SANSON
Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris - eis a forma como o Espírito se identifica, assinando a mensagem Perda de pessoas amadas. - Mortes prematuras (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 21), e a que se encontra inserida no cap. XI, item 10, da mesma obra, e que disserta a respeito de A lei de amor, ambas datadas do ano 1863.

Sanson era membro da Sociedade Espírita de Paris e desencarnou no dia 21 de abril de 1862, após mais de um ano de sofrimentos cruéis, conforme nos informa o Codificador na Revista Espírita do mês de maio do mesmo ano. Quase dois anos antes, o sr. Sanson dirigira a Kardec, na qualidade de Presidente da dita Sociedade, uma carta onde solicitava que, após a sua morte, fosse evocado e o mais imediatamente possível. Isto fazia, reafirmando um desejo que expressara há cerca de um ano. O seu era o propósito de, através dessa espécie de autópsia espiritual servir no além-túmulo, dando-lhe os meios de estudar fase por fase, nessas evocações, as diversas circunstâncias que se seguem ao que o vulgo chama a morte.

Recomendando-se às preces dos companheiros da Sociedade Espírita de Paris, discorre ainda, na mesma missiva, sobre sua preocupação com respeito à escolha e oportuno momento de sua próxima reencarnação.

Allan Kardec compareceu, com alguns membros da Sociedade, ao local onde se encontrava o corpo do sr. Sanson e ali, uma hora antes do enterro, deu-se a sua primeira comunicação, onde demonstrou plena ciência de sua situação, afirmando que, após 8 horas de sua morte, recobrara a lucidez das suas ideias. O médium que serviu de intermediário foi o sr. Leymarie, que jamais tinha visto o sr. Sanson e desconhecia o seu caráter, os seus hábitos e muito menos sabia se ele tinha filhos, o que na mensagem é mencionado, provando a sua autenticidade, onde o Espírito se revela pelo seu lápis.

À beira do túmulo, Allan Kardec discursa, apresentando o sr. Sanson como um homem de bem em toda a extensão do vocábulo. Diz ainda que ele era dotado de uma inteligência incomum, desenvolvida por uma instrução variada e profunda. Simples nos seus modos de vida, aplicava a sua atividade intelectual em pesquisas e invenções muito engenhosas que, no entanto, não lhe trouxeram resultados.

Era um desses homens que jamais se aborrecem, porque sempre estão pensando em algo de sério. Conquanto sua posição o tivesse privado daquilo que faz a doçura da vida, seu bom humor jamais se alterava.

A crença espírita o ajudou a suportar os longos e cruéis padecimentos com uma paciência e uma resignação muito cristãs. Não há um só dentre nós, prossegue o Codificador, que o tendo visto em seu leito de dor não se tenha edificado com a sua calma e a sua inalterável serenidade. Desde muito tempo ele previa o seu fim; mas, longe de se apavorar, o esperava como a hora da libertação. Ah! é que a fé espírita dá, nesses momentos supremos, uma força da qual só se dá conta quem a possui. E o sr. Sanson a possuía em grau supremo.

Nos dias 25 de abril e 2 de maio do mesmo ano de 1862, outras duas palestras ocorrem, em que, ainda servindo como médium o sr. Leymarie, o Espírito Sanson responde as questões mais delicadas da situação do Espírito após a morte física, dizendo-se muito feliz por me tornar útil aos meus antigos colegas e ao seu digno presidente.

Nas observações do mestre lionês, as palestras propiciam um elevado ensino na descrição que ele faz do próprio instante da transição e salienta que nem todos os Espíritos seriam aptos a descrever esse fenômeno com tanta lucidez quanto ele. O sr. Sanson viu na sua morte o seu próprio renascimento, circunstância pouco comum e que devia à elevação de seu Espírito.

Fontes
1.O Evangelho Segundo o Espiritismo/Allan Kardec. FEB, 1987.
2. Revista Espírita/Allan Kardec, maio e junho de 1862. EDICEL.
Em 17.4.2020

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014