Camilo é como se denomina o Espírito que escreve através da mediunidade psicográfica do médium espírita J. Raul Teixeira. Mostrou-se a ele, pela primeira vez, numa noite de março de 1974, quando se iniciavam os seus serviços práticos de mediunidade.
Assim narra Raul: "Envolveu-me num indescritível fluido de paz. Penetrou-me com um olhar tão profundo que tinha a impressão de que sondava-me as mais íntimas disposições.
Vestia-se como franciscano dos tempos mais distantes do franciscanismo e toda a sua presença era um "extravasar" de harmonia.
-‘Meu filho, Jesus, cujo nome vem sendo proferido por nós ao longo da eras e, ao mesmo tempo, por nós incompreendido, deverá ser a nossa Estrela Maior, a nossa Inspiração Maior, o nosso Aconchego Maior. Se lograrmos dar conta desse compromisso, iniciado há tantos séculos, sem o necessário êxito, sorveremos a ventura no cálix da vitória, milenarmente suspirada. O tempo urge, filho, e não o teremos demasiado... Esqueça-se a si mesmo; recorde-se, porém, dos velhos deveres junto ao Irmão Seráfico de Assis e que nada nos detenha. Vamos, meu filho, pois o Divino Amigo tem-nos sob seu olhar de misericórdia, e teremos bem pouco tempo...'
Invadido por intensíssima emoção, diante daqueles olhos que brilhavam e ditavam-me esperanças, e diante do que ele acabava de escrever, sem assinar, perguntei-lhe, pelo pensamento:
-‘Como o senhor se chama?'
E ele retomou o papel e grafou: ‘Camilo'.
E tudo se desvaneceu diante da minha pobre percepção.
Desde aquela noite até agora, Camilo tem sido um verdadeiro amigo. Pacientíssimo e lúcido, culto e lógico, coerente e paternal, abrindo-me sempre a visão para maneiras novas de encarar velhos quadros e acontecimentos da vida diária, na condição de bondoso professor que não humilha o aluno incapaz, mas vai conduzido-o aos mais claros raciocínios, valorizando seus pequenos avanços, propiciando-lhe possibilidades de sempre caminhar mais para a frente.
Explicou-me, oportunamente, que nossas vinculações estão muito distanciadas no tempo, antes dos tempos cristãos, mas que nosso envolvimento mais profundo deu-se nos tempos das arenas romanas e que, no século XII, com os labores do Iluminado de Assis, na Úmbria, assumimos compromissos graves que, por minha vez, não consegui cumprir.
Camilo é o criptônimo que ele adotou para apresentar-se. Diz sempre que é de pouca importância o nome, quando, na condição de viajor da evolução, já deteve tantos nomes, títulos e nacionalidades, no longo caminho para Deus.
Estando na Terra, ainda nos começos deste século (XX), participando dos movimentos progressistas da cultura européia, costuma se mostrar à visão também com vestes seculares, indicando essa época, numa expressão fisionômica de um homem atilado, tranqüilo e nobre, grisalho, na madureza dos cinqüenta e poucos anos.
Comove-se ante os que sofrem sem o necessário entendimento das razões do padecer e mostra-se piedoso e compreensivo par com os ignorantes das coisas do Espírito, com esses incapazes de vôos mais altos do pensamento.
Tendo ele vivido intensamente nos caldeamentos reencarnatórios, ora nos campos da propagação cristã, ora nas esferas das diversas ciências, ora nos templos do pensamento filosófico, tudo isso mesclado às lides do homem comum, em comunidades rurais do velho mundo, tem-me oferecido ensejo de meditar sobre os diversos enfoques de cada problema humano, levando-me a retirar formidáveis elementos para o meu aprendizado e para a minha ação, nas rotas das minha própria vida."
Niterói, julho de 1991
© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014