas humanas movimentam-se atoleimadas em faixas de energia deletéria sem a capacidade de entender o que lhes está ocorrendo.

Sob um aspecto, arrastam-nas ao embalo de ruídos alucinatórios e luxúria exacerbada, ou anulam-lhes o discernimento e o bom-tom, permitindo-se quaisquer arrastamentos.

Entorpecidas pelas sensações grosseiras do primitivismo em que se situam, elegem condutas estranhas, distantes dos comportamentos do amor e da responsabilidade que a vida impõe inexoravelmente.

Arrebanhados pela força hipnótica na qual se nutrem, vivem as situações asselvajadas para atenderem falsas necessidades orgânicas, em particular as que pertencem aos instintos primários.

Mentes poderosas da Erraticidade inferior infiltraram ideias torpes nas suas redes psíquicas e não possuem energias saudáveis para arrebentar as amarras magnéticas nas quais estertoram.

Esse estágio que caracteriza a atualidade social é o fruto espúrio de comportamentos materialistas apresentados por doutrinas cínicas e existencialistas que reduzem a vida humana ao estúpido amontoado de células montadas pelo acaso.

O predomínio da natureza animal sobre a espiritual do ser tornou-o brutamonte, insensível às manifestações do amor e da solidariedade.

O individualismo egoísta, ao fracassar, empurrou as comunidades para o coletivismo das modas e hábitos viciosos que desgovernam a Terra.

Problemas que o amor soluciona com facilidade ficaram ao abandono e agigantaram-se em razão da preferência do gozo pessoal em detrimento de outros valores éticos que são a segurança emocional para a existência terrenal.

Esse transe é pestífero porque vitaliza miasmas psíquicos que se transformam em vírus e bactérias agressivos que infestam os organismos em desarmonia.
Surgem doenças repentinamente, e distúrbios individuais de etiologia desconhecida dizimam esses incautos.

O pensamento é o dínamo gerador de forças por ser a casa mental a emissora de ondas que se transformam em ideais e se condensam em fenômenos materiais.

A cada momento, novas propostas de prazer, recreações variadas inconsequentes arrebatam as multidões desestruturadas.

Há um vazio existencial que o gozo material não preenche porque é de breve duração.

Cada dia mais se avoluma a degradação moral e dos sentimentos que adquire cidadania, embriagando os viandantes incautos da organização material.

*

Quando a situação se tornou desesperadora entre os seres humanos, em cada fase, os Céus ensejaram a oportunidade para que antigos mártires, missionários do bem e da caridade, renascessem no mundo para o despertamento dos anestesiados nas ilusões infelizes.

Esses Espíritos oferecem-se para arrancar do transe nefasto os irmãos que não têm sabido resistir às atrações do mal.

Nesses períodos, a angústia domina as emoções, e o sofrimento se oculta em sorrisos de embriaguez e de paixões imediatistas que consomem as massas.

A angústia, de alguma forma, é necessária no processo da evolução.

A lagarta que ambiciona voar em forma de borboleta leve retorce-se no casulo, experimenta mudanças totais e consegue sair do solo para planar nas correntes aéreas.

Assim também o Espírito vê-se constrangido ao camartelo das injunções, às vezes penosas, para ascender no rumo da Grande Luz.

És membro dessa grei sublime, capacitada para o soerguimento moral da Humanidade.

Alguns que estão participando do movimento revolucionário permanecem na Espiritualidade, a fim de sustentarem os que se sacrificam no corpo que lhes é imposto e tenham assistência especial até a etapa final do compromisso.

Para que bem atendam essa específica tarefa de despertamento para a iluminação, serás convidado aos desafios das sombras e ciladas do mal, permanecendo intimoratos e fiéis no dever aparentemente vencido.

Trata-se de uma verdadeira guerra de ideias que se tornaram vidas, ora necessitadas de socorro e de vitalização.

Não aguardes compreensão generalizada nem apoio emocional. As vítimas do transe não estão dispostas à reabilitação, ao reencontro com a lucidez. E outros que também são sustentados pelo sopro nefasto tecerão armas contra ti, infligindo-te dores e punições perversas para que desanimes.

Formarão grupos bem organizados para o combate e se multiplicarão, surpreendendo pelas armas de que se utilizarão para destruir-te, para silenciar-te.

Mantém-te atento e não revides, caindo nas sórdidas armadilhas que sabem preparar.

Permanece fiel ao compromisso com Jesus, que enfrentou situação equivalente, sempre perseguido, porém, amoroso sem cessar.

Não te surpreendas ante as pequenas vitórias que apresentarão, recordando-te de que a batalha final é a que decide o conflito. Essa luta final não foi a crucificação do Mestre, mas a Sua ressurreição que demonstrou a vitória da verdade.

*

Nada consiga abater o teu ânimo, nem cedas à dúvida, que é uma nuvem dificultando a claridade do raciocínio.

Luta contra as tuas fracas forças e não te deixes abater, não te entregues.

O Evangelho é canção de alegria inefável e a ti está confiado.

Vive-o em toda a sua magnitude e não concedas espaço ao temor ou à entrega do amolentamento, que logo mais desaparecerá, no fragor da batalha redentora, se permaneceres irretocável no teu dever.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na sessão mediúnica de 9.4.2019, no
Centro Espírita Caminho da Redenção,
em Salvador, Bahia.
Em 15.2.2023.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014