Glória incomum - Joanna de Ângelis
A turbulência espalhava-se por toda parte e a ignorância campeava dominadora.
A dor espezinhava as criaturas humanas, reduzindo-as a animálias malcuidadas.
Em toda parte os preconceitos inferiores e as perversidades assinalavam a cultura vigente.

A esperança havia desaparecido nas mentes e a compaixão se desfizera nos sentimentos, substituída pela indiferença ou, muito pior, pelo desprezo e perseguição àqueles que não dispunham de recursos para o banquete da ilusão.

Glórias de um dia misturavam-se a desaires para toda a existência.
Multiplicava-se, surpreendente, a miséria econômica, filha cruel do desamor que permanecia em triunfo por toda parte, ameaçando de crimes e rebeliões contínuos os que se encontravam no poder.

Jerusalém não fugia à regra, que se tornara generalizada, de uma à outra parte do império romano.

A dominação pelas legiões voluptuosas de poder aumentava a angústia e a necessidade dos abandonados à própria má sorte. No palácio de Herodes, o Grande, o crime confraternizava com a legislação arbitrária, enquanto o pavor ameaçava os servos e os membros do governo. Não havia qualquer tipo de segurança ou de bem-estar, senão em breves momentos de embriaguez.

O terrível mandatário que temia perder o poder, não sendo judeu era pelo povo odiado, e, por sua vez, a todos odiava. A sua existência vil não desfrutava de paz, em razão da psicopatologia de desconfiar de todos, matando, indiscriminadamente.

Não poupara filhos nem a nobre esposa, acreditando-se imortal físico, sempre atento a qualquer movimento que, supondo ameaçador, esmagava com impiedade.

É nesse clima e nessa psicosfera enferma pelo ódio que nasceu Jesus.
O Mestre incomparável fez-se um amanhecer de esperança e de alegria na terrível noite de horror.

Anunciado, desde há muito, como sendo o Vingador vitorioso que alçaria a raça que se fizera eleita à glória solar, ocultou-se numa gruta de calcário nos arredores de Belém, a fim de iluminar o mundo para que nunca mais houvesse escuridão.

A Sua trajetória na Terra ultrapassou tudo quanto se esperava, porque deu lugar à era da ternura, da confiança e da felicidade aureolada pela paz.
Misturou-se à multidão esfaimada, enferma e desprezada, criando uma nova ordem de valores e de sociedade sob o beneplácito do amor, então desconhecido.
Semeou a compaixão e a misericórdia nos corações empedernidos, dando início à cultura da fraternidade sem jaça e da alegria transcendental.

Facilmente misturava-se com o poviléu e falava o seu idioma de necessidades e sonhos, de expectativas e de paz.

Jamais se absteve de atender o infortúnio de qualquer forma que se expressasse.
Aqueles que O conheceram, que conviveram com Ele e a Sua mensagem jamais O olvidariam.

E Ele modificou a conduta terrena.

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Desceu das excelsas alturas e, ao invés de apequenar-se entre as criaturas que estertoravam na agonia e nem sempre O compreendiam, cercou-as até às culminâncias da harmonia com ternura e sorrisos de amor.

Cumpriu o programa que desenhara para a Sua vilegiatura, e no momento exato, foi traído, negado e assassinado covardemente.

Mas apesar dessa circunstância ultriz voltou a semear a certeza da Imortalidade, confirmando os ensinamentos apresentados anteriormente.

Realizou tudo quanto enunciou e viveu na mesma situação daqueles aos quais oferecia o amor integral.

Sendo a bondade incomum, jamais anuiu com o erro e silenciou a criminalidade, omitindo-se ante a injustiça e as aberrações.

Não coniviu com os poderosos de um dia, nem os justificou nas ações perversas que se permitiam.

Íntegro, tornou-se o Modelo que pode e deve ser seguido por toda a Humanidade.

Retornou à Morada excelsa mas não se afastou daqueles a quem até hoje ama.

Agora, quando mais uma vez a Humanidade estertora, Ele distende as mãos de inefável caridade e o sublime verbo, recomendando a vivência do amor.

Atravessou séculos, amado e odiado, dominador e dominando conforme as paixões daqueles que se apropriaram da Sua mensagem, para volver em toda a Sua pureza na doutrina da Imortalidade, proclamando a paz e o perdão como recursos poderosos para promoverem o planeta a mundo de regeneração.


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Neste Natal não te esqueças de Jesus, que vem sendo substituído por personagens esdrúxulos num campeonato de mercado, indiferente à dor selvagem que, a quase todos, conquista e abate.

Acompanha o comportamento pessimista da sociedade ou sua exaltação pelas necessidades emocionais de serem notícia na comunicação virtual, acerca-te dos irmãos em sofrimento, conforme Ele o fez, e estarás contribuindo de maneira eficaz para a instalação do Seu reino nos corações.

Não apenas o faças neste Natal, sob as vibrações da noite santa, mas ajuda com o que possas a quem encontres, e estarás realizando a tua celebração com Ele, edificando o mundo ditoso de amanhã.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na sessão mediúnica da noite de 16.8.2017, no
Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 20.9.2023.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014