Quintín López Gómez

É impossível falar do movimento espírita espanhol sem dedicar um capítulo a Don Quintín López Gómez: um dos nossos mais fecundos escritores e filósofos mais profundos e, com toda a segurança, um dos homens que mais trabalharam em língua espanhola para a propaganda de nosso ideal.

 

Nasceu em Calvarrasa de Arriba, província de Salamanca, em 22 de maio de 1864 e passou sua infância mudando, a cada momento, de domicílio, ao acaso de postos a que era destinado seu pai, militar sem graduação; com a circunstância especial de haver tido durantes esses anos mais de quarenta professores diferentes, o que não podia favorecer de modo algum a solidez de sua instrução.

 

Porém, a vontade vence todos os obstáculos e a do pequeno Quintín era muita e, assim, vemos como aos catorze anos fez suas primeiras armas, no templo das letras, em uma pequena publicação de Huesca, intitulada La Abeja Del Pirineo.

 

Aos dezessete anos, passou para outra imprensa na qualidade oficial e ali conheceu o visconde Torres Solanot. Sua iniciação espírita data, precisamente, daquela época, sendo seu iniciador Don Alberto Atalaya que lhe deu para ler os Preliminares al Estudio del Espiritismo do Visconde ou um número da Luz del Porvenir. Interessou-se pelo que lia e decidiu assiná-la.

 

Ingressou na "Sociedad Sertoriana de Estúdios Psicológicos", orgulhoso de sua convicção espiritista e quando essa entidade quis publicar uma revista e nenhuma oficina de Huesca dignou-se a imprimi-la, alguns entusiastas tomaram, por sua conta, e compraram tipos e prensa para isso, ficando o jovem caixista encarregado de todo o trabalho. Compunha, imprimia, dobrava e enviava. Assim nasceu o Íris de Paz, cuja publicação foi interrompida pela epidemia colérica, durante a qual os membros da "Sociedad Sertoriana" se transformaram em enfermeiros benévolos, o que motivou fossem propostos para a cruz de beneficência, que recusaram.

 

Trablhou, depois, na Revista de Estúdios Psicológicos de Barcelona, La Revelación de Alicante, El Buen Sentido de Lérida e El Critério Espiritista de Madrid; até que, casado com dona Rosa Coll y Coll, a cujos delicados cuidados deve muito Don Quintín haver saído bem da grave enfermidade que o reteve na cama durante vários meses, começou, em 1883, a publicar Lúmen que, depois, se fundiu com a Revista de Estúdios Psicológicos, até que o proprietário desta decidiu suspendê-la, continuando, então, a publicação de Lúmen por longos anos, até que a enfermidade o obrigou a suspender o que havia sido, sem dúvida alguma, uma das melhores revistas espíritas de língua espanhola.

 

Quintín López Gómez publicou mais de cinqüenta obras, destacando-se entre elas: El Catolicismo Romano y el Espiritismo, Hágase la Luz, Ante Todo la Verdad, A. B. C. del Espiritismo, Filosofía, La Mediumnidad y sus Misterios, Los Fenómenos Psicométricos, Metafísica Transcendente, Conócete a ti Mismo, Rasgando el Velo, Interesante Para Todos, El Arte de Curar por el Magnetismo, Ciência Magnética, Hipnotismo Filosófico, Prometeo Victorioso, Diccionário de Metapsíquica y Espiritismo, etc.etc.

 

Em todas essas obras sobressai, além de um profundo conhecimento da Filosofia Espírita e de tudo quanto com nosso ideal se refere, um sentido filosófico tão grande, que bem podemos afirmar que Quintín López com Gonzalo Soriano são duas das mais fortes colunas que teve o Espiritismo.

 

Septuagenário já, depois de uma longa enfermidade e da cruel intervenção cirúrgica, nosso venerado amigo reinicia seus trabalhos e o "Centro de Estudios Psicológicos de Sabadell" dedicou-lhe uma homenagem à qual se uniu todo o Espiritismo espanhol em uma prova grandiosa de carinho e respeito.

 

Opinamos, conhecendo-o como o conhecemos, que Quintín López nunca deu por terminado seu trabalho, e nos felicitamos, sinceramente, por ele.


Don Liborio Calvo, de Zaragoza, Espanha
Fonte:Rumo às estrelas, ed. IDE, 1992

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014