Sexta-feira da Paixão - Divaldo Pereira Franco
Esta data representativa da Paixão de Jesus no seu trânsito terrível entre Anás e Caifás, os supremos doutores da lei israelita, a fim de ser intimidado após a traição de Judas e depois da prisão covarde no Jardim das Oliveiras, culminou com o terrível julgamento por Pilatos, representante de César, o imperador de Roma.

Tudo resultava da astúcia dos poderosos de Jerusalém, que temiam o Profeta de Deus que viera para estabelecer os parâmetros da felicidade na Terra e no Mais-além.

Dignitários covardes e réprobos, exploradores da ignorância do povo, a quem submetiam com a interpretação das Leis Soberanas e daquelas outras que eles próprios estabeleceram para locupletar-se nos bens que exploravam das suas vítimas, Ele foi vítima de terríveis calúnias, inclusive a de que afirmava ser superior a César.

Pilatos não desejava participar da ação criminosa, por questões religiosas muito comuns entre os judeus. Nada obstante, quando foi ameaçado de que estaria silenciando ante as injunções que envolviam o Império e o seu imperador, não teve alternativa, senão proceder ao hediondo julgamento.

A figura de Jesus dominava todos aqueles que mantinham qualquer contato com Ele; dessa forma, desde o primeiro momento, na véspera, o biltre romano ficou tocado com a Sua grandeza e percebeu-Lhe a inocência.

Para acalmar os acusadores, sem a coragem moral de suspender o julgamento sem provas, nem obediência aos códigos legais a tal respeito, mandou prendê-lO ao poste de castigos e chibatá-lO até quase a morte. E porque a sua pusilanimidade fora desmedida, amedrontado pelos perseguidores a negociá-lO com um criminoso tal Barrabás, havendo sido derrotado na sua proposta, cedeu à crucificação.

O espetáculo hediondo marcaria a História da Humanidade, ficando como uma mancha moral e espiritual através dos séculos.

Pilatos, logo depois, caiu em desgraça política e foi exilado na Suíça, onde terminou por suicidar-se, e todos quantos foram responsáveis pelo crime renasceram em situações dolorosas.

Durante a Idade Média, a Sexta-Feira da Paixão era uma contínua evocação da barbaridade cometida contra Jesus e, à medida que o tempo superou grande parte da ignorância e da superstição, vem-se tornando um fenômeno terrível, mas compreensível para a sociedade dos tempos modernos.

Já não existe tanta lamúria e dor evocativas da data, porque, de certo modo, ela se tem repetido no curso dos tempos, graças à miséria moral da sociedade.

Hodiernamente, com a decadência moral da Humanidade e o seu horror à grandeza do Evangelho, em contínuas tentativas para retirar o Divino Mestre da nossa cultura, essa data nos fala daquilo que ainda somos capazes de fazer...
 

Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde,
coluna Opinião, em 6.4.2023.
Em 10.4.2023.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014