Um vaso útil ao Mestre
É possível que, se Deus nos houvera consultado a respeito de quem poderia auxiliar Saulo de Tarso, na jornada que lhe competia, tivéssemos optado por alguém de subida reputação na sociedade da época ou orador de destacadas qualidades.
No entanto, quem auxiliará Saulo nos primeiros passos da Boa Nova não é senão um ancião, cujo nome hebraico, na forma grega, significa Yaweh compadeceu-se ou como anotam outros, Jeová tem demonstrado favor. Carecendo de vigor físico, traz n’alma, no entanto, as forças imensuráveis de quem guarda a certeza do Ideal abraçado.
Ananias era sapateiro em Emaús e o vemos citado pela vez primeira em Atos dos Apóstolos, em seu capítulo 9, a partir do versículo 10, quando Lucas registra sua visão de Jesus, conclamando-o a visitar Saulo de Tarso, em sua cegueira e abandono.
É Emmanuel, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, contudo, que nos dá notícias anteriores de sua interferência, embora indireta, na vida de Saulo, que viria a tornar-se o Apóstolo dos Gentios. Quando, após o episódio da morte de Estêvão, em Jerusalém, decorridos oito meses de silêncio e ausência, o moço de Tarso retorna a Jope para ver sua amada Abigail, a encontra enferma... e cristã.
É-lhe um duro golpe ao coração. Ela fora convertida ao Homem de Nazaré por um pobre velho chamado Ananias.(...) O pobre mendigo deu-lhe como lembrança alguns pergaminhos com os ensinamentos do famoso carpinteiro de Nazaré...2
O aluno de Gamaliel, logo após a morte de Abigail, decide procurar Ananias. Deseja destroçá-lo, vingando-se por ter, no seu entendimento, lhe roubado a noiva querida, fazendo-a amar o Carpinteiro de Nazaré.
Sob tortura, um jovem seguidor da Boa Nova informa-lhe que Ananias, tendo deixado Jope, estacionara em diversas aldeias, pregando as verdades de Jesus Cristo. Vivera em Jerusalém, algum tempo, indo de bairro em bairro, no seu mister de divulgador.
Finalmente, retirara-se para Damasco. E é para lá que ruma o rabino, com documentos que o habilitam a acionar todos os recursos, inclusive a pena de morte, contra Ananias e os que o pretendessem seguir no rumo da nova doutrina.
Após a visão de Jesus, em pleno deserto, ao sol do meio-dia, estando hospedado em Damasco, Saulo é avisado pelo hoteleiro que alguém o deseja ver.
Um velhinho de semblante calmo e afetuoso, sorriso generoso nos lábios, e cãs respeitáveis se identifica ao moço, como alguém que Jesus enviara ao seu encontro.
O nome? Ananias. A resposta era uma revelação. A ovelha perseguida vinha buscar o lobo voraz.6
Recobrando a vista, com a imposição de mãos de Ananias, Saulo ouve de seus lábios que ele, Ananias, conhecera Jesus na tarde trágica do Calvário. Tinha ido a Jerusalém para as comemorações da Páscoa e encontrara a cidade tomada por movimento inusitado.
Acompanhara o drama pungente de Jesus pelas ruas da cidade santa, condoendo-se de Sua marcha penosa com a cruz, seguindo o cortejo até o monte. Do alto da cruz, Jesus lhe lançou um olhar inesquecível. Era um chamado, um convite.
Teve notícias, três dias depois, da ressurreição do Mestre e então, procurou Simão Pedro para conhecer melhor a personalidade daquele homem. Aceitou, de imediato, o Evangelho, tendo retornado a Emaús, disposto dos seus bens e tornado a Jerusalém, associando-se aos Apóstolos galileus nas primeiras atividades da Casa do Caminho.
Ananias lhe fala a respeito de Estêvão e de Abigail. Confidencia ao coração sofrido de Saulo o quanto o amava Abigail, de suas preces a Jesus pela sua conversão.
Ele não dispõe da cópia integral das anotações de Levi, contudo, empresta ao novo discípulo seus pergaminhos amarelentos, que portavam notas dispersas dos ensinamentos de Jesus, que Saulo se dispõe a copiar.
Damasco não possuía propriamente uma igreja. Os adeptos do Caminho se reuniam em casa de uma lavadeira humilde, que alugava a sala para poder acudir ao seu filho paralítico. Ananias presidia as reuniões, como um patriarca no seio da família.
Emmanuel o descreve lendo os apontamentos evangélicos, ilustrando-os com comentários de sua experiência pessoal e eventos outros significativos. Ao final, percorrendo as filas dos bancos e impondo as mãos sobre os doentes, os anciães de mãos trêmulas, velhos pedreiros rudes, mulheres simples e necessitados de toda ordem.
