Materialismo e Espiritismo - Vianna de Carvalho
A sociedade hodierna experiencia momentos muito graves e ameaçadores de desastres cruéis, no seu processo evolutivo que alcança, neste momento, o ápice das conquistas científico-tecnológicas, apesar de encontrar-se em situação muito lamentável no que diz respeito aos admiráveis valores ético-morais, que constituem alicerce de sustentação de tudo quanto tem sido logrado.

O tremendo preço dos sacrifícios morais e espirituais resulta do esforço para interpretar as Soberanas Leis da Natureza e entendê-las na justa significação da sua existência.

A inteligência penetrou no quase insondável painel estrutural do átomo primitivo e conseguiu descobriu os elementos que o constituem, cada dia com mais acuidade, ao ponto de chegar à energia original, sendo uma saga dantes jamais sonhada.

A partir desse triunfo, interpretou as grandiosas Leis causais e mantenedoras do Universo, tais a gravidade, o eletromagnetismo, a lei quântica fraca e a lei quântica forte, tendo ainda um imenso campo a investigar, o que constitui uma vitória extraordinária diante dos mistérios da Vida.

O entendimento mesmo dos insondáveis fenômenos físicos, orgânicos e psíquicos, a respeito do ser humano em sua trajetória incansável, representa algo de inimaginável no mapa dos desafios existenciais.

Em comparação com o processo emocional, derivado dos comportamentos morais, um abismo mantém-se separando o equilíbrio do pensamento com a harmonia no mundo em que transita sob tremendas cargas de emoções e sentimentos ainda desordenados nos recessos do ser.

As conquistas meramente do pensamento na horizontalidade das realizações materiais equiparam-se a instrumentos capazes de tornarem melhor a existência no abençoado planeta que habita.

Incomparáveis aquisições tornaram a atualidade quase paradisíaca em relação ao prazer, ao conforto, à saúde, ao bem-estar. Certamente, que não foram equacionados todos os enigmas que têm constituído a História da Humanidade, sempre ansiosa para atender a razão da vida e a maneira como torná-la ditosa.

Através da Filosofia tem-se buscado entender o que somos, de onde viemos e para onde vamos, bem como a terrível interrogação porque sofremos.

As dificuldades desafiadoras receberam de mulheres e homens notáveis a contribuição valiosa para atenuar os sofrimentos que sempre acompanham o ser humano no seu processo de descobrimento existencial.

Inumeráveis inquietações têm sido acalmadas através do empirismo e, mais tarde, pelas Ciências, quando surgiram com as suas respostas hábeis para os terrificantes desafios.

Inspirações diversas ofereceram missionários de alto quilate espiritual aos deambulantes terrestres, sempre agressivos e belicosos durante os passados períodos históricos.

Com imenso contributo de sacrifícios ensinaram esses apóstolos a melhor conduta através da qual seria possível o equilíbrio na sociedade e a paz.

Nessa incomensurável caudal de Benfeitores, o pensamento proporcionou conteúdos portadores de harmonia e de esclarecimento necessários às experiências felizes.

No entanto e concomitantemente, a questão da imortalidade da alma tornou-se fundamental em todas épocas, em infatigáveis investigações que terminaram no Ocidente na construção do Idealismo ou sobrevivência, elaborado por Sócrates e Platão, assim como no Atomismo de Demócrito e Materialismo de Leucipo.

Desde então, as correntes apresentaram argumentos e facetas complexos e perturbadores.

Nesse ínterim, Jesus veio à Terra, e a Sua doutrina de amor equaciona todos os tormentos existenciais, por facilitar o entendimento dos desafios e provas que fazem parte do processo de iluminação do ser humano.

Seus exemplos e Sua mensagem ética alteram profundamente o rumo da sociedade embelezando-a com os formidandos valores da paz íntima e da afetividade em todo o seu significado.

Ao invés de palavras sonoras, ações significativas e transformadoras.

Mártires e heróis multiplicam-se em demonstração iniludíveis, confirmando o significado da sua decisão e enriqueceram a sociedade.

A inferioridade moral, no entanto, dos homens e mulheres animalizados, deu lugar a inúmeras congregações religiosas e, em breve, a mensagem de libertação ficou enjaulada no cimento e nos ferros da intolerância fazendo que desaparecessem das leiras do Cristianismo o próprio Jesus, substituído pelos Césares perversos e inescrupulosos.
Os Céus providenciaram o renascimento de Espíritos sublimes que mergulharam nas sombras do mundo, a fim de restaurarem a pulcritude do Evangelho.

