Alfredo Caetano Munhoz

Saindo da minha humildade, e cedendo aos impulsos da amizade e da admiração que tributo ao grande batalhador sobre cuja individualidade vou tentar escrever algumas palavras, suplico desde já aos leitores que perdoem a ousadia de um neófito nas lides da palavra escrita.

 

A quatro de fevereiro de 1845 nasceu Alfredo Munhoz, o incansável apóstolo do Espiritismo no Paraná; dedicou-se à vida pública, e sempre honrou os cargos que lhe foram confiados; hoje já com 64 anos de idade, trabalhador pertinaz, continua ainda a prestar seus serviços ao Estado, ocupando o cargo de diretor dos debates do Congresso Estadual.

 

Filiando-se à nova doutrina que se procurava implantar no Paraná, tornou-se ele um dos mais ardentes e esforçados missionários da Nova Revelação, nas terras paranaenses. Durante dez anos, nas páginas d’A Luz, o seu superior talento mostrou-se em toda a sua pujança; os trabalhos de Alfredo Munhoz nessa revista, que tanto ergueu o Espiritismo, constituem belíssimas produções da literatura das novas doutrinas.

 

Ele, porém, não se deixa adormecer diante dos louros colhidos: é o Mestre de sempre, infatigável e estudioso; e, se não fora a sua extrema modéstia, ocuparia atualmente um dos primeiros lugares na vanguarda da mentalidade paranaense.

Com estas humildes linhas, o meu único fim é fazer com que não seja uma mentira o que diz o conhecido provérbio latino - Justitia super omnia!

 

Curitiba, fevereiro de 1906.
Décio DÁltina (in Anuário Espírita da Revista A Doutrina)



O Comendador Alfredo Munhoz era paranaense, nascido em 4 de fevereiro de 1845, tendo se destacado desde muito moço nas lides do jornalismo e dos prélios literários pelos seus raros predicados de espírito.

Inteligência privilegiada e consagrada ao estudo, foi bem curta a trajetória da sua existência, para que ele se aprofundasse como desejava nos múltiplos ramos do saber humano.

Alfredo Munhoz conhecia perfeitamente várias línguas vivas e mortas; e isso lhe valeu a grande erudição que o fazia admirado e respeitado dentro e fora do País.

Dedicando-se desde muito jovem ao estudo do Espiritismo, tornou-se um dos mais devotados propagandistas da Nova Revelação, sendo os seus brilhantes artigos científicos e doutrinários consagrados pelos mestres da doutrina e traduzidos para o francês, o inglês e espanhol.

Alfredo R. Wallace, William Crookes, Aksakof, Lombroso, Myers, Du Prel, Zollner, Delanne, Dénis, na Europa; Theodoro Hansmann, Hyslop e Van Der Naillen, na América do Norte, para não falarmos dos cientistas sul-americanos, mantinham frequente correspondência com ele, cuja opinião, cujos conceitos eram acatados por esses sábios com particular carinho.

Alfredo Munhoz foi, no Paraná, um dos espíritas da primeira hora., A imprensa espírita paranaense nasceu da sua pena cintilante e dos seus devotados esforços.

A Luz, órgão do Centro Espírita de Curitiba, cuja fama correu mundo como uma revista significativa da elevada cultura filosófica-científica-doutrinária do nosso povo, fora o produto da sua vontade forte.

Como homem público, Alfredo Munhoz destacou-se pelo seu critério, zelo e inteligência, tendo ocupado, entre outros, o elevado cargo de Inspetor Geral da Fazenda Nacional, na então Província do Paraná.

O Governo Imperial, querendo recompensar os inestimáveis serviços prestados à Nação, agraciou-o com a Grã-Cruz da Ordem da Rosa.

Foi um dos fundadores do Centro Espírita de Curitiba, colaborou na revista A Doutrina, de Curitiba, e em muitos jornais e revistas do País e do Exterior.

Desencarnou em 1º de fevereiro de 1921, aos 77 anos, na capital paranaense.

Na certidão de óbito nº 28735, do Cartório Ermelino de Leão Neto, consta que era filho de Caetano José Munhoz e de Francisca Franco Munhoz. Foi casado em primeiras núpcias com Ritta de Oliveira Munhoz, tendo cinco filhos: Francisco, Rachel, Raul, Sylvia e Tharcíllo. E, em segundas núpcias, com Anália de Oliveira Munhoz, com quem teve três filhos: Ritta, Alfredo e Maria da Luz.


Revista de Espiritualismo,  ano VI, nº 2, de fevereiro de 1921, sendo
redator-chefe Flávio Luz e redator-secretário Lins de Vasconcellos
Em 24.1.2020.


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