Dores e bênção - Joanna de Ângelis
Agradece a dor que te punge o corpo e a alma, pois que ela é bênção de Deus para o teu processo evolutivo.

Que seria do metal se não permitisse que a ardência do fogo lhe desse maleabilidade?

Qual a finalidade do toro de madeira que não sofresse a lâmina aguçada que o fere e arranca do seu imo instrumentos valiosos para a Humanidade?

Que seria da lama desagradável, se recusasse o calor do Sol que a transforma em tijolo, ladrilho, vaso útil?

Assim também sucede com o ser humano, ante os desconfortos proporcionados pelo sofrimento, encarregado da modelagem do Espírito, aformoseando-o para transformá-lo em arcanjo sublime.

Nunca te rebeles, pois, contra a dor. Ela é a benfeitora desconhecida no processo de evolução dos seres. Deixa-se perceber, inicialmente, pelo mal-estar que proporciona, sem pressa no burilamento do ser humano candidato à plenitude.

Onde existe beleza, encontra-se o trabalho de harmonia, no qual se desdobraram páginas de renovação e desgaste, por meio do sofrimento.

Bendize essa amiga detestada por muitos, que somente se apresenta onde seja necessária para o aprimoramento interior do ser humano e a sua perfeição. Todos os seres a experimentam em variados graus de manifestação. No humano, quanto mais dilaceradora, maiores e expressivos são os benefícios que propicia.

A estrela que fulge é matéria em elevada combustão, consumindo-se em temperaturas elevadíssimas.

Se pretendes os patamares da sublimação, não te detenhas nos charcos da ilusão e da comodidade.

Aprende a ascender sob a injunção provacional que te seja imposta pela Vida como tributo ao teu processo de autoiluminação. Ninguém pode ver as estrelas lucilantes se estiverem sob o manto de densa atmosfera.

O canto de elogio à dor não é masoquismo perturbador, mas exaltação ao mecanismo ideal para a superação dos instintos básicos que ainda predominam em a Natureza.

Há dores e dores!
A dor que lapida a pedra bruta tem o objetivo de aprimoramento, enquanto a dor da revolta faz-se empurrão para o abismo da loucura.

Todo aquele que preserva e busca viver o ideal superior experimenta, numa como noutra oportunidade, a luminosa presença do sofrimento que se transforma em vitória, no percurso por onde avança.

Se te perguntarem porque os anjos amorosos permitem que sofras, responde que eles conhecem as razões de resgate dos acumpliciamentos com o crime, ora em recuperação. Se eles retirassem esse laurel de que se utiliza o réprobo, ei-lo na imaturidade seguindo sem rumo.

A dor é mão generosa que guia e braço forte que submete aqueles que necessitam de paz.

Sempre encontrarás razão lúcida para justificar o estilete cortante do sofrimento.

Conhecerás a autenticidade de alguém afeiçoado à verdade pelas condecorações dos sofrimentos experienciados.

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Jesus não rejeitou a traição de Judas, nem a negação de Pedro, que O amavam.

Previu-as, sabia que sucederiam, e não os amou menos.

Abençoou os mais variados sofrimentos sabendo da ingratidão de muitos e, no entanto, a sós prosseguiu intemerato até o fim.

Aqueles que O seguiram com abnegação e fidelidade provaram a taça de fel e de amargura e deram-lhe a vida.

O Seu amor não exige que se sofra para amá-lO. Trata-se de uma consequência da própria decisão.

Enquanto o mundo favorece com mesquinhos resultados de breve duração, Ele proporciona inefável alegria sem tempo nem fim.

A matéria cumpre a elevada missão para a qual foi constituída: permitir que o Espírito execute o ministério da plenitude. Aglutina-se e desagrega-se sob a ação da energia inteligente que a comanda. Contribui para o fim superior ou para complexos mecanismos de depuração.

Desde que encontraste o Mestre Galileu, percebeste singulares fenômenos dolorosos na tua existência. Muitos procuram-nO com a ilusão de libertar-se do aguilhão que se lhes encontra cravado nas carnes da alma. Nem sempre conseguem o anelo e é natural, porque, se lhes for retirado o instrumento ferinte, tombarão no fosso das paixões enlouquecedoras.

Na mediunidade dispões do conhecimento da verdade, na certeza da sobrevivência e nas inebriantes consolações para as aflições que te maceram.

Deves entender, no entanto, que a faculdade é portadora de metodologia santificante para o seu portador.

O denominado calvário dos médiuns realmente tem sentido, por ser via de superação da inferioridade moral.

Por meio dela penetrarás no mundo subjetivo e vivenciarás a vida espiritual que te fascinará, atraindo-te para fruí-la, desde agora, na roupagem orgânica.

Os tempos modernos e acomodatícios, ricos de indolência e futilidade, liberam divertimentos e prazeres variados, evitando testemunhos e devotamento afetivo.

Jesus pede fidelidade e doação, renúncia e abnegação.

Aprende a encontrar essas concessões quando sofras.

Serão fáceis de ser alcançadas, porque, no seu suceder, propiciam venturas e paz insuperáveis.

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Fiel ao objetivo que abraças, não rejeites os testemunhos que te sejam impostos pelas Soberanas leis da Vida.

Aceita-os como qualificação para melhores resultados da tua empresa libertadora.

Acima e além, de quaisquer outras excogitações alegra-te, quando sofrendo, porque esse é o sinal de que estás na trilha certa, no caminho redentor.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na sessão mediúnica da noite de 15.2.2017,
no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 9.10.2023.

© Federação Espírita do Paraná - 20/11/2014