O voluntário - Divaldo Pereira Franco
A escritora americana Ruth Stout tinha um grande sonho na vida, uma mensagem que ela anelava oferecer à juventude.

Durante muito tempo ela tentou apresentar aos jovens alunos e conhecidos esse pensamento que lhe parecia uma chave de luz para o êxito existencial.

Ela confessa que, para lográ-lo, escreveu um livro e nele expôs, através de um exemplo, uma técnica de felicidade para a juventude.

Dizia com simplicidade: Quando eu contava 4 anos, morávamos em uma bela residência na Califórnia. Éramos três irmãos. Certa manhã, eu estava na janela do refeitório olhando para o jardim que contornava toda a casa. Notei que, a regular distância, meus dois irmãos choravam. Curiosa, eu corri após saltar a janela para saber a razão daquelas lágrimas, e eles me explicaram que era porque a nossa cadelinha havia morrido e agora teríamos que enterrá-la.

Ela confessou que não gostava muito do animalzinho, porém, comovida com seus irmãos, pôs-se a chorar também.

Naquele momento o seu avô, a quem adorava, aproximou-se, segurou-a pela mão e sugeriu: Venha até a sala de refeições comigo.

Eu o atendi com grande alegria. Quando lá chegamos, ele me levou até a janela onde eu estivera antes e disse: Querida, quero lhe dizer uma coisa para lhe servir de guia por toda a sua vida: desta janela você vê seus irmãozinhos chorando e chora também. No entanto, atrás de você há outra janela aberta, através da qual pode ver a natureza em festa e tudo é alegria. A verdadeira felicidade consiste em quando estivermos na janela da tristeza, lembrarmos que atrás de nós alguém está sorrindo, cabendo-nos abandonar o aborrecimento e passarmos a sorrir. Da mesma forma, quando estivermos na janela da felicidade, recordarmos que atrás de nós existe outra janela aberta por onde podemos ver o sofrimento humano. O nosso comportamento deverá ser sair da alegria exuberante e nos tornarmos solidários à tristeza de quem chora, diminuindo-lhe a dor.

Graças a essa reflexão podemos concluir que todos estamos diante das duas janelas, cabendo-nos o dever voluntário de estar ao lado daquele que chora, levando-lhe a nossa alegria.

A sociedade moderna, com o seu comportamento materialista, está doente.

São poucos os seus membros que estão na janela da alegria.

Cabe-nos o dever de contribuir espontaneamente, voluntariamente, com esse que sofre e apresentar-lhe o medicamento do amor, a fim de que a cura tenha início e a felicidade esteja a caminho.

Nunca nos esqueçamos de que a grande maioria das pessoas que constitui a nossa sociedade está sofrendo e a nós nos cabe o voluntariado da fraternidade.

Você é voluntário em algum serviço do bem ao próximo?

Não esqueça: Alguém está precisando de você. Torne digna e proveitosa a sua vida sendo voluntário.


Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde,
coluna Opinião, em 29.8.2024.
Em 8.11.2024.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014