É Ananias que aconselha Saulo a amadurecer as ideias, preparando-se para o seu apostolado, o que o faz procurar o velho mestre Gamaliel, em Palmira e internar-se, no deserto de Dan, em sequência.
Diz-lhe Ananias: O Senhor conferiu-te a tarefa de semeador; tens muito boa vontade, mas, que faz um homem recebendo encargos dessa natureza? Antes de tudo, procura ajuntar as sementes no seu mealheiro particular, para que o esforço seja profícuo.6
Depois de passar três anos no deserto, Saulo retorna a Damasco e é novamente Ananias quem o recepciona. Depois de pregar na Sinagoga, no segundo sábado de sua permanência na cidade, Saulo recebe ordem de prisão e se acolhe, a conselho de Ananias, em casa da humilde lavadeira.
O ancião é preso. Desejam que confesse onde se encontra o moço de Tarso, que ousara macular a sinagoga falando a respeito do Mestre da Galileia. Durante vinte e quatro horas permaneceu incomunicável. Recebeu vinte bastonadas que lhe deixaram o rosto e as mãos gravemente feridas.
Ao interrogatório, respondeu com firmeza: Saulo deve estar com Jesus3, o que, conforme sua consciência, não equivalia a mentir aos homens, mas também não comprometia o amigo fiel.
Logo que se viu livre, esperou a noite e cauteloso se dirigiu ao local onde se realizavam as prédicas do Caminho. Sugere a Saulo que fuja da cidade, por cima dos muros, dentro de um cesto de vime. Não era o momento de afrontar o poder judaico.
Assim, com o concurso de outros três irmãos de mais confiança, deu-se a fuga de Saulo, depois das primeiras horas da meia-noite.
Em lágrimas, o Apóstolo dos gentios beija as mãos de Ananias. Voltariam a se reencontrar os dois amigos, somente após a morte.
É Ananias quem vem ao encontro de Paulo de Tarso, logo após a sua decapitação e lhe diz: Desde a revelação de Damasco, dedicaste os olhos ao serviço do Cristo! Contempla, agora, as belezas da vida eterna, para que possamos partir ao encontro do Mestre amado!...5
Conhecendo-lhe a alma sensível, Ananias perguntou qual o primeiro desejo de Paulo, agora, na esfera dos redimidos e, ao comando mental daquele, a caravana espiritual demandou caminhos percorridos pelo Apóstolo tarsense.
Ao alvitre de Ananias, reúnem-se no cimo do Calvário e ali cantam hinos de esperança e de luz. Logo mais, o próprio Mestre Jesus, tendo ao Seu lado Abigail e Estêvão, os irmãos de Corinto, vem receber o Apóstolo.
É muito interessante se verificar a dedicação de Ananias. Em Damasco, devolve a visão a Saulo. É igualmente quem vai restituir a visão ao vencedor e o guiará na sua nova vida, no Mundo Espiritual, logo após o executor Volumnio ter cumprido a ordem de Nero, retirando-o do corpo físico, às margens da Via Ápia.
Servidor do Cristo, ao receber a ordem do Mestre, reluta de início, por conhecer a reputação maldosa de Saulo para, após as explicações de Jesus, a respeito dos acontecimentos às portas de Damasco, atender o irmão, sem outros questionamentos.
Em nome de Jesus, vai ao encontro de seu perseguidor e não somente o auxilia, quanto o abraça e o chama irmão, tornando-se-lhe amigo fiel e incondicional. Uma das colunas de sustentação da tarefa extraordinária de Paulo, o Apóstolo. Alguém a quem Paulo se referiria, como homem segundo a Lei, que tinha o bom testemunho de todos os Judeus. (Atos, 22:12)
Um vaso útil a serviço do Mestre Jesus.
No entanto, quem auxiliará Saulo nos primeiros passos da Boa Nova não é senão um ancião, cujo nome hebraico, na forma grega, significa Yaweh compadeceu-se ou como anotam outros, Jeová tem demonstrado favor. Carecendo de vigor físico, traz n’alma, no entanto, as forças imensuráveis de quem guarda a certeza do Ideal abraçado.
Ananias era sapateiro em Emaús e o vemos citado pela vez primeira em Atos dos Apóstolos, em seu capítulo 9, a partir do versículo 10, quando Lucas registra sua visão de Jesus, conclamando-o a visitar Saulo de Tarso, em sua cegueira e abandono.
