Claudino Dias

Nascido em Coimbra, Portugal, no dia 5 de novembro de 1860, e desencarnado em Barra do Piraí, Estado do Rio de Janeiro, a 31 de dezembro de 1935.

 

No último quartel do século passado, era um verdadeiro arrojo as pessoas se declararem espíritas, principalmente nas cidades interioranas, onde invariavelmente prevalecia intensa intolerância religiosa.

 

Na cidade de Barra do Piraí, um cidadão português de nome Claudino Dias, filho de João Dias e Tereza Quaresma Dias, professava o Protestantismo com grande dedicação, entretanto, ao ouvir freqüentemente os pastores de sua igreja atacarem o Espiritismo, uma idéia nova que havia surgido na cidade, ele interessou-se pelo estudo dessa Doutrina, animado do propósito de também passar a combater a religião que os seus mentores religiosos apregoavam ser herética.

 

Após alguns estudos, notou, no entanto, que os ensinamentos do Espiritismo preenchiam a ânsia de conhecimento do seu Espírito e satisfaziam velhas indagações que pululavam em seu intelecto, por isso, em vez de se tornar um detrator do Espiritismo, abraçou-o com convicção, aliando-se a Manoel Chaves, um dos poucos espíritas existentes na cidade, estabelecendo assim um sistema de estudo sistemático das obras que constituíam a base angular da Doutrina dos Espíritos. Em 1886, Claudino Dias já era um espírita dos mais convictos.

 

Logo tiveram conhecimento da existência de um médium de nome Izarias Soares Rodrigues e, coadjuvado por ele, deram início à realização de sessões práticas de Espiritismo, a primeira delas acontecida na véspera do chamado dia de São João, motivo pelo qual resolveram fundar a primeira instituição espírita da cidade, dando-lhe o nome de Grupo Espírita São João.

Dessa instituição surgiram os primeiros focos de divulgação do Espiritismo, os quais, graças ao dinamismo e operosidade de Claudino Dias, logo se propalaram a outras cidades da circunvizinhança.

 

O nome do Grupo Espírita São João foi mantido até 27 de julho de 1894, quando foi alterado para Grupo Espírita Filhos da Verdade. Esse segundo nome prevaleceu até 10 de abril de 1904, quando, por deliberação de nova assembléia geral foi substituído por Grêmio Espirita de Propaganda. No dia 17 de junho de 1906, em sua sede foi fundado o Colégio Ismael, destinado aos filhos dos associados e às crianças carentes de ambos os sexos. Em 7 de setembro de 1908, foi ali inaugurado também o Albergue São João Batista, uma das primeiras instituições espíritas desse gênero, no Brasil.

 

Finalmente, a 3 de maio de 1914, por deliberação de nova assembléia, o nome da instituição foi, pela Quarta vez, mudado para Grêmio Espírita de Beneficência, nome que conserva até o dia de hoje. Foi inaugura ampla sede própria que também abrigou o Colégio e o Albergue. Por ocasião da gripe espanhola de 1918, que causou tantas vítimas, as instalações do Grêmio foram cedidas para o atendimento dos pacientes, acometidos por aquela insidiosa enfermidade. Fora da sua sede foram inaugurados, em 1920, o Asilo Santo Agostinho, para a velhice desamparada, e, em 1927, o Hospital de Pronto Socorro, posteriormente cedido para a Prefeitura Municipal da cidade.

 

Claudino Dias tornou-se, pois, de direito e de fato, um dos mais autênticos desbravadores espíritas da região. Seu nome, aureolado de respeito e admiração tornou-se fonte de referência para todos que quisessem falar sobre os grandes seareiros espíritas. A sua ação foi incessante, pois ele jamais esmoreceu um dia que fosse, levantando bem alto a bandeira do Espiritismo, fazendo com que a Doutrina se tornasse admirada por todos e que a obra espírita se destacasse como expressão de que pode ser feito onde existe o idealismo e a firme disposição para o trabalho.


LUCENA, Antônio de Souza e GODOY, Paulo Alves. Personagens do Espiritismo. Edições FEESP, 1982. 1ª edição, SP.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014