Lei de sintonia - Joanna de Ângelis
O cidadão comum que preserva os valores éticos e comporta-se conforme a crença moral que lhe é agradável atrai, inevitavelmente, a presença dos bons Espíritos que se comprazem em assisti-los.

Sendo possuidor de faculdade mediúnica, abrem-se-lhe as portas da caridade que pode exercer mediante os sentimentos que lhe são naturais.

No caso em tópico, aqueles Espíritos inamistosos, a princípio zombam do seu comportamento, logo depois, ante a natural demonstração dos atos dignificantes, sensibilizam-se, tornam-se-lhe simpáticos e aderem aos postulados de que se contagiam.

Trata-se da lei de sintonia, através da qual os semelhantes se atraem.

A melhor terapêutica, portanto, para os graves problemas das desordens obsessivas é o bem proceder.

Quando examinamos a mensagem de Jesus, identificamos em todos os momentos a superioridade do amor que inspira os pensamentos e os atos nobres, induzindo à vivência saudável.

O amor, portanto, emite ondas de vibrações elevadas, que ensejam a não violência, a resistência pacífica.

A tragédia do cotidiano entre as criaturas humanas deflui da inadvertência de pessoas e grupos que optam pela dominação arbitrária dos outros e tentam, a seu talante, submeter todos quantos se lhe acercam.

A lei de sintonia propõe a transformação moral do ser humano e logo advêm as consequências pacíficas e pacificadoras.

No começo do século XX, Leon Tolstói, que se houvera tornado cristão sem designação religiosa, mas conforme o Evangelho, acompanhando a miséria que reinava na sua pátria - a Rússia - escreveu uma carta ao czar Nicolau II, chamando-o de irmão e amigo para adverti-lo da crueldade do seu governo sobre os cem milhões de súditos. Advertia-o das ciladas e das manobras dos seus auxiliares, daqueles que o cercavam, polícia e exército, informando-o ser amado e aplaudido por aqueles miseráveis que o detestavam no abandono e na forme a que estavam atirados ...

Falou-lhe da força inexorável do amor e do bem que lhe cabia praticar na missão que Deus lhe confiara de conduzir o povo esfaimado e sofrido.
Vaticinou que, por certo, não teria ocasião de vê-lo sofrer as consequências da violência na qual se apoiava, com resultados devastadores, em razão da sua idade avançada.

Apelava para a bondade e a justiça, eliminando a pena de morte das leis severas que mantinham nos cárceres abarrotados por mais de cem mil prisioneiros tidos como revolucionários, porque insatisfeitos com a maneira como eram tratados ...

De fato, mais tarde, quando estourou a revolução comunista, ele foi deposto e enviado com a família para o exílio na Sibéria, sendo submetido a inclementes humilhações, fuzilado logo depois, num espetáculo doloroso.

Tolstói houvera desencarnado antes e foi sepultado humildemente entre as árvores que ele próprio plantara, num singelo túmulo, tão humilde quanto ele, em Yasnaya Polyana.

Deixou-nos, entre outras, a sua obra que ele considerava prima, O reino de Deus está em vós.

*

Nesse ínterim, na África do Sul, um jovem advogado indiano que lera a sua magnífica obra sobre a mensagem de Jesus em torno do Reino dos Céus dentro de nós, alterou a vida e dedicou-a, a princípio, a dignificar o seu povo odiado e perseguido naquele país. Preso e condenado por pedir igualdade para todos, iniciou a cruzada por libertar a Índia e o Paquistão do cárcere do Império britânico.

Tratava-se de Mohandas Karamchand Gandhi.

Viveu o Evangelho em toda a sua pureza, no amor e no jejum, na resistência pacífica, na oração e, sobretudo, em a não violência.

Assassinado por um fanático, chamou por Deus sorrindo e imortalizou-se.

Parece difícil, nestes dias, a vivência íntegra do amor, tais as circunstâncias e as conquistas bélicas, as forças da violência, o poder das armas... No entanto, nos dias de Jesus, não eram diferentes as condições, e por isso Ele foi crucificado.

Tolstói teve algumas das suas obras proibidas de circularem nas terras da Mãe Rússia, e a pobreza suprema a que ele se submeteu permitiu que fosse escarnecido e desprezado e que tivesse problemas domésticos, ao renunciar ao título de Conde.

Gandhi, admirado e perseguido, insistiu nos objetivos a que entregou a existência e, conforme esperava, tomou-se vítima da violência, deixando o seu legado de paz que ainda comove o mundo.
Talvez não logres alcançar o nível desses missionários, o que não é importante, desde que te dediques ao humilde trabalho de aplainar a estrada, melhorar os caminhos por onde marcharão os apóstolos do amanhã que virão pacificar a Terra.

Faze a tua parte: ama!

Exercita o não revide, a não violência, a resistência pacífica.

Esses elementos são o alicerce sobre o qual o Senhor está construindo o mundo melhor de amanhã.

As tremendas provações que ora se abatem sobre a Humanidade: guerras, epidemias, violência, desagregação do ser, perda de sentido existencial, atraem Espíritos também infelizes que se mesclam com os indivíduos e as massas, provocando o caos.

A mesma lei de afinidade atrai os seres nobres da Espiritualidade, os gênios, os sábios, os mártires e os santos para a edificação da felicidade dos corações mesmo durante estes afligentes momentos...

*

Pensa no amor e ascende aos páramos da Luz Divina da qual procedes.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na sessão mediúnica de 3.2.2016, no
Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 16.11.2023.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014