Natural de Ponta Grossa, PR. Foi funcionário da Receita Federal. Ingressou no Conselho Deliberativo em 1963. Exerceu ainda os seguintes cargos: 1º Tesoureiro, Tesoureiro Geral, Secretário Geral, Diretor do Albergue Noturno, 1º Vice-Presidente.
Em 23.7.2012.
O mês de fevereiro assinala o natalício de nobre companheiro espírita. Em verdade, um batalhador do Movimento Espírita Paranaense.
Nascido em Ponta Grossa, no ano de 1919, no dia 2, completa 81 anos este mês. E, pasmem: está estudando piano!
Suas mãos de dedos longos acariciam o teclado e vão extraindo notas harmônicas e melodiosas do soberbo instrumento.
Acostumamo-nos a vê-lo nas manhãs de domingo, inicialmente no Centro Espírita Abibe Isfer, nas palestras e, atualmente, no Teatro da FEP. Quando não se encontra na Coordenação da atividade, ei-lo lúcido e atento à fala dos palestrantes.
Se algum companheiro necessita de companhia e apoio para viagens curtas ou longas, ele está a postos, sempre disposto.
Falamos a respeito de nosso querido amigo das lides federativas, João de Mattos Lima, exemplo de trabalho e dedicação.
Por suas mãos chegamos à Federação Espírita do Paraná - FEP. Com sua fala baixa e pausada, disse-nos , em nome da Diretoria, da intenção de que viéssemos somar esforços na equipe.
Afinal, mencionou na ocasião, há poucos mais de dez anos, há que se abrir espaço para pessoas de maior vigor. Estamos nos encaminhando para o mundo espiritual, pois que nossas forças físicas já não são tantas.
Contudo, enquanto muitos já se recolheram por se acharem cansados, idosos etc, nosso Joãozinho, como carinhosamente é chamado, continua firme, com seu sorriso espontâneo e sempre de bom humor. Como diriam os jovens: Com ele, não tem tempo quente.
Adentrando na tarefa espírita na cidade de Ponta Grossa, que ele denomina de Meca do Espiritismo, pelas mãos do Maestro e professor do Colégio Regente Feijó, Álvaro Holzmann, ingressou na Sociedade Espírita Francisco de Assis, pelos idos de 1943/1944.
Recordando desses tempos , ele menciona a observação do saudoso Álvaro: Jovem, você é solteiro? Precisa casar para assentar bem direitinho e se entrosar, ainda mais, nesta casa Espírita.
Embora em suas vindas a Curitiba, Joãozinho costumasse frequentar o Centro Espírita Ildefonso Correia, de que foram fundadores seus padrinhos Eliseu Amadeu dos Santos e Maria da Glória Santos, foi somente em 1956 que, já adulto, estabelecido na capital paranaense, se entrosou naquela Sociedade Espírita.
Ali ocupou cargo de tesoureiro e foi membro do Conselho Deliberativo, junto a Clemente Pontarolli, Nedy Sckroch, Carlota Riesemberg, Issam Farah , Walter do Amaral , que foram chegando mais tarde e Antonio Roza Pereira da Costa Santos.
No ano de 1969, residindo no bairro do Centro Cívico, onde ainda reside, foi participar do Centro Espírita Trabalho, Solidariedade e Tolerância, cuja construção administrou, tendo ocupado, inclusive, a Presidência nos primeiros anos.
Natural que um trabalhador tão ativo, não passasse despercebido pelo olhar atento dos que desenvolviam à época o trabalho federativo. E foi Honório Mello que convidou João de Mattos Lima para ingressar na FEP.
Em 1963, foi eleito para o Conselho Deliberativo da Federação Espírita do Paraná.
A Diretoria de então comportava presidente, dois vices, secretário geral, 1º e 2º secretários, tesoureiro geral, 1º e 2º tesoureiros. Não demorou a ocupar a 1ª tesouraria, passando logo em seguida a Tesoureiro Geral, cargo que exercia à noite, pois durante o dia as atividades profissionais lhe tomavam as horas.
Dos fatos inusitados que aconteceram nas tantas noites que ficava sozinho trabalhando no prédio da rua Saldanha Marinho, recorda de certa noite em que teve o trabalho interrompido por um choro de criança. Olhou, verificou e nada encontrou. De volta ao labor, retornou o choro. Com maior cuidado, descobriu um embrulho onde um bebezinho abandonado se mexia.
Apanhou a criança e a entregou aos cuidados da Sra. Elvira Marchesini Vaz, no Albergue Noturno, ao lado, orientando-a para que no dia seguinte tomasse as providências devidas junto ao Juizado de Menores.
