Sesquicentenário da desencarnação de Allan Kardec
Após uma noite de reflexões, quando foi visitado pelo Espírito de Verdade, que lhe comandava o trabalho missionário, despertou eufórico e recompensado interiormente.

Pela manhã, entre 10h e 11h, após atender a um jovem que veio adquirir um exemplar da Revista Espírita, sentiu-se enlevado. Emoções complexas assomaram-lhe do coração ao cérebro, e ele rodopiou nos calcanhares, tombando fulminado no solo...

Era o dia 31 de março de 1869.

O Codificador do Espiritismo havia terminado a tarefa na Terra.1

Evocando os 150 anos do fato, os seus discípulos, os que o amamos, o desejamos reverenciar, como Espírito Imortal que prossegue a trabalhar, onde quer que se encontre.

Deus te abençoe, Allan Kardec, incorruptível servidor da Verdade!

Vela por nós e ajuda-nos a servir ao Bem conforme o fizeste, bandeirante da luz!1

Ao elaborar o Projeto 1868, Allan Kardec estabeleceu, entre outros apontamentos, como seriam importantes as VIAGENS: Dois ou três meses do ano seriam consagrados a viagens, em visita aos diferentes centros e a lhes imprimir boa direção.

Se os recursos o permitissem, instituir-se-ia uma caixa para custear as despesas de viagem de certo número de missionários, esclarecidos e talentosos, que seriam encarregados de espalhar a doutrina.2

Ele próprio realizou viagens a partir de 1860 (Sens, Mâcon, Lyon, Saint- Étienne); 1861 (Sens, Mâcon, Lyon, Bordeaux); 1862 (vinte cidades); 1864 (Douai, Bruxelas, Antuérpia); 1867 (Orléans, Tours, Bordeaux).

Para a viagem de 1862, o Codificador utilizou mais de seis semanas, percorrendo 693 léguas  e assistiu a mais de cinquenta reuniões.3 Nesse período, a França possuía uma malha ferroviária que cortava o país em todas as direções e cujos trens trafegavam na incrível velocidade  de cinquenta quilômetros por hora...4

Especifica Kardec seus objetivos: dar instruções onde estas fossem necessárias e,  ao mesmo tempo, nos instruirmos. Queríamos ver as coisas com os nossos próprios olhos, para julgar do estado real da Doutrina e da maneira pela qual ela é compreendida; estudar as causas locais favoráveis ou desfavoráveis ao seu progresso, sondar as opiniões, apreciar os efeitos da oposição e da crítica e conhecer o julgamento que se faz de certas obras.

Estávamos desejosos, sobretudo, de apertar a mão de nossos irmãos espíritas e de lhes exprimir pessoalmente a nossa mui sincera e viva simpatia, retribuindo as tocantes provas de amizade que nos dão em suas cartas; de dar, em nome da Sociedade de Paris, e em nosso próprio nome, em particular, um testemunho especial de gratidão e de admiração a esses pioneiros da obra que, por sua iniciativa, seu zelo desinteressado e seu devotamento, constituem os seus primeiros e mais firmes sustentáculos, marchando sempre para frente, sem se inquietarem com as pedras que lhes atiram e pondo o interesse da causa acima do interesse pessoal.4

Exemplificando o trabalhador consciente que se doa e colabora com o Movimento Espírita, enfatiza que Os gastos de viagem, como todos os que necessitam as nossas relações para o Espiritismo, são cobertos por nossos recursos pessoais e nossas economias, acrescidas do produto de nossas obras, sem o que ser-nos-ia impossível enfrentar todos os encargos consequentes da obra que empreendemos. Digo isto sem vaidade, mas unicamente em homenagem à verdade e para edificação dos que imaginam que entesouramos.3

Referências:
1 FRANCO, Divaldo Pereira. Espiritismo e vida. Pelo Espírito Vianna de Carvalho. Salvador: LEAL, 2009. cap. 5.
2 KARDEC, Allan. Obras póstumas. Rio de Janeiro: FEB, 2006. pt. 2, Projeto 1868.
3 ______. Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos. São Paulo: EDICEL, 1965. ano V, novembro 1862, v. 11, Viagem espírita em 1862.
4 ______. Viagem Espírita em 1862 e outras viagens de Kardec. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Nota do tradutor.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014