Jaime Rolemberg de Lima

Corria o ano de 1923. O menino sergipano, com 10 anos de idade, estava arrasado.

 

Apesar da lida difícil de apanhar lenha, cortá-la e vendê-la, junto com seu irmão mais velho, sempre encontrava, ao voltar para casa, o carinho de sua mãe Maria Pureza Lima, que ele chamava de Mãe Marocas.

 

Mas, Mãe Marocas sucumbiu à doença e partiu para a Pátria Espiritual, deixando naquele coração infantil, lições que ele levaria pela vida afora.

 

A força da família, sua importância, foi consolidada por sua madrasta Ana Machado Lima, com quem seu pai, o carteiro João Lima Santos, casou-se em 1925, pois seus 12 filhos precisavam da presença feminina e materna. D. Aninha foi um anjo bom que moldou definitivamente o caráter daquele menino que cresceu e percebeu que os limites da pequena Vila de Maruim, onde nascera aos 16 de setembro de 1913, eram pequenos para os seus sonhos.

 

Seus primeiros estudos, com muito sacrifício, já foram na capital Aracaju e, aos 19 anos, incorporado ao Exército, foi transferido para o Sul, no bojo da revolução de 1932 e depois de cursos para cabo e sargento, fixou-se em Caçapava, no interior de São Paulo, onde se casou com Elza Pinto de Siqueira, que lhe deu os filhos João e Eni.

 

Foi conquistando seu lugar no Exército, com muito esforço, estudando sem parar e cumprindo seus deveres militares, até que, em 1940, foi transferido para o Rio de Janeiro. Nessa época recebeu aprovação para ingressar na Escola de Intendentes do Exército, de onde saiu aspirante em 2º lugar, tendo servido em vários Estados até voltar novamente para o Rio Janeiro.

 

Desde 1937, esse nosso esforçado sergipano, Jaime Rolemberg de Lima, ou Rolemberg, como seus amigos o chamavam, havia tomado conhecimento do Espiritismo, desligando-se da religião de seus pais, que eram protestantes Adventistas do Sétimo Dia.

 

Na sua volta ao Rio, associou-se à Cruzada dos Militares Espíritas, integrando-se ao Movimento Espírita, onde fez grandes amigos, participou da Organização Educacional Espírita, da Casa de Lázaro, da Fundação Cultural Espírita "Paulo de Tarso", da União dos Discípulos de Jesus. Foi um divulgador da Doutrina por intermédio de palestras, artigos e programas de rádio.

 

Sua grande obra, entretanto, foi o Lar Fabiano de Cristo, que fundou com outros companheiros como Carlos Torres Pastorino, Augusto Duque Estrada, Luiz Goulart, Jorge Andréa, Adhemar Aragão e muitos outros idealistas.

 

As dificuldades eram quase intransponíveis, os objetivos eram claros e Rolemberg partiu para a criação de uma empresa que, por missão, suprisse as necessidades do Lar Fabiano com parte dos seus resultados operacionais. Assim, ele fundou a CAPEMI, que foi conduzida pelo seu tino administrativo e empreendedor. Apesar de grandes percalços, ainda hoje ela provê recursos, significativamente, para o Lar Fabiano, além do amparo aos velhos através da CAVADI.

 

Ainda com o Prof. Pastorino fundou o Grupo Spiritus e a Revista "Sabedoria".

 

Foi Diretor do Clube Militar, teve presença na campanha em defesa da PETROBRÁS, nas campanhas para a melhoria das condições de sargentos e subtenentes do Exército e foi um dos fundadores do COIFA.

 

Reformado como Coronel em 1965, dedicou-se integralmente ao seu trabalho social, às lides espiritistas, incentivando eventos culturais, as juventudes espíritas e a divulgação doutrinária.Jaime Rolemberg de Lima abriu uma exceção em sua agitada agenda, no dia 17 de janeiro de 1978, aos 63 anos de idade. Nesse dia, foi-se embora para a dimensão espiritual, onde logo estava de volta às suas atividades, incentivando, com seu formidável exemplo, aqueles que deram continuidade à sua obra, aqui na Terra.


Da Revista Despertar Espírita, ano IV, nº 44 - autoria Assaruhy Franco de Moraes

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014