É Emmanuel, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, contudo, que nos dá notícias anteriores de sua interferência, embora indireta, na vida de Saulo, que viria a tornar-se o Apóstolo dos Gentios. Quando, após o episódio da morte de Estêvão, em Jerusalém, decorridos oito meses de silêncio e ausência, o moço de Tarso retorna a Jope para ver sua amada Abigail, a encontra enferma... e cristã.
É-lhe um duro golpe ao coração. Ela fora convertida ao Homem de Nazaré por um pobre velho chamado Ananias.(...) O pobre mendigo deu-lhe como lembrança alguns pergaminhos com os ensinamentos do famoso carpinteiro de Nazaré...2
O aluno de Gamaliel, logo após a morte de Abigail, decide procurar Ananias. Deseja destroçá-lo, vingando-se por ter, no seu entendimento, lhe roubado a noiva querida, fazendo-a amar o Carpinteiro de Nazaré.
Sob tortura, um jovem seguidor da Boa Nova informa-lhe que Ananias, tendo deixado Jope, estacionara em diversas aldeias, pregando as verdades de Jesus Cristo. Vivera em Jerusalém, algum tempo, indo de bairro em bairro, no seu mister de divulgador.
Finalmente, retirara-se para Damasco. E é para lá que ruma o rabino, com documentos que o habilitam a acionar todos os recursos, inclusive a pena de morte, contra Ananias e os que o pretendessem seguir no rumo da nova doutrina.
Após a visão de Jesus, em pleno deserto, ao sol do meio-dia, estando hospedado em Damasco, Saulo é avisado pelo hoteleiro que alguém o deseja ver.
Um velhinho de semblante calmo e afetuoso, sorriso generoso nos lábios, e cãs respeitáveis se identifica ao moço, como alguém que Jesus enviara ao seu encontro.
O nome? Ananias. A resposta era uma revelação. A ovelha perseguida vinha buscar o lobo voraz.6
Recobrando a vista, com a imposição de mãos de Ananias, Saulo ouve de seus lábios que ele, Ananias, conhecera Jesus na tarde trágica do Calvário. Tinha ido a Jerusalém para as comemorações da Páscoa e encontrara a cidade tomada por movimento inusitado.
Acompanhara o drama pungente de Jesus pelas ruas da cidade santa, condoendo-se de Sua marcha penosa com a cruz, seguindo o cortejo até o monte. Do alto da cruz, Jesus lhe lançou um olhar inesquecível. Era um chamado, um convite.
Teve notícias, três dias depois, da ressurreição do Mestre e então, procurou Simão Pedro para conhecer melhor a personalidade daquele homem. Aceitou, de imediato, o Evangelho, tendo retornado a Emaús, disposto dos seus bens e tornado a Jerusalém, associando-se aos Apóstolos galileus nas primeiras atividades da Casa do Caminho.
Ananias lhe fala a respeito de Estêvão e de Abigail. Confidencia ao coração sofrido de Saulo o quanto o amava Abigail, de suas preces a Jesus pela sua conversão.
Ele não dispõe da cópia integral das anotações de Levi, contudo, empresta ao novo discípulo seus pergaminhos amarelentos, que portavam notas dispersas dos ensinamentos de Jesus, que Saulo se dispõe a copiar.
Damasco não possuía propriamente uma igreja. Os adeptos do Caminho se reuniam em casa de uma lavadeira humilde, que alugava a sala para poder acudir ao seu filho paralítico. Ananias presidia as reuniões, como um patriarca no seio da família.
Emmanuel o descreve lendo os apontamentos evangélicos, ilustrando-os com comentários de sua experiência pessoal e eventos outros significativos. Ao final, percorrendo as filas dos bancos e impondo as mãos sobre os doentes, os anciães de mãos trêmulas, velhos pedreiros rudes, mulheres simples e necessitados de toda ordem.
É Ananias que aconselha Saulo a amadurecer as ideias, preparando-se para o seu apostolado, o que o faz procurar o velho mestre Gamaliel, em Palmira e internar-se, no deserto de Dan, em sequência.
Diz-lhe Ananias: O Senhor conferiu-te a tarefa de semeador; tens muito boa vontade, mas, que faz um homem recebendo encargos dessa natureza? Antes de tudo, procura ajuntar as sementes no seu mealheiro particular, para que o esforço seja profícuo.6
Depois de passar três anos no deserto, Saulo retorna a Damasco e é novamente Ananias quem o recepciona. Depois de pregar na Sinagoga, no segundo sábado de sua permanência na cidade, Saulo recebe ordem de prisão e se acolhe, a conselho de Ananias, em casa da humilde lavadeira.
