Joanes

"Quando as tropas de João Maurício de Nassau-Siegen, conhecido como Maurício de Nassau, chegaram às terras pernambucanas, no Nordeste brasileiro, pelos idos do séc. XVII, mais propriamente em 1637, um jovem oficial, exímio artista dos pincéis e das telas, era-lhe excelente braço de confiança pela fidelidade e disciplina, pelo espírito de serviço e boa disposição para qualquer missão que lhe fosse destinada. O senhor de Nassau-Siegen, nomeado governador e comandante-em-chefe das possessões holandesas no Brasil, era aficcionado pelas artes, cercando-se sempre de geniais artistas e beletristas importantes, dando vazão ao seu refinado gosto pelo belo, pelo estético.

 

O jovem militar, que conquistara a confiança de João Maurício, correspondendo amplamente aos seus interesses, sendo exemplar homem de armas e notável pintor, enamorara-se pelas terras pernambucanas, pelas florestas, pelas montanhas, pelo espírito do povo generoso e gentil, chegando a unir-se a um coração brasileiro, vindo a constituir família em Recife, fazendo-se rodear, em função de sua arte, de grande número de amigos e admiradores. Quando, em 1644, Maurício de Nassau retorna à Europa, o referido militar decide-se por ficar sob os céus do Brasil, mantendo a família e criando a prole nas terras formosas do juveníssimo e já querido país. Tendo permanecido, então, nos pagos nordestinos, o antigo oficial militar holandês foi tragado pela desencarnação em avançada idade, guardado pela ternura da família e dos muitos amigos que angariara.

 

Nas contas do tempo, porém, o antigo militar-artista deveria retornar à psicosfera européia, através da reencarnação, em novas e produtivas ocasiões, a fim de acertar-se com diversas situações diante das quais os campos da Europa seriam o melhor cenário e lhe ofereceriam o mais adequado clima psíquico, tudo servindo de moldura a sua libertação espiritual do pretérito, gradativamente. Assim, pôde renascer por duas vezes ainda na Holanda, uma vez em Portugal e outra vez na Alemanha, em pleno séc. XX. Nas experiências da reencarnação alemã, nosso amigo mostrou-se dotado de rara sensibilidade para a música e para as artes plásticas, descobrindo uma alma apaixonada pelo distante país brasileiro, interessando-se por tudo o que no Brasil ocorresse, acompanhando a saga do seu povo simples e bondoso, passando a experimentar intensa saudade, anelando poder conhecê-lo um dia...

 

Tinha sonhos com suas florestas luxuriantes, com suas montanhas altivas e com seus mares imensos. Lia, com avidez, tudo o que se referisse a essas saudosas terras sul-americanas. Enquanto o tempo passava, inexorável, o jovem artista Johanns Bergmann foi acometido por fulminante enfermidade cardíaca, tendo chegado às praias da desencarnação em plena juventude biológica, nos seus bem-vividos trinta anos de idade, no ano de 1975.

 

Recebido no Invisível por antigos companheiros de sua rota evolutiva e por nobres Mentores da Vida Maior, Johanns logrou o conhecimento de todos os motivos que o prendiam ao psiquismo brasileiro, bem como pôde identificar os Espíritos a ele vinculados e que se achavam reencarnados no Brasil, em grande número pelo território fluminense, e desejou revê-los, acercar-se deles, nada obstante as novas realidades impostas pelo renascimento corporal.

 

Identificou-se com extrema facilidade com o pensamento espírita, que lhe foi apresentado no Mundo dos Espíritos, em virtude de muitos dos seus vínculos do coração estarem, neste século, atrelados a sérios compromissos com o Espiritismo no Brasil." A partir daí, foi convidado "a acompanhar os programas de serviço fraternal a companheiros necessitados da estrada das lutas humanas. Johanns sensibilizou-se sempre diante desses trabalhos, junto a essas almas, tornando-se voluntário e discreto operário da caridade, em nome do Cristo Excelso.

 

Aos poucos, com o passar dos anos, Johanns começou a dirigir palavras de estímulo e aclaramento tanto a irmãos desencarnados quanto a encarnados, sendo que a estes últimos por meio da psicografia, até que foi convidado a compor a equipe de Mensageiros da nossa obra de educação e assistência, sob a focalização espírita.

 

O querido amigo passou a adotar a forma portuguesa para grafar o nome saxônico da sua mais recente experiência terrestre: Joanes. Tornou-se dedicado benfeitor junto a corações sofredores, a almas angustiadas, desencantadas, estabelecendo, com relativa facilidade, ponte de socorro entre eles e as energias benfazejas do Mundo Maior."


Para uso diário, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014