A respeito das publicações espíritas
Há uma coisa ainda mais prejudicial ao Espiritismo do que os ataques apaixonados de seus inimigos: é o que publicam, em seu nome, seus pretensos adeptos. Certas publicações são realmente lamentáveis, porque não podem dar do Espiritismo senão uma ideia falsa e expô-la ao ridículo.
Isso me leva a dizer algumas palavras sobre a publicação das comunicações mediúnicas.
A publicação tanto pode ser útil, se feita com discernimento, quanto perniciosa, em caso contrário. No número dessas comunicações existem as que, por melhores que sejam, só interessam àqueles que as recebem, não oferecendo aos leitores estranhos senão banalidades. Outras apenas têm interesse pelas circunstâncias nas quais foram dadas, e sem o conhecimento das quais são insignificantes. (...) Mas, ao lado disto, algumas há que são evidentemente más, no conteúdo e no estilo e que, sob nomes respeitáveis e apócrifos, contêm coisas absurdas ou triviais, o que muito naturalmente se presta ao ridículo e dá armas à crítica. É pior ainda quando, sob a proteção desses mesmos nomes, elas formulam sistemas excêntricos, ou grosseiras heresias científicas.(...) Mas, publicá-las pura e simplesmente é apresentá-las como expressão da verdade e garantir a autenticidade das assinaturas, que o bom senso não pode admitir; eis o inconveniente.
Como os Espíritos têm seu livre-arbítrio e sua opinião sobre os homens e as coisas, compreender-se-á que há escritos que a prudência e a conveniência mandam afastar. No interesse da Doutrina, convém, pois, fazer uma escolha muito severa em semelhante caso, eliminando com cuidado tudo quanto possa, por uma causa qualquer, produzir má impressão. O médium, conformando-se a esta regra, poderia fazer uma coletânea muito instrutiva, que seria lida com interesse, ao passo que, publicando tudo quanto recebe, sem método e sem discernimento, poderia fazer vários volumes detestáveis, cujo menor inconveniente seria o de não serem lidos.
É preciso que se saiba que o Espiritismo sério patrocina com satisfação e zelo toda obra feita em boas condições, venha de onde vier; mas, por outro lado, repudia todas as publicações excêntricas.
Todos os espíritas que se empenham para que a Doutrina não seja comprometida devem, pois, esforçar-se para as condenar, tanto mais porque, se algumas delas são feitas de boa fé, outras podem sê-lo pelos próprios inimigos do Espiritismo, tendo em vista desacreditá-lo e poder motivar acusações contra ele.
Daí porque, repito, é necessário que se conheça o que ele aceita, daquilo que repudia.1
(...) Há comunicações que podem prejudicar essencialmente a causa que querem defender, em intensidade superior aos ataques grosseiros e às injúrias de certos adversários; se algumas fossem feitas com tal objetivo, não alcançariam melhor êxito.
Para começar, tais publicações têm o inconveniente de induzir em erro as pessoas que não estão em condições de aprofundar-se e de discernir sobre o verdadeiro e o falso, principalmente numa questão tão nova quanto o Espiritismo. Em segundo lugar, são armas fornecidas aos adversários, os quais não perdem a oportunidade para tirar daí argumentos contra a alta moralidade do ensino Espírita; porque, diga-se mais uma vez, o mal está em apresentar seriamente coisas que são notórios absurdos.
Alguns mesmo podem ver uma profanação ao papel ridículo que emprestamos a certas personagens justamente veneradas e às quais atribuímos uma linguagem indigna delas.
As pessoas que estudaram a fundo a ciência espírita sabem qual a atitude que convém a este respeito. Sabem que os Espíritos zombeteiros não têm o menor escrúpulo de enfeitar-se com nomes respeitáveis; mas sabem também que estes Espíritos só abusam daqueles que gostam de se deixar abusar, que não sabem ou não querem esclarecer as suas astúcias pelos meios de controle já conhecidos.
(...)Publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte seria, em nossa opinião, dar prova de pouco discernimento.2
Aplicando esses princípios de ecletismo às comunicações que nos são enviadas, diremos que em 3.600 há mais de 3.000 que são de uma moralidade irreprochável, e excelentes como fundo; mas que desse número nem 300 merecem publicidade e apenas 100 têm mérito fora do comum.
Resta-nos dizer algumas palavras sobre manuscritos ou trabalhos de fôlego que nos remeteram, entre os quais, não encontramos, em trinta, mais que cinco ou seis de real valor. No mundo invisível, como na Terra, não faltam escritores, mas os bons são raros.
Toda precaução é pouca para evitar as publicações lamentáveis. Em tais casos, mais vale pecar por excesso de prudência, no interesse da causa. 3
Isso me leva a dizer algumas palavras sobre a publicação das comunicações mediúnicas.
