Vital Brazil
Poucos conhecem a história de como a visão científica de um único homem pôde transformar uma gaiola de serpentes, instalada num barracão, no grande centro sul-americano produtor de soros, o Instituto Butantan, em São Paulo.
O homem a quem se deve essa realização nasceu em Campanha, cidade do interior mineiro. Seu nome de família era Santos Pereira. Mas, seu pai queria que cada filho vencesse por si mesmo, sem contar com um nome hereditário.
Por isso, seu primeiro filho recebeu o nome de Vital, pela força da vida e Brazil (grafia do país, até 1911), pelo país em que nascera, naquele 28 de abril de 1865.
Ele mesmo custeou seus estudos em São Paulo e depois o Curso de Medicina, no Rio de Janeiro.
Trabalhou arduamente, durante seis anos, nos bondes. Conseguiu notas tão altas que foi nomeado assistente da escola antes mesmo de terminar o Curso.
Ele trabalhou em pesquisas para o combate da peste bubônica, tifo, varíola e febre amarela. Em 1903, concluiu as pesquisas para a criação do soro antiofídico. Foram 20 anos de serviços dedicados à produção de soros e vacinas contra tifo, varíola, tétano e outras doenças. Em 1915, despertou o interesse da Europa, obtendo o reconhecimento mundial da comunidade científica. Em 1919, após deixar a direção do Instituto Butantan, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde fundou o Instituto Vital Brasil.
Em 1950, participando de campanhas contra epidemias, contraiu peste bubônica e febre amarela vindo a desencarnar, aos 85 anos de idade, em 8 de maio.
À medida que crescia o seu renome, Vital Brazil se foi tornando uma força, fora mesmo do campo da medicina. Em panfletos e discursos, repisou continuamente um apelo aos seus concidadãos: “A medicina não é suficiente para fazer do Brasil uma nação saudável e feliz. As moléstias têm sua raiz na ignorância das massas.”
A criação de numerosas escolas rurais deve-se, em grande parte, a sua influência.
Centenas de cientistas foram treinados por ele, pessoalmente, como bioquímicos, bacteriologistas e pesquisadores em outros campos. Seus seis filhos se dedicaram à medicina e à pesquisa. Um deles, Vital Brazil Filho, morreu vitimado por uma infecção contraída durante uma experiência.
O que descobrimos recentemente, graças a Luciano Klein, pesquisador e historiador espírita, é que Vital Brazil era espírita.
Escreve Luciano:
Encontramos o nome do médico acompanhando os trabalhos de Mirabelli em São Paulo, no ano de 1916, quando a imprensa paulista publicou uma série de reportagens, com ampla repercussão, evidenciando-se dois jornais, o Correio Paulistano e A Gazeta. Ao lado de outros grandes cientistas daquele decênio, como Alberto Seabra, Horácio de Carvalho, Carlos de Castro, Capote Valente, Eurico de Góes e Felipe Aché, entre outros, figurava o nome de Vital Brazil, que pretendia, cientificamente, analisar os fenômenos ocorridos em torno do sensitivo de Botucatu. Vital compareceu a várias sessões.
Em “Reformador”, órgão informativo da Federação Espírita Brasileira – FEB, edição de 1º de julho de 1914, dois anos antes de sua presença nas reuniões com Mirabelli, o periódico febiano, transcrevendo informações da gazeta “O Farol”, de Serra Negra/SP, traz a notícia:
“Parte para a Europa, em serviço de sua especialidade e com o fim de verificar tudo quanto houver de melhor em aparelhos para enriquecer o patrimônio técnico científico do célebre instituto de que é diretor, o nosso querido e bondoso irmão de crença espírita (grifo nosso), Dr. Vital Brazil, o sábio diretor do Instituto Butantan, o eminente médico brasileiro que descobriu o soro antiofídico, que já tem arrancado das mãos da morte milhares de criaturas, vítimas do veneno inoculado pelos dentes das serpentes [...].”
Mais adiante, o mesmo “Reformador” revela o nome da agremiação da qual ele fazia parte, em São Paulo: a “União Espírita Santo Agostinho”. Além disso, nessa sequência de informações, é destacada a fantástica notícia de algo extraordinário que ele iria fazer a bem da Causa Espírita: iria à Europa e manteria contato com os maiores estudiosos da Doutrina sistematizada por Allan Kardec, ainda encarnados:
“[...] O nosso Ilustre confrade e companheiro da União Espírita aproveitará para visitar os nossos confrades de além-mar – os eminentes sábios e letrados Willian Crookes, De Rochas, Charles Richet, Camille Flammarion, Léon Denis e outros [...].”
Surpreendentemente, também, é mencionado que ele, incumbido de uma missão da “União Espírita Santo Agostinho”, iria a Nápoles a fim de conversar com a médium Eusápia Paladino, a fim de lhe propor uma vinda ao Brasil para participar, em São Paulo, de algumas sessões de efeitos físicos para ser estudada.
Concluindo o artigo e não nos deixando mais nenhuma dúvida sobre as convicções espiritistas do descobridor do soro antiofídico, o articulista do mensário da FEB, saúda-o com as seguintes expressões de afeto:
“Deus abençoe o bom propósito do nosso irmão querido a quem agradecemos a despedida, que nos fez carinhosamente, e os bons Espíritos que lhe promovam uma viagem de rosas.”