Foi diretor do Albergue Noturno por doze anos, tendo ocorrido em sua gestão a transferência da sede da Alameda Cabral para o local atual, no Capanema, no ano de 1980.
Foi ainda Secretário Geral e, finalmente, eleito 1º Vice-Presidente da Federação, assumiu a Presidência pelo prazo de seis meses, pois que Napoleão de Araújo licenciou-se à época. Nesses seis meses, o que se verificou de importância maior foi a fusão dos Conselhos Diretor, Deliberativo, Federativo e Comissão Fiscal. Estava instalado o Conselho Federativo, a partir do que os Presidentes das Uniões Regionais Espíritas, que até então não tinham direito a voto, passaram a participar de todas as reuniões do Conselho Federativo, na qualidade de membros.
Na gestão seguinte tornou a ser eleito 1º Vice-Presidente, com Walter do Amaral na Presidência.
De suas memórias, repletas de casos pitorescos, guarda lembranças carinhosas de vultos como Olegário de Arruda que, além de médium receitista, aviava as receitas na Farmácia existente na FEP. Eram outros tempos, outras necessidades. Recorda-se do trabalhador incansável que era Abibe Isfer, atuando de segunda a sexta-feira, nas reuniões públicas de leitura do Evangelho, passes e receituário.
Até hoje, Joãozinho é quem tem para com as Obras Assistenciais mantidas pela FEP um especial carinho. Conhece todas e as visita com regularidade.
No Conselho Federativo é quem mais escuta. Fala pouco. Mas quando o faz, a sua é a fala de quem muito viveu, trabalhou e conhece o espírito humano. Sugere, pondera, opina, consciente da sua tarefa de conselheiro de uma Federativa de expressivo trabalho espírita.
Ele é assim. Presente. Participante do Grupo de Planejamento de Ação Doutrinária da FEP, idealizado pela atual Presidência e que já completou seu primeiro ano de atividades, contribui sempre, sem alarde.
Em todo evento espírita promovido pela FEP, ele lá está. Sempre tem tempo para assistir o Teatro Infantil, o Encontro Artístico de Natal, participar de treinamentos, palestras, simpósios.
É um jovem trabalhador de 81 anos, disposto a aprender, a trabalhar, a dar de si mesmo.
João de Mattos Lima
Adentrou na tarefa espírita na cidade de Ponta Grossa, pelas mãos do Maestro Álvaro Holzmann, ingressando na Sociedade Espírita Francisco de Assis, pelos idos de 1943.
Embora em suas vindas a Curitiba, Joãozinho costumasse frequentar o Centro Espírita Ildefonso Correia, de que foram fundadores seus padrinhos Eliseu Amadeu dos Santos e Maria da Glória Santos, foi somente em 1956 que, já adulto, estabelecido na capital paranaense, se entrosou naquela Sociedade Espírita.
Ali ocupou cargo de tesoureiro e foi membro do Conselho Deliberativo. No ano de 1969, residindo no bairro do Centro Cívico, foi participar do Centro Espírita Trabalho, Solidariedade e Tolerância, cuja construção administrou, tendo ocupado, inclusive, a Presidência nos primeiros anos.
Natural que um trabalhador tão ativo, não passasse despercebido pelo olhar atento dos que desenvolviam à época o trabalho federativo. E foi Honório Melo que convidou João de Mattos Lima para ingressar na FEP, o que se deu no ano de 1958.
Em 1963, foi eleito para o Conselho Deliberativo da Federação Espírita do Paraná. Não demorou a ocupar a 1ª tesouraria, passando logo em seguida a Tesoureiro Geral, cargo que exercia à noite, pois durante o dia as atividades profissionais lhe tomavam as horas. E era dona Elvira Marquesini que vinha do Albergue lhe trazer um café, um pequeno lanche, para vencer as horas da noite. Um trabalhador dedicado e operoso.
Foi diretor do Albergue Noturno por doze anos. Foi ainda Secretário Geral e, finalmente, eleito 1º Vice-Presidente da Federação, assumiu a Presidência pelo prazo de seis meses, em 1986.
Trabalhou ao lado de extraordinários servidores da FEP, como Olegário Arruda, Honório Melo, Abibe Isfer, João Ghignone, Napoleão Araújo e sua memória lembra das peripécias ou talvez devêssemos dizer das aventuras que era viajar pelo Estado, em estradas barrentas, em ficar retido dias em determinada localidade, sem poder retornar porque as estradas estavam bloqueadas.