O ancião é preso. Desejam que confesse onde se encontra o moço de Tarso, que ousara macular a sinagoga falando a respeito do Mestre da Galileia. Durante vinte e quatro horas permaneceu incomunicável. Recebeu vinte bastonadas que lhe deixaram o rosto e as mãos gravemente feridas.
Ao interrogatório, respondeu com firmeza: Saulo deve estar com Jesus3, o que, conforme sua consciência, não equivalia a mentir aos homens, mas também não comprometia o amigo fiel.
Logo que se viu livre, esperou a noite e cauteloso se dirigiu ao local onde se realizavam as prédicas do Caminho. Sugere a Saulo que fuja da cidade, por cima dos muros, dentro de um cesto de vime. Não era o momento de afrontar o poder judaico.
Assim, com o concurso de outros três irmãos de mais confiança, deu-se a fuga de Saulo, depois das primeiras horas da meia-noite.
Em lágrimas, o Apóstolo dos gentios beija as mãos de Ananias. Voltariam a se reencontrar os dois amigos, somente após a morte.
É Ananias quem vem ao encontro de Paulo de Tarso, logo após a sua decapitação e lhe diz: Desde a revelação de Damasco, dedicaste os olhos ao serviço do Cristo! Contempla, agora, as belezas da vida eterna, para que possamos partir ao encontro do Mestre amado!...5
Conhecendo-lhe a alma sensível, Ananias perguntou qual o primeiro desejo de Paulo, agora, na esfera dos redimidos e, ao comando mental daquele, a caravana espiritual demandou caminhos percorridos pelo Apóstolo tarsense.
Ao alvitre de Ananias, reúnem-se no cimo do Calvário e ali cantam hinos de esperança e de luz. Logo mais, o próprio Mestre Jesus, tendo ao Seu lado Abigail e Estêvão, os irmãos de Corinto, vem receber o Apóstolo.
É muito interessante se verificar a dedicação de Ananias. Em Damasco, devolve a visão a Saulo. É igualmente quem vai restituir a visão ao vencedor e o guiará na sua nova vida, no Mundo Espiritual, logo após o executor Volumnio ter cumprido a ordem de Nero, retirando-o do corpo físico, às margens da Via Ápia.
Servidor do Cristo, ao receber a ordem do Mestre, reluta de início, por conhecer a reputação maldosa de Saulo para, após as explicações de Jesus, a respeito dos acontecimentos às portas de Damasco, atender o irmão, sem outros questionamentos.
Em nome de Jesus, vai ao encontro de seu perseguidor e não somente o auxilia, quanto o abraça e o chama irmão, tornando-se-lhe amigo fiel e incondicional. Uma das colunas de sustentação da tarefa extraordinária de Paulo, o Apóstolo. Alguém a quem Paulo se referiria, como homem segundo a Lei, que tinha o bom testemunho de todos os Judeus. (Atos, 22:12)
Um vaso útil a serviço do Mestre Jesus.
01.MIRANDA, Hermínio. Os amigos. In:___. As marcas do Cristo. Rio [de Janeiro]: FEB, 1979. v. 1, cap. 4.
02.XAVIER, Francisco Cândido. Abigail cristã. In:___. Paulo e Estêvão. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2002. pt. 1, cap. IX.
03.______. Lutas e humilhações. Op. cit. pt. 2, cap. III.
04.______. No caminho de Damasco. Op. cit. pt. 1, cap. X.
05.______. Ao encontro do Mestre. Op. cit. pt. 2, cap. X.
06.______. Rumo ao deserto. Op. cit. pt. 2, cap. I.
07.Ananias. In:___.Ajuda ao entendimento da Bíblia. São Paulo: Sociedade Torre de Vigia de bíblias e tratados, 1982. v. 1.
08.VAN DEN BORN, A . Ananias. In:___. Dicionário enciclopédico da Bíblia. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1985.
Em 29.3.2016.
02.XAVIER, Francisco Cândido. Abigail cristã. In:___. Paulo e Estêvão. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2002. pt. 1, cap. IX.
03.______. Lutas e humilhações. Op. cit. pt. 2, cap. III.
04.______. No caminho de Damasco. Op. cit. pt. 1, cap. X.
05.______. Ao encontro do Mestre. Op. cit. pt. 2, cap. X.
06.______. Rumo ao deserto. Op. cit. pt. 2, cap. I.
07.Ananias. In:___.Ajuda ao entendimento da Bíblia. São Paulo: Sociedade Torre de Vigia de bíblias e tratados, 1982. v. 1.
08.VAN DEN BORN, A . Ananias. In:___. Dicionário enciclopédico da Bíblia. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1985.
Em 29.3.2016.
© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014