A velhice - Divaldo Pereira Franco
Marco Túlio Cícero, o filósofo e senador romano, embora idoso e sábio, dedicou à velhice uma bela obra, repassada de reflexões profundas e de estímulos para a sua vivência, com verdadeiro espírito de prazer e discernimento.

Afirmou, por exemplo, que os velhos inteligentes, agradáveis e divertidos suportam facilmente a velhice, ao passo que a acrimônia, o temperamento triste e a rabugice são deploráveis em qualquer idade.

A questão, portanto, de viver a velhice é do comportamento de qualquer pessoa.

É natural que, nesse período inevitável da existência física, aqueles que não morrerem antes terão que a enfrentar, carregando o seu fardo, conforme ele haja sido organizado desde cedo.

Num mundo relativo, todas as ocorrências são transitórias, porque destinadas ao desgaste proporcionado pelo uso e pelo tempo.

Desde priscas eras, a velhice passou a ser tema frequente no pensamento filosófico em razão das ocorrências que lhe são peculiares, tais como a perda das forças, a diminuição das resistências físicas e morais, as de natureza emocional e psíquica, que produzem alterações muito grandes no indivíduo. Em consequência, há sempre um sentimento de repulsa e desagrado quando se chega a esse inevitável período da natureza orgânica.

Pensando-se nesse fenômeno que virá inevitavelmente, exceção quando ocorre a desencarnação, cabe ao ser humano, no caso, um trabalho de adaptação e compreensão em torno do futuro, mediante reflexões e exercícios durante a vilegiatura carnal.

Deve-se viver cada momento em profundidade de acordo com as circunstâncias, de modo a prolongar ao máximo os tesouros do conhecimento e da experiência que são armazenados ao longo dos dias.

Quando se estabelece como finalidade precípua da vida a magia do amor em todos os seus aspectos, aqueles que são desagradáveis, porque esperados e lentamente vivenciados, diminuem ou perdem o significado perturbador, e os indivíduos adquirem respeitabilidade, valorização pelo que fazem e pela maneira como se comportam.

De alguma forma, é também um período de bênçãos por haver alcançado uma existência longa e aprazível, enriquecedora pelos afetos vivenciados e pelos inefáveis prazeres que ocorrem.
Aqueles que, nesse período, somente veem desagrado e reclamação, lamentos e dores, por certo sempre se mantiveram pessimistas, reclamadores, difíceis de relacionamentos.

Desde que o amor haja sido a meta, as respostas da mente e do coração fazem-se ricas de lembranças que mantêm o bom humor em alerta e em ação.

Na atualidade, graças aos valiosos recursos das ciências médicas e da tecnologia, a existência na Terra faz-se mais longa, proporcionando um grande número de idosos na população.

Respeitar-se os idosos é um dever humano edificante.

Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde,
coluna Opinião, em 15.6.2023.
Em 4.9.2023.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014