A bênção da tolerância - Divaldo Pereira Franco
 Quase todos temos a impressão de que o tempo atual é bem diferente daquele a que estávamos acostumados.

A vida moderna, com os seus impositivos impostergáveis e a multiplicação de compromissos que se amontoam, dá a impressão de que o tempo alterou a sua marcha, acelerou a sua passagem.

Programamos uma atividade para uma data que nos parece distante e planejamos começar a atendê-la a partir de qualquer momento, já que há um grande espaço entre o hoje e o novo compromisso. Assim sendo, começamos a postergar o momento de iniciar o trabalho, porque nos parece estar longe. Quando menos esperamos, já o temos à vista, necessitando traçar as linhas básicas de imediato. Ainda aí nos parece que disporemos de ocasião de realizar o programa com suficiente calma e adiamos o seu início, e nova transferência se nos apresenta.

De repente, porém, chega a ocasião, e o tempo escasso está atropelado por outros labores que foram também adiados, vindo o desespero e a realização agitada sem a ponderação e os cuidados que sabíamos ser necessários para uma execução feliz.

Logo exclamamos: Não é possível que já chegou a hora!

Gasta-se muito tempo em discussões inúteis, projetos mal programados, temas destituídos da importância que se lhes dá.

Em consequência, fica-se mal-humorado, cenho carregado, intolerância na convivência com as pessoas e acontecimentos.

Nunca foi tão necessária a tolerância como neste período.

As multidões estão agitadas, inumeráveis pessoas perderam os objetivos essenciais da existência e galopam em projetos e avalanche de ideais, alucinadas, sem se darem conta das condições que enfrentam.

Numa atribulada busca de prazer, resvala em comportamentos alienantes, como se fosse um aparelho de gozo em incessante funcionamento.

A existência física, porém, é um projeto divino, o mais grandioso do Universo, por facultar ao ser pensante o entendimento das Leis que constituem a vida em todas as suas expressões.

Cada etapa ou reencarnação é um marco histórico de aprendizado que o Espírito assinala no seu processo de evolução, desde o ato primitivo até o arcanjo.

Desse modo, torna-se indispensável lapidar a pedra bruta dos sentimentos, a fim de adquirir responsabilidade e beleza, alçando-se na direção do infinito.

Passando por muitas formas e situações, mesmo angustiosas, aprimora-se e adquire percepção do sentido das lutas e aprimoramento das faculdades intelecto morais, que ajudam a superar a dor, o desencanto, o primarismo herdado dos seus períodos iniciais.

Quando se cuida da tolerância, esse sentimento de compreensão de todos, de uns para com os outros, aprendendo a desculpar e entender, alcança-se a consciência cósmica que projeta o ser ao Reino dos Céus.


Divaldo Pereira Franco
Artigo publicado no jornal A Tarde,
coluna Opinião, em 16.11.2023.
Em 20.11.2023

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