Arthur Conan Doyle

Você sabia que o criador do famoso detetive Sherlock Holmes, é respeitado e admirado como propagador da Terceira Revelação?

 

Esse espírito valoroso nasceu no dia 22 de maio de 1859, em Pacardy Place, Edimburgo, capital da Escócia. Recebeu o nome de Arthur Conan Doyle,  filho de Charles Altamont Doyle e Mary Foley. Descendente de nobres não abastados, com muita dificuldade, formou-se em Medicina.

 

A relação com sua mãe era algo especial, amavam-se de forma enternecida. Mary era uma mulher excepcional, quer pelo seu caráter como pela sua postura e respeito que dedicava ao ser humano. Tinha no filho o ídolo do seu coração.

 

Nascido em ambiente católico, onde alguns membros chegavam ao fanatismo, Arthur estudou em colégios de padres jesuítas, sendo muitas vezes punido, de forma severa, por não concordar com algumas colocações desses.

 

Seu escritor favorito era o inglês Thomas Babington Macaulay, e Doyle percebeu que ele não acreditava no Papa, pelo que resolveu descobrir a razão. Algum tempo depois, ouviu um padre afirmar, de público, que todo aquele que não fosse católico iria para o inferno, o que o deixou bastante incomodado. Lembrou-se de que sua mãe lhe ensinara duas coisas importantes: que usasse sempre roupas internas de flanela e que jamais acreditasse no castigo eterno. Portanto, ele decidiu abandonar a tradição católica.

 

Depois de formado, agnóstico, sofreu para conseguir emprego. A família, muito influente na sociedade, para ajudá-lo impôs-lhe que voltasse ao Catolicismo, coisa que não aceitou, de forma enérgica, o que lhe custou o rompimento com seus tios.

 

Casou-se em 1885 com Louise Hawkins.

 

Seu primeiro contato com o Espiritismo foi em 1887, através de seu paciente, o General Drayson, que afirmava conversar com seu irmão desencarnado. Aquilo não fazia sentido para Doyle, que começou a estudar a respeito.

 

Nasceu sua filha Mary Louise, em fins de janeiro de 1889. Nesse período, havia se tornado grande escritor e granjeado imensa popularidade com seus romances policiais, com a criação de Sherlock Holmes. Mas, não era isso que ele queria. Por isso matou o detetive, mas teve que ressuscitá-lo, cedendo ao pedido de milhares de leitores no Reino Unido, Europa, Estados Unidos e restante do mundo.

 

Em 1901, conheceu William Crookes que, de algum tempo, vinha realizando suas pesquisas espíritas, também de interesse de Conan Doyle. Entretanto, não houve tempo para que os dois grandes homens pudessem trocar impressões. Mais tarde, Doyle dedicaria um capítulo a Crookes, em seu livro História do Espiritualismo.

 

Em 1902, o rei Eduardo VII, da Inglaterra, concede a Arthur o título nobiliárquico de Sir, pelos valiosos serviços prestados ao seu país, durante a guerra dos boers. Ele somente  aceitou receber a honraria para atender sua mãe, pois que acreditava que nada fizera, além de sua obrigação para com o Estado.

 

Em 1906, em conversa com seu irmão Innes, esse lhe diz que acredita que a verdadeira profissão de Arthur era a política, ao que ele respondeu de chofre: Minha carreira será a religião!

 

Ao assim se expressar, ficou absurdamente espantado porque nunca pensara nesses termos e ambos riram. Contudo, ele não poderia estar mais certo sobre isso.

 

Como era um homem instruído, um pesquisador nato, embora tivesse muitas dúvidas, admirava a Doutrina Espirita por sua moral, por não ser sectária, não condenar os homens ao castigo eterno, não ser intolerante e ser despojada de preconceitos religiosos.

 

Em 4 de julho de 1906, desencarna sua esposa devido a tuberculose. Torna a se casar, em setembro de 1907, com Jean Leckie, que lhe dá dois filhos.

 

Em 1914, estoura a guerra entre o império Austro-húngaro e a Sérvia. Ele percebe que aqueles que estavam em contato com o Espiritismo apresentavam mais resignação porque compreendiam melhor as questões.

 

Durante aproximadamente trinta anos, Doyle estudou e buscou provas que lhe satisfizessem a razão, o que consegue através da médium Lily Loder-Symonds, que recebe uma mensagem psicografada de seu cunhado Malcon Leckie, falecido no início da guerra. Ali havia  referências conhecidas apenas entre eles, o que leva Conan a afirmar: Por fim, deixei de duvidar.

 

A partir de 1917, ele começa a fazer conferências espíritas. Passou por períodos difíceis, mas sua postura diante dos ataques sofridos só o fez colocar-se em destaque como homem íntegro e de caráter.

 

Certa vez, em que se preparava para fazer uma palestra em Nottinghan, foi informado de que seu filho Kingsley estava moribundo. Ele sofre o impacto da informação, controla-se, apenas seus olhos se umedecem, realiza seu trabalho, sem que ninguém percebesse seu pesar. Duas semanas após, em uma foto de Doyle podia ver-se, ao seu lado, o Espírito de seu filho desencarnado.

 

Arthur Conan Doyle trabalhou, incansavelmente, a favor do Espiritismo, enfrentando adversários ferrenhos da nova Doutrina, que a desconheciam, colocando-se, na sua ignorância, como defensores de uma moral questionável.

 

Aos setenta anos de idade, visitou localidades como Escandinávia, Copenhague, Noruega e Suécia, fazendo conferências. No seu retorno a Londres, iria falar no Albert Hall, na Cerimônia do Armistício, quando o bondoso gigante de Edimburgo, como era chamado, vacilou e caiu.

 

Seus médicos não queriam que ele falasse naquela noite mas como fizera em todo a sua vida, não cedeu, cumpriu toda a sua agenda. Sentia que sua missão estava cumprida, estava satisfeito.

 

As oito e meia da manhã do dia 7 de julho de 1930, desencarnava Arthur Conan Doyle, em Crowborough, Sussex.

 

Um de seus biógrafos escreveu:  Pela causa da religião espírita, Conan Doyle deu seu coração, sua fortuna e, por último, sua vida. E, em um sentido espírita, referindo-nos à influência que ele deixou atrás de si, podemos acrescentar apenas isto: Não escrevamos seu epitáfio: ele não morreu.1

 

Arthur Conan Doyle deu-se por inteiro ao Espiritismo, a ponto de, ao ser escolhido para ser Par do Reino Unido da Grã-Bretanha, a maior distinção a que um homem pode aspirar no Império Britânico, declinou, pois que teria que renunciar ao Espiritismo e ele não voltaria as costas para aquilo em que acreditava.

 

Este homem nos deixou duas obras de relevante valor:

 

A nova revelação, onde faz suas as palavras do pensador e poeta Gerald Massey - o Espiritismo foi para mim, do mesmo modo que para muitos outros, como que uma elevação do meu horizonte mental e a entrada do céu;

 

História do Espiritualismo, trazendo-nos informações dos precursores do Espiritismo na Europa e América, além de médiuns da época e um capítulo (XXI) em que se refere ao Codificador, Allan Kardec.

 

Foi Presidente de Honra da Federação Espírita Internacional, Presidente da Aliança Espírita de Londres e Presidente do Colégio Britânico de Ciência Psíquica.


Mary Ishiyama
1. DOYLE, Arthur Conan. A nova revelação. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1980.
Em 28.4.2014.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014