João de Mattos Lima, trabalhador sempre presente, é membro honorário do Conselho Federativo Estadual.
O Jornal Mundo Espírita lhe tributou justa homenagem no ano 2000. Mas, ao completar seus 112 anos de fundação, a Federação Espírita do Paraná o homenageou uma vez mais, convidando-o a participar da festividade, na qual recebeu uma placa com os dizeres:
A Federação Espírita do Paraná se sente honrada em tê-lo em seu quadro de servidores do Bem e lhe tributa gratidão pelos seus anos de dedicado trabalho.
1958 – 2014
Era para ser uma festa surpresa mas, a fim de evitar qualquer emoção em demasia, que lhe pudesse causar algum transtorno físico, ele foi avisado um pouco antes de tudo acontecer.
Os familiares, os amigos, os companheiros espíritas que ombrearam com ele se fizeram presentes. Ninguém perderia algo tão importante: comemoração de um século de existência.
Lúcido, com seu característico bom humor, o corpo magro, um pouco curvado mas impressionantemente ágil no pensamento.
A surdez não lhe permitia ouvir tudo que lhe diziam mas nada mais o impediu de extravasar alegria. Era um menino desfrutando sua grande festa de aniversário.
Os abraços se sucediam, cada um mais demorado que outro. Posou para fotos, muitas fotos com todos e com cada um.
Teve bolo com velinhas, música, baile e ele não se furtou a dançar, no compasso certo, como quem traz a harmonia dentro do peito e facilmente a interpreta corporalmente.
Houve homenagens, oração, agradecimentos familiares exaltando uma vida cheia de nobreza e lições.
A FEP lhe ofereceu um vídeo, relatando sua laboriosa trajetória na instituição. Também uma placa em veludo azul escuro, aludindo aos cem anos de semeadura farta.
Ele agradeceu e recordou, sorrindo, de lances vividos com companheiros que já se foram, as viagens doutrinárias, as amizades fruídas.
Não era um idoso falando saudoso. Era um jovem reprisando emoções.
Foi uma festa emocionante sobretudo porque, com sua forma de ser, tudo que ouvimos a seu respeito de tantos familiares, amigos, pudemos ter certeza de que a sua vida é um exemplo.
Um grande exemplo de nobreza, de trabalho, de ponderação, de alegria e somente nos sentimos gratos por fazermos parte dessa vida.
João de Mattos Lima
Desencarnou Joãozinho, como era carinhosamente nominado, cem anos completados em fevereiro. Comemorados numa festa de alegria e de muitas recordações, que a lucidez dele permitiu.
Trabalhador de anos passados, foi homenageado pela Federativa, que lhe reconheceu os esforços, em várias oportunidades: foi banner da VII Conferência Estadual Espírita; foi retratado em folders de mensagens, em 2005 e 2009; recebeu placa de agradecimento em 23.8.2014 e especial pelo seu centenário, em fevereiro de 2019; recebeu referências, em artigos específicos, neste Jornal, em fevereiro de 2000 e novembro de 2014, além de texto do Momento Espírita, que foi ao ar em 1º.4.2019.
A partir de 2013, quando dificuldades de translado principiaram a lhe ocasionar impedimentos para comparecimento ativo, foi eleito membro honorário do Conselho Federativo Estadual que, até então, integrara.
Regressou ao Mundo Espiritual em 23 de setembro, próximo às 2h da madrugada. A primavera rompera no dia anterior e para ele, agora, era o anúncio da aurora do Espírito liberto.
Partiu sereno como foi sua vida. Deixou muitos amores: familiares, amigos, idealistas da Doutrina Espírita, trabalhadores do Movimento Espírita.
No corpo, que ficou na Capela Esmeralda, em Curitiba, para visitação, portava na lapela do terno o bóton da FEP.
Segundo a filha, Juvita, ele não ía a lugar nenhum sem ele.
A emoção nos disse que, na Espiritualidade, será seu emblema de trabalho.
Joãozinho dizia que o que o entristecia, na vida, era a impossibilidade de prosseguir no trabalho, tanto quanto apreciaria.
O trabalho espírita, afirmava, lhe fazia falta.
No entanto, a coluna Revista Espírita, do Jornal Mundo Espírita, iniciada em novembro de 2011, era de sua responsabilidade. Sua era a seleção dos textos. Diga-se, adiantando-se, deixou textos prontos até a edição de dezembro.
Optando pela cremação, manifestou o desejo de que as cinzas fossem jogadas na Ponta da Pita, em Antonina, lugar de sua predileção.
Maria Helena Marcon
Em 31.10.2019.
© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014