Altivo Carissimi Pamphiro

O filho de Carolina Carissimi Pamphiro e de Altivo de Mattos Pamphiro ingressou no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) aos 16 anos de idade, onde começou a trabalhar como mensageiro.

 

Seria ele apenas mais um dos tantos meninos que por lá passavam, todos os anos, e que logo tinham de deixar o emprego por causa do serviço militar obrigatório, não fosse a gentileza, a dedicação e o sentimento de responsabilidade com que conduzia os mínimos afazeres.

 

Assim, seu comportamento não demorou a chamar a atenção dos companheiros mais antigos da sua e de outras seções, angariando a simpatia e o respeito de todos. E foi por motivos como esses que se realizou dentro do IRB um abaixo-assinado para pedir à direção da empresa a readmissão do jovem, tão logo ele estivesse quite com o serviço militar.

 

E o pedido foi aceito e por volta dos 19 anos de idade ele de novo estava na companhia dos colegas do Instituto, onde foi efetivado, em caráter definitivo, após prestar concurso, lá permanecendo até a aposentadoria no cargo de Contador.

Esta história singela é apenas para ilustrar a figura generosa de um trabalhador muito querido dentro do movimento espírita carioca, que na sexta-feira 17 de fevereiro de 2006, às 19h30min, fez sua passagem de regresso ao plano espiritual.

 

Altivo Carissimi Pamphiro estava internado no Hospital Barra D´Or, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde travou sua última luta contra o câncer que, embora o tenha enfraquecido fisicamente, espiritualmente só o fortaleceu.

 

Nascido em 24 de março de 1938, na cidade do Rio de Janeiro, os primeiros contatos de Altivo com o Espiritismo ocorreram no próprio local de trabalho, onde, em 1954, conheceu Brunilde Mendes e Vera Simões, esta hoje já desencarnada.

 

Ambas costumeiramente conversavam, nos horários de intervalo, sobre a Doutrina, assunto que passou a despertar o interesse do rapaz que, pouco depois, já lia as primeiras obras da Codificação.

 

Sentindo o entusiasmo do jovem, Brunilde o convidou para participar do Evangelho do Lar que realizava em sua casa.

 

O espírito para o trabalho em prol da Doutrina se revelava na mesma proporção da sua diversificada mediunidade, que incluía faculdades como psicografia, psicofonia, vidência, audiência e cura.

 

E como não era de recusar tarefas, participou com as amigas Brunilde e Vera de iniciativas que resultaram na fundação do Lar de Tereza, em Copacabana, na Zona Sul do Rio.

 

Depois, mobilizou suas energias para a fundação do Centro Espírita Léon Denis (CELD), que há mais de 40 anos funciona em Bento Ribeiro, sendo instituição das mais conhecidas e procuradas da Zona Norte da cidade, por ser referência no estudo e prática dos princípios espíritas, inclusive no campo social, atendendo centenas de pessoas carentes todos os meses.

 

Ao CELD dedicava praticamente todas as suas horas, atuando na parte mediúnica e dando aulas sobre "O livro dos Espíritos" e as obras de André Luiz. Também dedicava-se com o mesmo penhor às Edições CELD, voltadas, principalmente, para publicar traduções de Kardec, Léon Denis e das obras de autores como Gabriel Delanne e Ernesto Bozzano, além de oferecer oportunidade à nova safra de escritores cujo trabalho prima pela boa qualidade doutrinária.

 

"A ausência do companheiro de trabalho é sentida com carinho por todos nós da CELD e por aqueles que o conheceram como trabalhador e amigo amoroso de todos os momentos. Fossem eles felizes ou difíceis, sempre tinha uma palavra de entusiasmo e de amizade para com todos" - conta a coordenadora da gráfica e da editora da instituição, Maria Regina de Oliveira, que desde 1983 trabalhava com Altivo.

 

A rotina de Altivo começou a mudar em 2004 por causa de um câncer linfático e da quimioterapia a que teve de ser submetido.

 

Recuperado, voltou às lides, mas um ano e meio depois apareceu a leucemia, que quando descoberta, já estava em processo bem adiantado, levando-o à desencarnação.

 

O corpo de Altivo Carissimi Pamphiro foi enterrado no dia 18 de fevereiro, às 16 horas, no Cemitério de Inhaúma, onde compareceram milhares de pessoas, numa movimentação somente vista no sepultamento de personalidades públicas.

 

Mais uma comprovação do apreço que Altivo - que um dia contou com a mobilização dos colegas de trabalho para permanecer numa empresa - conquistou também junto ao movimento espírita, do qual sempre se mostrou fiel trabalhador, como atesta sua amiga de tantos anos Brunilde, do Lar de Tereza: "Ele foi uma referência para nós".


Fonte:Antonio Lucena, Correio Espírita de fevereiro de 2006.

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