A publicação tanto pode ser útil, se feita com discernimento, quanto perniciosa, em caso contrário. No número dessas comunicações existem as que, por melhores que sejam, só interessam àqueles que as recebem, não oferecendo aos leitores estranhos senão banalidades. Outras apenas têm interesse pelas circunstâncias nas quais foram dadas, e sem o conhecimento das quais são insignificantes. (...) Mas, ao lado disto, algumas há que são evidentemente más, no conteúdo e no estilo e que, sob nomes respeitáveis e apócrifos, contêm coisas absurdas ou triviais, o que muito naturalmente se presta ao ridículo e dá armas à crítica. É pior ainda quando, sob a proteção desses mesmos nomes, elas formulam sistemas excêntricos, ou grosseiras heresias científicas.(...) Mas, publicá-las pura e simplesmente é apresentá-las como expressão da verdade e garantir a autenticidade das assinaturas, que o bom senso não pode admitir; eis o inconveniente.
Como os Espíritos têm seu livre-arbítrio e sua opinião sobre os homens e as coisas, compreender-se-á que há escritos que a prudência e a conveniência mandam afastar. No interesse da Doutrina, convém, pois, fazer uma escolha muito severa em semelhante caso, eliminando com cuidado tudo quanto possa, por uma causa qualquer, produzir má impressão. O médium, conformando-se a esta regra, poderia fazer uma coletânea muito instrutiva, que seria lida com interesse, ao passo que, publicando tudo quanto recebe, sem método e sem discernimento, poderia fazer vários volumes detestáveis, cujo menor inconveniente seria o de não serem lidos.
É preciso que se saiba que o Espiritismo sério patrocina com satisfação e zelo toda obra feita em boas condições, venha de onde vier; mas, por outro lado, repudia todas as publicações excêntricas.
Todos os espíritas que se empenham para que a Doutrina não seja comprometida devem, pois, esforçar-se para as condenar, tanto mais porque, se algumas delas são feitas de boa fé, outras podem sê-lo pelos próprios inimigos do Espiritismo, tendo em vista desacreditá-lo e poder motivar acusações contra ele.
Daí porque, repito, é necessário que se conheça o que ele aceita, daquilo que repudia.1
(...) Há comunicações que podem prejudicar essencialmente a causa que querem defender, em intensidade superior aos ataques grosseiros e às injúrias de certos adversários; se algumas fossem feitas com tal objetivo, não alcançariam melhor êxito.
Para começar, tais publicações têm o inconveniente de induzir em erro as pessoas que não estão em condições de aprofundar-se e de discernir sobre o verdadeiro e o falso, principalmente numa questão tão nova quanto o Espiritismo. Em segundo lugar, são armas fornecidas aos adversários, os quais não perdem a oportunidade para tirar daí argumentos contra a alta moralidade do ensino Espírita; porque, diga-se mais uma vez, o mal está em apresentar seriamente coisas que são notórios absurdos.
Alguns mesmo podem ver uma profanação ao papel ridículo que emprestamos a certas personagens justamente veneradas e às quais atribuímos uma linguagem indigna delas.
As pessoas que estudaram a fundo a ciência espírita sabem qual a atitude que convém a este respeito. Sabem que os Espíritos zombeteiros não têm o menor escrúpulo de enfeitar-se com nomes respeitáveis; mas sabem também que estes Espíritos só abusam daqueles que gostam de se deixar abusar, que não sabem ou não querem esclarecer as suas astúcias pelos meios de controle já conhecidos.
(...)Publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte seria, em nossa opinião, dar prova de pouco discernimento.2
Aplicando esses princípios de ecletismo às comunicações que nos são enviadas, diremos que em 3.600 há mais de 3.000 que são de uma moralidade irreprochável, e excelentes como fundo; mas que desse número nem 300 merecem publicidade e apenas 100 têm mérito fora do comum.
Resta-nos dizer algumas palavras sobre manuscritos ou trabalhos de fôlego que nos remeteram, entre os quais, não encontramos, em trinta, mais que cinco ou seis de real valor. No mundo invisível, como na Terra, não faltam escritores, mas os bons são raros.
Toda precaução é pouca para evitar as publicações lamentáveis. Em tais casos, mais vale pecar por excesso de prudência, no interesse da causa. 3
Allan Kardec
1.KARDEC, Allan. Viagem Espírita em 1862 e outras viagens de Kardec. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Instruções Particulares dadas aos Grupos em resposta a algumas das questões propostas, item VI.
2.______. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos. Ano II, v. 11, 1859. Tradução de Júlio Abreu Filho. São Paulo: EDICEL, 1966. Deve publicar-se tudo quanto dizem os Espíritos?
3.Op. cit. Ano VI, v. 5, 1863. Exame das comunicações mediúnicas que nos enviam.
Em 22.7.2019.
2.______. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos. Ano II, v. 11, 1859. Tradução de Júlio Abreu Filho. São Paulo: EDICEL, 1966. Deve publicar-se tudo quanto dizem os Espíritos?
3.Op. cit. Ano VI, v. 5, 1863. Exame das comunicações mediúnicas que nos enviam.
Em 22.7.2019.
© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014