José Soares Cardoso

Natural de Cedro do São João, município sergipano, nascia no dia 5 de fevereiro de 1927 José Soares Cardoso, um dos grandes semeadores da seara espírita. Filho de Pedro dos Santos Cardoso e Maria da Pureza Soares Cardoso, era autodidata.

 

Saiu de sua terra natal para São Paulo em 1946, tendo exercido diversas profissões, como bancário, comerciante, representante comercial e jornalista, além de editor do informativo mensal GUIAPRESS, que circulou em Cuiabá de 1983 a 1989.

 

Ocupando a função de representante comercial autônomo, percorreu grande parte do Brasil, levando a inúmeras cidades do país a sua mensagem de paz e fraternidade através da poesia.

 

Espírita militante desde 1951, transformou os Centros Espíritas do Brasil em sua tribuna, exercendo um dos mais belos ensinamentos deixado pelo Mestre Jesus: semear o amor. De acordo com o livro Parábolas e Ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel, a palavra de Deus, a semente, é uma só, mesmo que seja apregoada em toda parte, desde que o homem se achou em condições de recebê-la. A terra que recebe as sementes representa o estado intelectual e moral de cada pessoa, e dessa forma Cardoso colocou em prática a frase de Jesus:  e saiu o semeador a semear a sua semente.

 

 Devido a essa admirável força de vontade, esse poeta pregava o Evangelho de Jesus em versos, em diversas conferências, recitais em clubes de serviços, Lojas Maçônicas e teatros de diversas cidades. Membro da UBE - União Brasileira de Escritores, suas obras ficaram registradas em livros e discos LP, como Acordes Espirituais (1955), Onde está Deus? (1976), Sonhos e Vivências (1984), Mato Grosso em foco (1989) e o esplendoroso livro Deus conosco em prosa e verso (1991), sua última obra antes de sua desencarnação, ocorrida em 16 de junho de 1991.

 

Homem de profunda pureza de coração e espírito elevado, era querido por todos onde passava. Participou de inúmeras sociedades culturais e atividades artísticas no movimento espírita, encantando a todos pela beleza de suas músicas e sua voz invejável, que, durante a sua enfermidade nos últimos momentos de vida carnal, ele perdeu. Considerado por muitos como um artista autêntico e nato, buscando sempre a essência das coisas nas profundezas do seu sublimado ideal cristão, José Soares Cardoso, em seus versos, conclamava aos homens de todo mundo que vigiassem seus pensamentos a fim de possibilitar que cada um pudesse, dentro de suas limitações, promover a construção de um mundo de paz e cheio de amor.

 

Segundo Lenine Póvoas, que em 1983 era Presidente da Academia Matogrossense de Letras, Soares Cardoso combatia o vendaval do materialismo brandindo apenas a arma da sua poesia admirável, no desejo de trazer de volta ao bom caminho os que se perderam nas trilhas do vício, do desajuste e da violência, sempre na esperança de que os valores éticos da vida voltariam a ser aplaudidos e venerados.

 

 José Soares Cardoso, em sua obra Onde está Deus?, disse que em face da agressividade do mundo atual sentia que a construção dessa obra fora um dever imposto pela sua própria consciência.

 

Embora considerasse minúsculas suas contribuições, oferecia seus livros escritos em poesias como armas a serem utilizadas na guerra contra as guerras, na batalha contra o ódio que tanto separa os corações humanos. Alegrava-se ainda em saber que não viveu em vão, que não se calou diante da maldade, diante da indiferença e do desamor, mas que plantou com suas mãos de poeta uma semente de amor na Terra.

 

O Evangelho segundo o Espiritismo nos ensina que devemos procurar os verdadeiros cristãos e reconhecê-los por suas obras, pois uma árvore boa não pode dar maus frutos. Cardoso, em uma de suas poesias, mostra claramente essa passagem quando diz que a palavra de Deus, como a semente que o lavrador dentro da terra lança, floresce um dia inesperadamente, em árvore de paz e de bonança, e que a paisagem de sol e de esperança descortina-se alegre à nossa frente, infundindo em nossa alma a confiança de semear o bem permanente.

 

 Abri, pois, vossos ouvidos e vossos corações, meus bem-amados. Cultivai esta árvore da vida, cujos frutos proporcionam a vida eterna. Aquele que a plantou vos convida a cuidá-la com amor, que ainda a vereis dar com abundância os seus frutos divinos. Deixai-a assim como o Cristo vo-la deu: não a mutileis. Sua sombra imensa quer estender-se por todo o universo; não lhe corteis a ramagem. Seus frutos generosos caem em abundância, para alentar o viajor cansado, que deseja chegar ao seu destino.


Fonte: O Imortal, agosto 2013.
Em 29.10.2013.

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