Silêncio para ouvir Deus - Joanna de Ângelis
Em todos os tempos, os emissários de Deus recomendaram o silêncio profundo, a fim de que se possa ouvir-Lhe a voz e senti-lO mais intimamente.
Os ruídos e tumultos desviam o pensamento que se deve fixar no elevado objetivo de comunhão com a Divindade, para poder-se haurir energias vitalizadoras capazes de sustentar o Espírito nos embates inevitáveis do processo de evolução.
Quando se mergulha no mundo íntimo, encontram-se as mensagens sublimes da sabedoria, aquelas que constituem o alimento básico de sustentação da vida e, sem as quais, os objetivos essenciais da existência cedem lugar aos prazeres trêfegos e enganosos.
Os distúrbios externos, produzidos pela balbúrdia, desviam a mente para os tormentos exteriores, que tornam a marcha física insuportável, quando se constata a fragilidade das suas construções emocionais.
Em tentativa de atender a todas as excentricidades do vozerio do mundo, a mente desloca-se da meta essencial e perde o foco que lhe constitui o objetivo fundamental.
Quando o Espírito se encontra atordoado pela balbúrdia, o discernimento faz-se confuso e os componentes mentais e emocionais deslocam-se da atenção que deve ser concedida ao essencial, em benefício das aquisições secundárias, sempre incapazes de acalmar o coração.
Algumas vezes, alcança-se o topo do triunfo, meta muito buscada, a fama ligeira, a posição de destaque no grupo social, o riso bajulador e mentiroso, sob o pesado tributo dos conflitos internos que permanecem vorazes e desconhecidos, sempre em agitação.
Deus necessita do silêncio humano, a fim de fazer-se ouvido por quem deseje manter contato com a Sua Paternidade.
A Sua mensagem sempre tem sido transmitida após a transposição dos abismos externos e dos tumultos das paixões desarvoradas, permanecendo no ar, aguardando ser captada.
No imenso silêncio do monte Sinai, a Sua voz transmitiu a Moisés as regras de ouro do Decálogo, mas não deixou de prosseguir enviando novas instruções para a conquista da harmonia, da plenitude.
Na antiguidade oriental, a Sua palavra fazia-se ouvir através dos sensitivos de vária denominação, conclamando à paz, à vitória sobre os impositivos exteriores predominantes no ser.
Nas furnas e nas cavernas, nas paisagens ermas desvelava-se, oferecendo o conhecimento da verdade que deveria ser assimilado, lentamente, através dos tempos.
Mesmo Jesus, após atender as multidões que se sucediam esfaimadas de pão, de paz, de luz, buscava o refúgio da solidão para, em silêncio, poder ouvi-lO no santuário íntimo.
Robustecido pelas poderosas energias da comunhão com o Pai, volvia ao tumulto e desespero das massas insaciáveis, a fim de diminuir-lhes as dores e a loucura que tomava conta do imenso rebanho.
Simultaneamente, porém, proclamou que o Reino dos Céus encontra-se no coração, no íntimo do ser.
*
Nestes dias agitados, faz-se necessário que se busque o silêncio para renovar-se as paisagens íntimas e ouvi-lO atentamente, pacificando-se.
À semelhança das ondas que permitem a comunicação terrestre, imprescindível que haja conexão para serem captadas. Estão carregadas de mensagens de todo jaez, mas, sem a sintonia apropriada, nada transmitem, parecendo não existir.
Habitua-te ao silêncio que faz muito bem.
Não temas a viagem interior, o encontro contigo mesmo, nas regiões profundas dos arcanos espirituais.
Necessitas ouvir-te para bem te conheceres e traçares os caminhos por onde deverás seguir com segurança e otimismo.
Observarás que és um enigma para ti mesmo, que te encontras oculto sob sucessivas camadas de disfarces que te impedem apresentar a autenticidade.
De essência divina, possuis o conhecimento e és dotado de sabedoria que aguardam o momento de desvelar-se.
Reflexiona, portanto, quanto possas, a fim de libertar-te das algemas que te escravizam à aparência, sem conceder-te o conforto do autoaprimoramento.
A multiplicidade das vozes que gritam em torno de ti, impedem-te a conscientização dos valores que dignificam a existência.
Quando te habitues ao silêncio, sentir-te-ás luarizado pelas claridades sublimes do amor de Deus e ser-te-á muito fácil a travessia pelas estradas perigosas dos relacionamentos humanos.
Compreenderás que a paz defluente da autoconquista, nada consegue abalar.
Com segurança e serenidade agirás em qualquer circunstância, feliz ou tormentosa, sem desespero, com admirável harmonia.
Torna o silêncio uma necessidade terapêutica, abençoando-te a jornada, ao mesmo tempo em que te propicia alegria de viver.
Desfrutarás de contínua alegria, sem galhofas nem vulgaridades, em situação de bem-estar natural.
São Francisco de Assis buscava o acume dos montes e as cavernas para, em silêncio, ouvir Deus.
Mas, não somente ele.
Todos aqueles que aspiram a plenitude atendem aos deveres do mundo e refugiam-se no silêncio para os colóquios com Deus.
*
A exaustão que te toma o corpo e a mente, o vazio existencial que te visita com frequência, a apatia que te surpreende, a ansiedade que te aturde, são frutos espúrios da turbulência que te atinge.
Busca o silêncio e alcança-O.
Acalma-te e isola-te da multidão, uma e outra vez, e viaja calmamente no rumo do ser que és, e descobrirás tesouros imprevisíveis aguardando-te no interior.
Criado o hábito de incursionar, banhar-te-ás nas claridades refulgentes da palavra de Deus falando-te ao coração.
Não postergues a luminosa experiência, iniciando-a quanto antes.
Joanna de Ângelis.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na sessão mediúnica da noite de 9.2.2015, no
Centro EspÃrita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 1º.11.2024
na sessão mediúnica da noite de 9.2.2015, no
Centro EspÃrita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 1º.11.2024
© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014