O homem a quem se deve essa realização nasceu em Campanha, cidade do interior mineiro. Seu nome de família era Santos Pereira. Mas, seu pai queria que cada filho vencesse por si mesmo, sem contar com um nome hereditário.
Por isso, seu primeiro filho recebeu o nome de Vital, pela força da vida e Brazil (grafia do país, até 1911), pelo país em que nascera, naquele 28 de abril de 1865.
Ele mesmo custeou seus estudos em São Paulo e depois o Curso de Medicina, no Rio de Janeiro.
Trabalhou arduamente, durante seis anos, nos bondes. Conseguiu notas tão altas que foi nomeado assistente da escola antes mesmo de terminar o Curso.
Ele trabalhou em pesquisas para o combate da peste bubônica, tifo, varíola e febre amarela. Em 1903, concluiu as pesquisas para a criação do soro antiofídico. Foram 20 anos de serviços dedicados à produção de soros e vacinas contra tifo, varíola, tétano e outras doenças. Em 1915, despertou o interesse da Europa, obtendo o reconhecimento mundial da comunidade científica. Em 1919, após deixar a direção do Instituto Butantan, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde fundou o Instituto Vital Brasil.
Em 1950, participando de campanhas contra epidemias, contraiu peste bubônica e febre amarela vindo a desencarnar, aos 85 anos de idade, em 8 de maio.
À medida que crescia o seu renome, Vital Brazil se foi tornando uma força, fora mesmo do campo da medicina. Em panfletos e discursos, repisou continuamente um apelo aos seus concidadãos: “A medicina não é suficiente para fazer do Brasil uma nação saudável e feliz. As moléstias têm sua raiz na ignorância das massas.”
A criação de numerosas escolas rurais deve-se, em grande parte, a sua influência.
Centenas de cientistas foram treinados por ele, pessoalmente, como bioquímicos, bacteriologistas e pesquisadores em outros campos. Seus seis filhos se dedicaram à medicina e à pesquisa. Um deles, Vital Brazil Filho, morreu vitimado por uma infecção contraída durante uma experiência.
O que descobrimos recentemente, graças a Luciano Klein, pesquisador e historiador espírita, é que Vital Brazil era espírita.
Escreve Luciano:
Encontramos o nome do médico acompanhando os trabalhos de Mirabelli em São Paulo, no ano de 1916, quando a imprensa paulista publicou uma série de reportagens, com ampla repercussão, evidenciando-se dois jornais, o Correio Paulistano e A Gazeta. Ao lado de outros grandes cientistas daquele decênio, como Alberto Seabra, Horácio de Carvalho, Carlos de Castro, Capote Valente, Eurico de Góes e Felipe Aché, entre outros, figurava o nome de Vital Brazil, que pretendia, cientificamente, analisar os fenômenos ocorridos em torno do sensitivo de Botucatu. Vital compareceu a várias sessões.
Em “Reformador”, órgão informativo da Federação Espírita Brasileira – FEB, edição de 1º de julho de 1914, dois anos antes de sua presença nas reuniões com Mirabelli, o periódico febiano, transcrevendo informações da gazeta “O Farol”, de Serra Negra/SP, traz a notícia:
“Parte para a Europa, em serviço de sua especialidade e com o fim de verificar tudo quanto houver de melhor em aparelhos para enriquecer o patrimônio técnico científico do célebre instituto de que é diretor, o nosso querido e bondoso irmão de crença espírita (grifo nosso), Dr. Vital Brazil, o sábio diretor do Instituto Butantan, o eminente médico brasileiro que descobriu o soro antiofídico, que já tem arrancado das mãos da morte milhares de criaturas, vítimas do veneno inoculado pelos dentes das serpentes [...].”
Mais adiante, o mesmo “Reformador” revela o nome da agremiação da qual ele fazia parte, em São Paulo: a “União Espírita Santo Agostinho”. Além disso, nessa sequência de informações, é destacada a fantástica notícia de algo extraordinário que ele iria fazer a bem da Causa Espírita: iria à Europa e manteria contato com os maiores estudiosos da Doutrina sistematizada por Allan Kardec, ainda encarnados:
“[...] O nosso Ilustre confrade e companheiro da União Espírita aproveitará para visitar os nossos confrades de além-mar – os eminentes sábios e letrados Willian Crookes, De Rochas, Charles Richet, Camille Flammarion, Léon Denis e outros [...].”
Surpreendentemente, também, é mencionado que ele, incumbido de uma missão da “União Espírita Santo Agostinho”, iria a Nápoles a fim de conversar com a médium Eusápia Paladino, a fim de lhe propor uma vinda ao Brasil para participar, em São Paulo, de algumas sessões de efeitos físicos para ser estudada.
Concluindo o artigo e não nos deixando mais nenhuma dúvida sobre as convicções espiritistas do descobridor do soro antiofídico, o articulista do mensário da FEB, saúda-o com as seguintes expressões de afeto:
“Deus abençoe o bom propósito do nosso irmão querido a quem agradecemos a despedida, que nos fez carinhosamente, e os bons Espíritos que lhe promovam uma viagem de rosas.”
Referência:
1 Grandes vidas, grandes obras. Seleções Reader’s Digest;
Rio de Janeiro: Ipiranga, 1968. cap. Cobras, venenos e o dr. Vital Brazil.
1 Grandes vidas, grandes obras. Seleções Reader’s Digest;
Rio de Janeiro: Ipiranga, 1968. cap. Cobras, venenos e o dr. Vital Brazil.
© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014