São as vítimas dos holocaustos organizados pelos detentores do poder temporal, travestidos em donos do pensamento do Mestre agora dirigido para a matança e a vulgaridade das paixões em seus níveis mais vis.

Muitos foram combatidos rigorosamente pelas organizações políticas, disfarçadas de religiosas da Igreja, que deveria preservar o espírito da fé pura e descomprometida com os valores terrestres, enquanto outros que sobreviveram tiveram os seus ensinamentos deturpados e confundidos.

... Quando a Ciência rompeu com a intolerância e dominação religiosa, o materialismo avolumou-se nas consciências sofridas e nas mentes insatisfeitas, vítimas de um Deus indiferente às suas necessidades e, logo depois, Nietzsche matou Deus e fez o funeral do sagrado, seguido por outros filósofos que volveram ao proscênio terrestre e novamente O mataram na Revolução Francesa de 1789...

É nesse período que a promessa de Jesus, a respeito do Consolador que Ele enviaria após a grande orfandade, surgiu no Espiritismo e proclamou a glória  da vida em majestoso espetáculo de ciência, filosofia e moral, ensejando a religião universal do amor.

De imediato, os Imortais libertaram o Nazareno do presídio em que O haviam atirado e as Vozes espirituais proclamaram a Era de luz e de imortalidade na escuridão dos terríveis padecimentos humanos, explicando-os e ajudando-os a serem superados.

O tóxico do cepticismo que vige nos seres repudiados pelas religiões dominantes logo começou a envenenar as criaturas e, de repente, o materialismo, de maneira perversa, ressurgiu neles. Através de Engels, Marx e outros filósofos e estudiosos das diversas áreas do pensamento científico novamente se proclama a morte de Deus e da fé religiosa, especialmente a cristã, arrastando as massas para o abismo do prazer exacerbado e deixando tudo o mais sob a proteção mentirosa do Estado, propiciando igualmente recursos socioeconômicos para todos.

Quantas falsas promessas que foram constatadas e o são ainda hoje em todos os povos que adotaram esse comportamento político nas suas fileiras, demonstrando maior soma de miséria de todo porte e simultâneo maior enriquecimento da sua elite, os chefes e condutores das massas desestruturadas.

Infelizmente, sempre haverá uma classe dominante, a dos governantes desalmados e dos seus apaniguados e as diferenças morais, espirituais, emocionais trabalhando em favor da anarquia e do imediatismo ilusório da matéria.

Ao mesmo tempo, a loucura das vidas vazias de ideal e de esperança, mergulhando nos transtornos de conduta e da emoção desvairada, resultando em suicídios terríveis e violências contínuas.

A falta de um objetivo extrafísico, resultando no bem-estar pessoal, social e comunitário, produz o desespero que se tenta asfixiar na drogadição, no sexo em desgoverno, nas buscas incessantes de alguma sustentação moral, que a crença no corpo apenas não pode oferecer.

A religião racional, fundamentada em fatos, demonstrada em experiências intérminas e contínuas, o conforto moral dos seus ensinamentos, as possibilidades de convivência solidária entre todos os membros da sociedade, motivada pelo amor e pela fraternidade, enseja motivos seguros para as lutas em favor do bem e do progresso, da harmonia de cada qual e de todos, proporcionando uma sociedade feliz.

Enquanto, porém, viger soberano o egoísmo, câncer devorador da sociedade, enfrentaremos situações calamitosas, em que o poder mentiroso dos poderosos de um momento farão da Terra o grande desastre social e espiritual dos seres humanos.

A fatalidade da existência física breve demonstra que os dominadores de ontem não passam hoje de fantasmas que foram vencidos pela morte e desvelados os seus crimes vergonhosos, atrás dos quais se esconderam para apresentar uma glória não verdadeira, que também os tornava desventurados embriagados pela ilusão.

Será, portanto, através do comportamento exarado no Evangelho de Jesus e restaurado pelo Espiritismo que a sociedade sobreviverá após os desgastes e desastres da atualidade.

Já se encontram na luta do esclarecimento e da demonstração da realidade os heróis da Verdade, submissos às leis injustas e às perseguições desnaturadas que sobrevivem deixando sinais luminosos que servirão de pontes para o futuro redimido da Humanidade.

Desse modo, as trágicas consequências em desaires deste momento, logo mais cederão lugar ao Reino de Deus instalado nos corações.

Vianna de Carvalho
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na sessão mediúnica da noite de 2.1. 2023,
no Centro Espírita Caminho da Redenção,
em Salvador/BA

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014